A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lança, nesta sexta-feira (12/4), novas diretrizes para o diagnóstico da hipertensão. A principal recomendação é que os médicos não usem apenas a medição feita no consultório para definir se um paciente é hipertenso, mas avaliem também as medições feitas longe do ambiente hospitalar.
Para algumas pessoas, estar diante de um médico pode ser um momento tenso. A expectativa por resultados de exames é um fator de estresse, que pode causar alterações no ritmo cardíaco e na pressão arterial dentro do consultório. Esta situação, conhecida como hipertensão do avental branco (HAB), pode levar a diagnósticos errados e uso desnecessário de medicações.
Por isso, as novas Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório apontam que o diagnóstico final deve se basear também no exame de monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) ou na monitorização residencial da pressão arterial (MRPA).
“A grande novidade do documento é falar sobre a importância da medida da pressão fora do consultório, quer seja pelo Mapa ou por MRPA. Estudos mostram que a melhor medida não é a feita em consultório, pelo médico, porque ela pode levar à reação de alarme do paciente, resultando em um diagnóstico de hipertensão que não é real”, afirma o médico Audes Feitosa, coordenador da diretriz e membro do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O documento é um trabalho feito em conjunto por 67 profissionais que estão entre os principais especialistas do país. O resultado foi apresentado nesta sexta-feira, no 1° Encontro de Departamentos da Cardiologia, realizado em São Paulo.
A hipertensão é um dos principais fatores para a doença arterial coronária, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.
Estima-se que aproximadamente um quinto da população brasileira (24%) seja hipertensa. A prevalência é maior entre as mulheres (26,4%) em relação aos homens (21%), segundo dados do relatório Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2023.
Ao fazer um recorte da prevalência por faixa etária, observou-se que 61% dos idosos convivem com hipertensão. Por outro lado, apenas 10% das crianças e adolescentes são diagnosticados com a doença.
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De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), doenças cardiovasculares são algumas das principais causas de mortes no Brasil. Segundo a instituição, a maioria dos óbitos poderiam ser evitados ou postergados com cuidados preventivos e medidas terapêuticas
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Para a SBC, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças do coração podem ser o suficientes para reverter quadros graves. Para isso, é necessário saber identificar os principais sintomas de problemas cardiovasculares e tratá-los, caso apresente algum deles
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Dentre as doenças cardiovasculares que mais fazem vítimas fatais, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) se destaca. Ele é causado devido à presença de placas de gordura que entopem os vasos sanguíneos cerebrais. Entre os sintomas estão: dificuldade para falar, tontura, dificuldade para engolir, fraqueza de um lado do corpo, entre outros
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Imagem ilustrativa de pessoa com dor no peito
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A cardiomiopatia é outra grave doença que acomete o coração. A enfermidade, que deixa o músculo cardíaco inflamado e inchado, pode enfraquecer o coração a ponto de ser necessário realizar transplante. Entre os sintomas da doença estão: fraqueza frequente, inchaços e fadiga
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O infarto do miocárdio acontece quando o fluxo sanguíneo no músculo miocárdio é interrompido por longo período. A ausência do sangue na região pode causar sérios problemas e até a morte do tecido. Obesidade, cigarro, colesterol alto e tendência genética podem causar a doença. Entre os sintomas estão: dor no peito que dura 20 minutos, formigamento no braço, queimação no peito, etc.
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Uma das doenças do coração mais comuns, e grave é a insuficiência cardíaca. Ela é caracterizada pela incapacidade do coração de bombear o sangue para o organismo. A enfermidade provoca fadiga, dificuldade para respirar, fraqueza, etc. Entre as principais causas da enfermidade estão: infecções, diabetes, hábitos não saudáveis, etc.
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A doença arterial periférica, assim como a maioria das doenças do coração, é provocada pela formação de placas de gordura e outras substâncias nas artérias que levam o sangue para membros inferiores do corpo, como pés e pernas. Colesterol alto e tabagismo contribuem para o problema. Entre os sintomas estão: feridas que não cicatrizam, disfunção erétil e inchaços no corpo
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Causada por bactérias, fungos ou vírus de outras partes do corpo que migram para o coração e infeccionam o endocárdio, a endocardite é uma doença que pode causar calafrios, febre e fadigas. O tratamento da doença dependerá do quadro do paciente e, algumas vezes, a cirurgia pode ser indicada
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Causada devido à inflamação de outros músculos cárdicos, a miocardite pode causar enfraquecimento do coração, frequência cardíaca anormal e morte súbita. Dores no peito, falta de ar e batimentos cardíacos anormais são alguns dos principais sintomas
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Além dos sintomas comuns de cada uma das doenças cardiovasculares, cansaço excessivo sem motivo aparente, enjoo ou perda do apetite, dificuldade em respirar, inchaços, calafrio, tonturas, desmaio, taquicardia e tosse persistente podem ser sinais de problemas no coração
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Segundo a cartilha de Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), apesar de alguns casos específicos, é possível prevenir problemas no coração mantendo bons hábitos alimentares, praticando exercícios físicos e cuidando da mente
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Monitoramento da pressão arterial em casa
O Mapa é um exame com duração de 24 horas que faz a medição automática da pressão arterial do paciente ao longo do dia. Ele é feito por meio de um dispositivo colocado na cintura, conectado por um tubo de plástico fino a uma braçadeira.
Já no MRPA, o próprio paciente faz as medições da pressão arterial em casa, de manhã e à noite, durante cinco dias, com um aparelho de pressão automático fornecido pelo médico.
A utilização destas técnicas e equipamentos auxiliam na elaboração de um diagnóstico mais complexo e assertivo, detectando variações comuns como a hipertensão do avental branco (HAB), hipertensão mascarada (HM), alterações da pressão arterial no sono e hipertensão arterial resistente (HAR), condições não detectadas com acompanhamento restrito aos consultórios
Embora o novo modelo pareça mais complicado ou custoso à primeira vista, Feitosa ressalta que estudos do mundo inteiro mostram os benefícios de aferir a pressão arterial do paciente fora do consultório, com melhor custo benefício e efetividade a longo prazo. “Sai mais barato fazer o Mapa ou o MRPA do que fazer um tratamento equivocado, que leva o paciente a ter efeitos colaterais de uma medicação desnecessária, sem ter benefícios do tratamento”, explica o médico.
Novo parâmetro para hipertensão
Os autores das diretrizes também redefiniram o valor de referência da pressão arterial no exame MRPA para diagnosticar uma pessoa com hipertensão. O valor mínimo considerado alterado caiu de 135 por 85 mmHg para para 130 por 80 mmHg, a mesma do Mapa.
O valor de referência da medida em consultório continua a mesma, classificando 140 por 90 mmHg, ou “14 por 9” como hipertensão de estágio 1.
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