“Me venceram pelo cansaço”, lamentou a pedagoga Estafany Caroline (foto em destaque), de 29 anos, após não conseguir atendimento para o sobrinho, Pietro, de 2 meses, no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na manhã dessa sexta-feira (22/3). Nesta semana, o Metrópoles acompanhou o calvário de famílias na fila por socorro na unidade de referência para crianças. Algumas, acompanhadas dos pais, chegaram a esperar quase 24 horas por uma consulta.
Estafany procurou atendimento na noite de quinta-feira (21/3), após Pietro apresentar muita febre e dor no corpo. “Como tem apenas 2 meses, não pode medicar com qualquer coisa, então, precisaríamos passar pelo pediatra”, explicou. Após 10 horas de espera, a pedagoga desistiu.
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Mariana da Silva Fernandes, 26, aguarda por horas o atendimento da filha Heloísa
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Crianças e bebês doentes esperam por horas em hospital
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Em corredor de hospital e em fila, pacientes aguardam
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Com 3 meses, Heloísa aguarda há mais de 12 horas
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Pais esperam na parte de fora do hospital
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Hospital informa que só vai atender pacientes com pulseira vermelha
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Hospital
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Por dias, pais aguardam atendimento
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Pais esperam por atendimento
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Pais não sabem quando filhos serão atendidos no Hmib
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Hospital Materno Infantil (Hmib)
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Ao meio-dia de quinta-feira, Mariana da Silva Fernandes chegou com a filha Heloísa Victoria Fernandes da Silva, 3 meses, ao Hmib. A criança tinha sintomas de bronquiolite. “Independentemente da doença, são crianças e precisam ser atendidas”, afirmou. A bebê só conseguiu passar pelo médico às 11h30 de sexta-feira. Foram quase 24 horas de espera. “Minha filha foi direto para o oxigênio, está nos aparelhos. Está intubada. Estabilizou, mas toda hora tem queda de saturação”, lamentou.
Desde quarta-feira (20/3), a agente de crédito Leide Pereira Lacerda, 32, batalhava por atendimento para o filho, Fernando Lacerda Maia, 8. O menino tinha desmaios, dor no ouvido e dormência nas mãos. “Não tem como aceitar essa demora no atendimento das crianças. É inaceitável”, disparou. Após diversas idas e vindas com a porta fechada, o garoto desmaiou no pronto-socorro na tarde de quinta-feira.
Menino desmaia:
Sem conseguir atendimento, Maria Eduarda Coutinho de Aguiar, 7, chorou em frente ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na noite de quarta. “Fiquei desesperado, saí de mim. Não tinha o que fazer” lembrou o pai da menina, Cleidmarcos Santos de Aguiar, 49, operador de máquinas. A pequena só conseguiu atendimento na quinta.
Veja:
Após passar por diversas unidades da rede pública de saúde, sem conseguir atendimento, o gari Samuel Alves Teixeira, de 31 anos, levou a filha Sophia Teixeira de Sousa, 2, ao Hmib. A menina apresentava febre e dores. A família tentou atendimento na quarta, mas sem sucesso. O trabalhador ficou com o coração aflito, afinal a menina não apresentava sinal de melhora. Voltaram às 14h de quinta e a menina só foi atendida às 13h20 de sexta.
Tumulto
Pais chegaram a questionar a possível exclusão dos nomes das crianças do sistema de atendimento. “Adulto, a gente espera, mas são crianças”, desabafou uma mãe. Durante a madrugada de sexta-feira, houve tumulto e protestos. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi chamada para acalmar os ânimos.
PM apazigua ânimos no Hmib
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde, responsável pelo Hmib e por toda a rede pública. A pasta argumentou que a unidade está com alta demanda.
Leia a nota completa:
“A Secretaria de Saúde informa que o HMIB está com alta demanda. Ressaltamos que, devido o início da sazonalidade das doenças respiratórias da pediatria, além dos casos de dengue, aumentou a busca por atendimento pediátrico.
O HMIB não tem medido esforços para oferecer o melhor acolhimento e assistência aos pacientes e tem mantido pacientes/acompanhantes informados acerca da situação dos atendimentos.
Hoje (22) à tarde, o plantão conta três médicos, sendo dois deles atendendo os casos graves e um médico atendendo os casos de classificação laranja. Na rota rápida, o atendimento segue sendo realizado para a classificação amarela, conforme normativa da Secretaria de Saúde.”