A Presidência da República e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) têm, juntos, 11 contratos em andamento com a R7 Facilities. Funcionários da empresa são investigados após a fuga inédita de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró, no dia 14 de fevereiro.
Além da obra na telhado do presídio de Mossoró, por onde Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça conseguiram escapar, a R7 Facilities presta serviços para MJSP em mais oito contratos. No total, vai receber R$ 34,6 milhões do ministério até junho de 2026, quando termina o último compromisso com o MJSP.
Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, fugitivos do presídio federal de Mossoró
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Buscas pelos fugitivos da penitenciária de Mossoró
Camisa de um dos procurados pela polícia após fugir do presídio federal de Mossoró
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Presos que fugiram da penitenciária de Mossoró são “matadores” do CV
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Reprodução/Depen
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Entre os contratos com o MJSP, está o serviço de apoio administrativo na Penitenciária Federal de Brasília no valor de R$ 2 milhões, três contratos no valor total de R$ 6,8 milhões para prestação de serviços à Polícia Federal e o fornecimento de mão de obra nas atividades de secretário executivo e técnico em secretariado na sede da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), no valor de R$ 2,6 milhões.
A maioria dos contratos entre o MJSP e a R7 Facilities tem sua vigência até 2024. O mais longo deles, firmado em dezembro de 2023 e válido até junho de 2026, é também o de maior valor. Serão R$ 18,8 milhões para reforma do prédio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
Entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2024, a R7 Facilities recebeu R$ 150 milhões em serviços prestados a órgãos do governo federal. Do MJSP, foram R$ 11,6 milhões. Somente em janeiro e fevereiro deste ano, o ministério pagou à empresa R$ 1,1 milhão.
A própria Presidência da República tem dois contratos vigentes com a R7 Facilities, que totalizam R$ 5,8 milhões. O mais antigo foi firmado em junho de 2023 e se estende até junho deste ano. A contratação foi feita por meio do Fundo de Imprensa Nacional e prevê uma despesa de de R$ 2,9 milhões na manutenção da infraestrutura, de sistemas elétricos e eletrônicos, proteção contra descargas elétricas, climatização e outros serviços nas edificações da Impresa Nacional.
O outro contrato firmado entre a empresa e a Secretaria Especial de Administração da Presidência da República foi assinado em dezembro do ano passado, com vigência de um ano. Ele estabelece a prestação de “serviços continuados de engenharia na melhoria contínua, estudo, planejamento, desenvolvimento, execução, acompanhamento e fiscalização de projetos e serviços de engenharia, com disponibilização de mão de obra em regime de dedicação exclusiva” para a Presidência.
Os contratos entre a R7 Facilities e o governo federal começaram a aparecer em 2016. Até 2018, a empresa recebia pagamentos mensais que variaram de R$ 14 mil a R$ 640 mil pela prestação de serviços. O primeiro mês em que a empresa faturou mais de R$ 1 milhão com o governo federal foi fevereiro de 2019.
A partir de 2020, a R7 Facilities passou a receber valores mensais que iam de R$ 1,8 milhões a R$ 9 milhões. Em maio de 2023, a empresa recebeu R$ 14,7 milhões do governo federal e, em dezembro, R$ 23,6 milhões. Em janeiro deste ano, os pagamentos chegaram a R$ 5,9 milhões e, em fevereiro, a R$ 9,6 milhões em contratos com o governo federal.
A R7 Facilities é a empresa responsável pela obra no telhado da Penitenciária Federal de Mossoró. No dia 14 de fevereiro, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça usaram um buraco na luminária de uma das celas para alcançar o telhado e fugir.
A empresa é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por um suposto esquema de “laranjas”, e a Polícia Federal apura se funcionários da empresa facilitaram a fuga dos detentos.
Os fugitivos são ligados ao Comando Vermelho, facção do traficante Fernandinho Beira-Mar. Eles haviam sido transferidos do Acre para Mossoró em setembro de 2023 por terem participado de uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos. Eles ainda não foram localizados e seus nomes foram incluídos na lista de foragidos da Interpol.