Aliados de Jair Bolsonaro reagiram à revelação de que o gabinete de Alexandre de Moraes no STF teria ordenado por mensagens de WhatsApp, e não de forma oficial, a produção de relatórios pelo TSE para embasar decisões do ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news.
O caso foi revelado nesta terça-feira (13/8) pelo jornal Folha de S. Paulo. O veículo diz ter tido acesso a troca de mensagens entre Moraes e assessores entre agosto de 2022, já durante a campanha eleitoral, e maio de 2023, período em que o ministro presidia o Tribunal Superior Eleitoral.
As mensagens, de acordo com o jornal, revelam um fluxo fora do rito envolvendo o STF e o TSE. Nesse caso, o órgão de combate à desinformação da Corte Eleitoral seria usado para investigar e abastecer um inquérito que tramita em outro tribumal, o Supremo, em assuntos relacionados ou não com o pleito de 2022.
Bolsonaristas apelidaram a revelação jocosamente de “Vaza-Jato do Xandão”. Trata-se de em uma referência ao vazamento de conversas do Telegram entre Sergio Moro e outros integrantes da Lava Jato, mostrando que o então juiz cedeu informação privilegiada e ajudou o Ministério Público Federal a construir casos.
“Esse caso me parece uma ‘Vaza-Jato do Xandão’, só que aqui o Xandão seria o Moro e o TSE, o Ministério Público”, avaliou à coluna, sob reserva, um auxiliar de Bolsonaro.
Um dos citados na matéria, o economista e blogueiro Paulo Figueiredo também se referiu ao caso como “”Vaza-Jato do Xandão”. “Acabo de ler a reportagem bombástica da Folha de S.Paulo, assinada pelo jornalista renomado Glenn Greenwald, que já está sendo chamada de ‘Vaza-Jato do Xandão’”, disse ele em nota.
O jornal Folha de S. Paulo informa na reportagem, entretanto, que obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, e não por interceptação ilegal ou acesso hacker. como ocorreu no caso da Vaza Jato de Moro.
“Abin paralela do Xandão”
Entre bolsonaristas, também houve quem chamasse a revelação jocosamente de a “Abin paralela do Xandão”. O apelo é uma referência ao esquema de monitoramento ilegal de autoridades e adversários de Bolsonaro pela Agência Brasileira de Inteligência durante o governo do ex-presidente.
Procurada oficialmente pela coluna, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que não vai se manifestar, por ora, sobre o assunto. O ex-mandatário, segundo apurou a coluna, também foi orientado por seus advogados a não comentar o tema por enquanto. Moraes, por sua vez, também não se manifestou.
Senadores falam em TSE paralelo
Senadores bolsonaristas também reagiram à reportagem e defenderam a necessidade de investigar o caso. “TSE PARALELO? (sic): Democracia relativa e concentração de poderes totalitários e a margem da lei sendo finalmente revelados. Vamos a fundo nisso”, escreveu no “X” o líder do PL na Casa, Carlos Portinho (RJ).
Na atual legislatura, iniciada em 2023, já há pelo menos quatro pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes protocolados no Senado. Nenhum deles por senadores, que, de acordo com a Constituição, têm a prerrogativa de cobrar e até mesmo cassar o mandato de ministros do STF.