Uma entrevista recente de Enzo Celulari sobre a atuação de pessoas sem formações em produções televisivas repercutiu na web e ganhou o apoio do presidente do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro (Sated-RJ), Hugo Gross.
Ao ver a matéria do filho de Claudia Raia no Instagram da coluna, o ator concordo com o posicionamento do rapaz e aproveitou para alfinetar a TV Globo sobre a participação de influenciadores nas novelas.
“Gostei do posicionamento do Enzo. Realmente, para ser ator tem que estudar e se dedicar muito. Infelizmente, as emissoras de TV, em especial a rede Globo, continua achando que seguidores e influencers irão dar um explosão em audiência, mas isso já foi mais que provado que não”, disparou ele, antes de completar:
“O que realmente vale é o talento, e você só tem estudando e praticando. Espero que isso sirva de exemplo e que esses diretores de elenco parem de escalar quem não possui registro profissional, porque o Sated-RJ estará sempre de olhos abertos para isso e defendendo com unhas e dentes os grandes atores, hoje idosos sem oportunidade, sem o respeito que fez a emissora campeã de audiência!”, encerrou.
A declaração de Enzo Celulari
Enzo Celulari falou sobre os convites que já recebeu para atuar, e explicou o motivo de nunca ter participado de nenhuma proposta. Em entrevista ao podcast Shoes Off, o empresário, que é filho de Claudia Raia e Edson Celulari, deu a sua visão sobre a situação.
“Não é só porque eu tenho seguidor, porque alguém quer me ver ali de forma inédita naquele produto, que eu vou aceitar. Primeiro, que eu não vou me expor dessa forma. Segundo que eu não vou expor o produto a essa forma”, começou ele.
Segundo Enzo, caso ele aceitasse, estaria tirando o direito de alguém que estudou para isso. “Eu tenho respeito pelo ofício, por quem faz isso, escolheu fazer isso, estudou isso”, completou ele.
Sindicato denuncia “panelinha” na Globo
A coluna Fábia Oliveira revelou, em agosto, que o Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro montou um dossiê e apresentou uma denúncia ao Compliance da Globo, a respeito de uma “panelinha” que estaria acontecendo na contratação de atores para as novelas do grupo.
Pois bem. Após a matéria, a entidade recebeu uma carta aberta de um produtor de elenco, como forma de denúncia, à acontecimentos na emissora. A coluna teve acesso ao e-mail, que tem como título “Pedido de ajuda”. Como remetente, um endereço de e-mail ligado à Globo. A identidade da pessoa, no entanto, será preservará.
No texto, o produtor menciona a matéria feita por esta coluna e relatou algumas situações que tem acontecido.
“Nos últimos tempos, tem-se debatido a suposta ‘panelinha’ de Francisco Accioly na TV Globo. No entanto, pouco se discute sobre a dinâmica interna dessa equipe, que, sob a justificativa de gestão ‘criativa’, aparenta operar como um grupo fechado, com práticas que se assemelham a um cartel. As escalações só agradam a ele mesmo. Relatos apontam para uma atmosfera péssima”, diz um trecho da carta aberta.
“O cenário se torna ainda mais preocupante ao se observar o grande número de produtores de elenco que deixaram a emissora e, em seguida, judicializaram suas saídas, processando a TV Globo. Muitos desses ex-funcionários se encontram atualmente sob acompanhamento médico, medicados e demonstram profundo ressentimento em relação à emissora. A ausência de uma investigação formal sobre esses casos é um fator que chama a atenção”, acrescentou.
E continuou: “Situações recentes, diretamente influenciadas pela gestão vigente, exigem uma análise mais aprofundada. O comportamento dos profissionais contratados por Francisco Accioly merece destaque, pois replicam práticas semelhantes. As novas contratações demonstram uma tendência a priorizar indivíduos de sua confiança pessoal, beneficiando-se de esquemas de favorecimento, o que afeta diretamente a saúde mental dos produtores de elenco”.
Na sequência, o produtor perguntou ao Sindicato dos Artistas se a matéria dada por esta coluna era verídica e, então, acrescentou algumas questões sobre as práticas de assédio moral e favorecimento no ambiente de trabalho.
“Práticas como assédio moral e favorecimento no ambiente de trabalho são proibidas pela legislação brasileira. O artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante ao trabalhador o direito de rescindir o contrato de trabalho com indenização caso seja tratado com rigor excessivo ou exposto a ofensas morais. A Lei nº 13.467/2017, que introduziu a reforma trabalhista, reforça a preservação da dignidade no ambiente de trabalho, vedando práticas discriminatórias e de favorecimento. O assédio moral, caracterizado por humilhações e agressões psicológicas recorrentes, é expressamente vedado pela legislação trabalhista brasileira, conforme previsto na CLT e na Constituição Federal, que asseguram a dignidade humana e o direito a condições de trabalho justas e equitativas. Do mesmo modo, o favorecimento desmedido viola os princípios de isonomia e meritocracia, fundamentais para a construção de um ambiente de trabalho ético e saudável”, escreveu.
O produtor de elenco ainda revelou um caso envolvendo uma atriz escalada para a novela Todas as Flores. Segundo ele, a jovem mentiu a respeito sua sua idade e a situação foi confirmada pela própria produtora da novela.
“Outro caso que merece destaque envolve uma jovem atriz escalada para a novela Todas as Flores. A atriz mentiu sobre sua idade, conforme confirmado pela produtora da novela, e, apesar de não atender aos critérios estabelecidos para o papel, foi mantida no projeto. Essa situação levanta questionamentos acerca de possíveis favorecimentos. Informações sugerem que ela foi aceita no elenco com base em alegações falsas, o que reforça as suspeitas sobre o tratamento diferenciado dispensado a determinados artistas. A questão da ingerência empresarial por parte de figuras influentes na emissora também merece uma investigação mais aprofundada”, sugeriu ele.
E finalizou: A recente escalação de atores para produções como Pantanal, Renascer, Rancho Fundo, Verão 90, Órfãos da Terra, Todas as Flores, Os Dias Eram Assim, Nada Será Como Antes, Ligações Perigosas, O Canto da Sereia, O Rebu, Amores Roubados e I Love Paraisópolis também exige uma análise crítica sobre o modus operandi vigente nos processos de escolha de elenco”.
À coluna Fábia Oliveira, Hugo Gross, presidente do Sindicato dos Artistas do Rio, pontuou a seriedade em receber uma denúncia desse tipo, o que reforça a “panelinha” que vem tentando combater dentro da TV Globo.