Fósseis revelam conteúdo de última refeição de Tiranossauro

Os cientistas afirmam que a preservação do animal – e das pequenas criaturas que ele comeu – lança uma nova luz sobre como esses grandes predadores viviam. Os cientistas Darla Zelenitsky e François Therrien com o fóssil completo do tiranossauro
Royal Tyrell Meseum of Palaeontology/BBC
A última refeição de um tiranossauro de 75 milhões de anos foi revelada por cientistas em um estudo recente: o gigante comeu dois bebês dinossauros antes de morrer.
Os pesquisadores afirmam que a preservação do animal – e das pequenas criaturas que ele comeu – lança uma nova luz sobre como esses predadores viviam.
“É uma evidência sólida de que os tiranossauros mudaram drasticamente a sua dieta à medida que cresciam”, diz Darla Zelenitsky, da Universidade de Calgary, no Canadá.
O espécime é um gorgossauro juvenil – um primo próximo do gigante T. rex, o famoso Tyrannosaurus rex.
Este Gorgossaurus em particular tinha cerca de sete anos de idade – equivalente a um adolescente em termos de desenvolvimento. Ele pesava cerca de 330 kg quando morreu – por volta de um décimo do peso de um animal adulto.
Os membros posteriores de dois pequenos dinossauros parecidos com pássaros, chamados citipes, são visíveis abaixo da caixa torácica do gorgossauro.
“Sabemos agora que estes [tiranossauros] adolescentes caçavam dinossauros pequenos e jovens”, diz Zelenitsky, um dos principais cientistas do estudo publicado na revista Science Advances.
Uma série de evidências fósseis anteriores, incluindo marcas de mordidas nos ossos de dinossauros maiores que correspondem aos dentes dos tiranossauros, permitiram aos cientistas construir uma imagem de como os gorgossaurus adultos de três toneladas atacavam e comiam grandes dinossauros herbívoros que viviam em rebanhos.
François Therrien, do Museu Real de Paleontologia de Tyrell, descreveu estes tiranossauros adultos como “comedores bastante indiscriminados”. Eles provavelmente atacaram presas grandes, “mordendo ossos e raspando carne”, diz Therrien.
Mas, acrescentou Zelenitsky, “estes tiranossauros menores e imaturos provavelmente não estavam prontos para saltar para um grupo de dinossauros com chifres, que pesavam milhares de quilos quando estavam adultos”.
O gorgossauro ‘adolescente’ teria perseguido pequenos terápodes e os ‘dissecado’ com seus dentes em forma de lâmina
Royal Tyrell Meseum of Palaeontology/BBC
Caixa torácica
O fóssil foi originalmente descoberto em Alberta Badlands em 2009 – um ponto de acesso para caçadores de dinossauros no Canadá.
Sepultado na rocha, o fóssil levou anos para ser preparado para o estudo científico.
Na época da descoberta, não havia ficado claro que havia uma presa lá dentro. A equipe do Museu Real de Paleontologia Tyrell de Alberta finalmente notou pequenos ossos dos pés saindo da caixa torácica.
“A rocha dentro da caixa torácica foi removida para expor o que estava escondido dentro”, explicou Therrien, que também atuou no estudo. “E vejam só, as patas traseiras completas de dois bebês dinossauros, ambos com menos de um ano de idade.”
Zelenitsky disse que encontrar só as pernas dos bebês sugere que este gorgossauro adolescente “parece ter preferido essa parte do corpo provavelmente porque ela era mais carnuda”.
O Gorgossaurus é uma espécie um pouco menor e mais antiga que o T. rex. Totalmente crescidos, eles eram “grandes e corpulentos tiranossauros”, segundo Therrien.
Eles se transformavam à medida que amadureciam. “Os menores eram muito mais leves, com pernas mais longas e dentes muito parecidos com lâminas”, explicou o cientista. “Os dentes dos adultos eram muito mais redondos, nós os chamamos de ‘bananas assassinas’. Este espécime é único, é a prova física da estratégia alimentar muito diferente dos mais novos”, diz.
O crânio do tiranossauro e os dentes em forma de lâmina
Julius Csotonyi/BBC
Enquanto os adultos mordiam e raspavam a carne com seus poderosos dentes de “banana assassina”, “este animal selecionava e até dissecava suas presas, arrancando-lhes as patas e engolindo-as inteiras”.
O professor Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo e do Museu Nacional da Escócia, disse que ver presas nas entranhas dos dinossauros deu uma visão real dos animais: “Eles não eram apenas monstros, eram coisas reais, vivas e bonitas. Eram caçadores sofisticados.”
Relembrando uma representação do T. rex no filme Jurassic Park de 1993 – quando o dinossauro gigante persegue um carro pelo parque temático fictício – Brusatte acrescentou: “Um grande T. rex adulto não teria perseguido um carro. Se houvesse carros ou jipes naquela época, o dinossauro não conseguiria se mover tão rápido porque seu corpo era muito grande.”
“Seriam os jovens, os filhos do T. rex, que você teria que ficar de olho.”

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