Tanta beleza concentrada em um curto caminho arrebata os visitantes com trechos preservados, muros e pontes de cantarias, e alguns resquícios do calçamento da estrada oficial. Esse é o caminho da Estrada Real, com cerca de 30 quilômetros, que liga os centenários municípios mineiros de Ouro Preto e Ouro Branco, e um pouco além, desemboca nas ladeiras e ruelas de Congonhas.
Na estrada é possível encontrar vestígios do trecho original, dos caminhos coloniais que transportavam ouro, produtos agrícolas, escravos e tropas de bois. Belíssimos elos entre passado e presente com sistemas construtivos que nos remetem àquele período.
O antigo leito da via é carregado de registros históricos e simbólicos. A peculiaridade paisagística é um diferencial para os visitantes. Destacam-se a Ponte Água Espraiada, a Ponte do Calixto ou da Alegria, a Ponte da Caveira, a Curva do “S” – em continuação à ponte do Calixto, no antigo leito da estrada, o trecho do leito original próximo à Serra de Ouro Branco.
No percurso, alguns povoados localizados nas proximidades da via encantam pela beleza cênica. Chapada, Lavras Novas, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Salto, Cristais e Itatiaia, distrito onde está a Igreja Matriz de Santo Antônio, uma das mais antigas de Minas Gerais, tombada como Patrimônio Histórico Nacional. Sua construção teve início em 1717 com clara influência de Aleijadinho em sua fachada e pinturas de Mestre Ataíde no forro interno.
Um verdadeiro convite para se perder no tempo e na história. Contemplar a arquitetura típica da região (sistemas construtivos de pau-a-pique e adobe), visitar igrejas e capelas históricas, experimentar a topografia diversificada – às vezes plana e às vezes montanhosa, causando diversas sensações aos que por ali passam, observar a produção de artesanato, passear pelas riquezas naturais como serras, cachoeiras, córregos e vegetação expressivas.
Ouro Branco
Rodeada pela Serra de Ouro Branco, a 100km de Belo Horizonte, fica Ouro Branco. Cidade histórica de Minas Gerais que faz parte do Circuito do Ouro e da rota colonial conhecida como Estrada Real. A cidade foi uma das mais antigas freguesias de Minas e ainda hoje conta com importantes construções remanescentes do século XVIII, sobressaindo por entre as montanhas.
Parque Estadual da Serra do Ouro Branco: No século XVIII era também conhecida como Serra do Deus-te-livre, em razão dos saques feitos por escravos fugitivos aos viajantes da Estrada Real e devido à dificuldade de travessia. A Serra do Ouro Branco é o marco inicial sul da Cadeia do Espinhaço. Abriga alguns dos ecossistemas mais ricos do mundo, os campos rupestres.
O Parque Estadual da Serra do Ouro Branco é uma importante área de recarga das Bacias dos Rios Paraopeba e Doce, além de apresentar nascentes e cursos d’água, que, na maioria, formam o Lago Soledade. O maciço guarda sítios arqueológicos do caminho velho e do novo da Estrada Real, além de fazendas centenárias e diversos casarios da época.
Capela Nossa Senhora Aparecida do Alto da Serra: A capela foi edificada como pagamento de graça concedida à mãe do sr. Nego Ferreira, que reuniu esforços junto à comunidade e ergueu a capela em 1959. A partir dessa data a capela passou a ser destino de peregrinações e local de procissões e festas religiosas, dando origem à Festa da Serra.
Itatiaia – Monumento Natural Estadual de Itatiaia: Belíssimas paisagens, cachoeiras e uma diversidade imensa de flora, a Serra de Itatiaia é uma área de grande diversidade biológica. Importantíssima, abriga endemismos de flora rupestre nos afloramentos rochosos e alta relevância na cadeia do espinhaço, demonstra ainda riqueza de fauna e de outros elementos da flora. Beleza cênica e paisagística, sítios de importância histórica e abrigo de um acervo fantástico de ruínas do ciclo do ouro.
Se considerarmos a chegada dos primeiros Bandeirantes, Borba Gato ficou uma temporada em Itatiaia para plantação de grãos e pesquisas minerais, em 1675.
Casarões históricos: O Centro Histórico de Ouro Branco possui casarões do século XVIII, com arquitetura colonial, entre eles, a antiga casa paroquial. Conforme inscrição em pedra no local, a construção foi concluída em 1759.
Rota das Artes: Ouro Branco integra também a Rota das Artes, anunciada em novembro de 2023 durante o 35ª Festuris, em Gramado.
As rotas valorizam os territórios, os ingredientes locais, os patrimônios históricos, a arte moderna e contemporânea, além da cozinha mineira.
Além de Ouro Branco, fazem parte da Rota das Artes: Belo Horizonte, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Brumadinho, Congonhas, Ouro Preto e Mariana. Cada um oferece experiências únicas como o Restaurante Sebastião, em Ouro Preto, e a Cerâmica Saramenha, em Ouro Branco.
Vale ressaltar que Minas Gerais concentra 60% do patrimônio tombado nacional, é dono de quatro sítios históricos considerados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade: o Centro Histórico de Diamantina, o Conjunto Arquitetônico Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, a cidade de Ouro Preto e o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Os dois últimos, ressaltados na Rota das Artes.