HC de Ribeirão Preto retoma transplante entre vivos e faz cirurgia de rim em mãe e filho

Procedimento aconteceu na segunda-feira (22), após dois anos de espera: ‘Surpresa de ser compatível’, diz Fratiane Ferreira Dias, mãe da criança. Mãe doa rim para filho de 9 anos em Ribeirão Preto
Três anos após suspender o transplante entre vivos por conta da pandemia de Covid-19, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) retomou o procedimento na segunda-feira (22), com a cirurgia de Marcos Taylor Ferreira Dias, de 9 anos, que recebeu o rim da mãe, Fratiane Ferreira Dias, de 42.
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A criança nasceu com uma doença renal crônica, descoberta ainda na gravidez, e aguardava pelo órgão da mãe há, pelo menos, dois anos, quando os testes de compatibilidade começaram a ser feitos.
“Quando eu tive a surpresa de ser compatível, fiquei muito feliz. E aí o doutor Ivan [Machado, nefrologista da criança] me acalentou, me acalmou e me disse ‘vamos fazer de tudo para dar certo'”.
Fratiane Ferreira Dias e o filho Marcos: mãe doou rim para menino de 9 anos em Ribeirão Preto, SP
Luciano Tolentino/EPTV
Mãe e filho passam bem e se recuperam da cirurgia ainda no hospital. Antes da alta, os dois passarão por exames e o menino seguirá sendo acompanhado por médicos.
“Foram dois anos de preparação e o transplante foi na segunda-feira. A creatinina [substância que regula o funcionamento dos rins] dele voltou ao normal de um dia para o outro”, explica o urologista Carlos Molina, membro da equipe responsável pelo transplante.
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A expectativa da equipe médica agora é pela alta da criança, que deve ocorrer em até 14 dias, segundo o nefrologista pediátrico Ivan Machado, do Hospital das Clínicas.
“Sai da UTI, não precisa mais de cuidados intensivos, vai pra enfermaria. Geralmente, fica internado por volta de 10 e 14 dias e depois, várias consultas no consultório, porque a gente considera que não é a cura da doença renal crônica, mas é um ótimo tratamento”.
UTI Pediátrica do HC de Ribeirão Preto, SP
Luciano Tolentino/EPTV
Compatibilidade alta
Fratiane descobriu que poderia doar um rim ao filho após levantar a hipótese durante uma consulta em que o médico avaliava a piora do estado do menino.
“Ele estava falando das dificuldades que a gente estava enfrentando no tratamento, porque o Marquinhos estava piorando e eu falei assim ‘não tem como eu ajudar?’ E ele falou ‘é um caso que dá pra estudar, a gente vai ver se tem como. Se for possível, a gente vai fazer sim’. E aí começou, foi um trabalho muito demorado, muito bem feito, muito bem estudado”.
Fratiane Ferreira Dias passa por cirurgia para doar rim ao filho no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Marcos nasceu com uma mal formação do trato urinário e precisou esperar por anos até que a possibilidade de um transplante pudesse ser considerada.
“A gente tem de ter certeza que a bexiga dele está preparada para receber um transplante, as vacinas tem de estar todas atualizadas. Então, antes do transplante, a gente tem de garantir que isso tudo esteja já 100% perfeito”, explica Ivan.
Nefrologista de Fratiane, Tábata Assis foi uma das médicas responsáveis por checar compatibilidade entre mãe e filho.
“A gente faz todo um preparo pré-cirúrgico, avalia vários pontos. Primeiro, a compatibilidade, que é importante. Precisa ter uma compatibilidade da tipagem sanguínea, da tipagem ABO. Também tem compatibilidade genética, que tem menor risco de rejeição. E a gente precisa também verificar a motivação, o que levou a essa doação, se é uma questão altruísta, se tem algum outro ponto envolvido, pra garantir que seja um processo saudável em todos os sentidos”.
Retomada necessária
O primeiro transplante entre vivos após um hiato de três anos animou a equipe médica, que se prepara para retomar outros procedimentos similares.
“O doador vivo tem vantagens para a sobrevida, para a vida útil desse rim. É programado, planejado com a equipe que vem seguindo o paciente, então tem várias vantagens para o doador vivo. Com a mãe manifestando interesse, a gente tentou ao máximo o doador vivo, e estamos felizes que deu tudo certo”, diz Ivan Machado.
Para o urologista Silvio Tucci Junior, também membro da equipe envolvida no transplante, a importância do processo se dá, principalmente, por conta do número de pessoas em diálise na região de Ribeirão Preto.
“A retomada é necessária, porque o número de pessoas em diálise, hemodiálise, passa de mil. Desses, muitos são possíveis receptores de rim”.
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