Antes e logo depois das eleições de 2002, os bem-pensantes imaginaram que Lula subiria a rampa do Palácio do Planalto na condição de refém do PT. Por isso o preço do dólar subiu tanto, a expectativa de inflação ameaçou furar a boca do balão e o chamado risco-Brasil disparou.
Ledo engano. Foi o PT que subiu a rampa do Palácio do Planalto como refém de Lula. Porque foi ele quem ganhou a eleição. O PT perdeu as três eleições anteriores. Foi sob suas próprias condições que Lula saiu candidato.
Para o bem ou para o mal, Lula governa sob suas próprias condições. Quando ele disse que jamais foi de esquerda, metade do mundo abriu a boca surpreso. Nunca foi de fato. Ele usou a esquerda para polir seu discurso e sua biografia.
Uma vez que chegou lá, encheu a esquerda de cargos, cercou-a de mimos e deixou-a provar das tentações que ela sempre condenara na direita. A esquerda virou direita – acomodada, gorda e encantada com as miçangas do poder.
Para se reeleger, Lula montará a maior coalizão que puder montar. E o PT não terá outro jeito a não ser seguir com ele.
(Publicado aqui em 30 de novembro de 2004)