Azeite de abacate: produtor em Cajuru, SP, reaproveita 500 toneladas da fruta que seriam descartadas

Desperdício na lavoura virou oportunidade de negócio na família de José Carlos Gonçalves. Óleo extraído ainda é utilizado na produção de cosméticos, sabonetes e shampoo. Família de agricultores de Cajuru reaproveita abacates como azeite e cosmético
Na fazenda gerida pelo engenheiro agrônomo e produtor rural José Carlos Gonçalves em Cajuru (SP), a palavra de ordem é sustentabilidade. Foi justamente a ideia de minimizar o desperdício na lavoura que levou a propriedade a inovar com a produção de azeite de abacate.
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Cerca de 500 toneladas da fruta que eram descartadas por ano passaram a ser processadas em uma fábrica montada em São Sebastião do Paraíso (MG) e que ainda diversifica a produção fazendo cosméticos.
O negócio deu tão certo que os produtos vendidos no Brasil já começam a ganhar outros mercados, como Japão e Paraguai.
O produtor rural José Carlos Gonçalves segura abacate produzido em Cajuru, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Novidade no cafezal
Em 1980, José Carlos já cultivava café quando decidiu plantar abacate no mesmo terreno. Foi uma tentativa de recuperar o solo já desgastado e de diversificar a produção da fazenda.
“Entrei no abacate consorciando com o café e os resultados foram muito bons porque eu faço uma composição de duas plantas que mantêm o solo protegido, de sombra, erosão, de tudo. E o abacate, na entressafra que vai de agosto e setembro até novembro dezembro, ele atinge picos de preço muito ruim no Brasil, então eu perguntei por que não consorciar o café com o abacate? Eu trabalharia até agosto/setembro na colheita do café e, posteriormente, passaria para o abacate. Deu muito certo isso”, diz.
A propriedade de 270 hectares em Cajuru ganhou uma paisagem diferente no meio de uma região totalmente focada no cultivo do café. A iniciativa ainda foi considerada ousada já que, na época, o abacate tinha fama de ser de ser fonte de gordura ruim.
“Ele era um bichinho feio, o vilão, era tido como gordura que entupia a artéria do coração. Mas as coisas mudaram e hoje sabe-se que é uma das melhores fontes de luteína, glutationa, e, para o colágeno da pele humana, não tem óleo melhor do que o do abacate”, afirma José Carlos.
O pomar de abacate (à esquerda) e a lavoura de café (à direita) na fazenda em Cajuru, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV

Mas o pomar não só ajudou o solo como fez da fazenda uma das maiores produtoras de abacate do país. De Cajuru e das outras seis propriedades da família saem de duas a quatro mil toneladas de fruta por ano, que abastecem do Rio Grande do Sul ao Amazonas.
Desperdício e oportunidade
Por anos, o abacate foi produzido visando apenas o mercado nacional para consumo alimentício, mas a perda era considerada grande porque as frutas que não chegavam ao tamanho ideal ou não tinham a aparência perfeita para venda in natura eram descartadas.
Uma proposta feita pelo filho de José Carlos acabou virando um divisor de águas e foi aí que teve início a produção do azeite de abacate.
“Um dia conversando com meu filho, ele falou: ‘o senhor tem ideia, pai, de quantas toneladas de abacate nós perdemos esse ano?’. Eu falei que não tinha. Ele disse: “mais de 500 toneladas. Vamos tentar aproveitar esse abacate?’. Aí nós pensamos na indústria e eu meti a cara. Ele cuidava da parte de construção, de engenharia civil, e eu ia trás de tecnologia”, diz.
Abacate produzido em Cajuru, SP, é processado em fábrica em São Sebastião do Paraíso, MG
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Inovação
Há dez anos, a família montou uma indústria há 70 km de Cajuru, em São Sebastião do Paraíso. No local, os abacates são selecionados e processados.
Após a higienização, as frutas passam por uma máquina para separação da polpa, de onde são extraídas uma água rica em nutrientes e o óleo. A gordura precisa descansar até atingir o ponto perfeito. Cerca de mil litros por dia são obtidos do processamento.
De acordo com o químico industrial Hugo Braghini Castro Souza, o óleo ainda precisa passar por análises de qualidade, que são feitas no laboratório da indústria. O que não serve como azeite extravirgem vira matéria-prima para cosméticos e sabonetes.
“A partir da quantidade de reagente que eu gasto é onde eu vou definir se ele vai ser para o consumo alimentício, se vai ser destinado para fins cosméticos ou se vai ser destinado para a nossa fábrica de saboaria, sabonete e shampoo sólido”, diz Hugo.
Azeite de abacate produzido por família de Cajuru, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
O químico destaca as propriedades do azeite de abacate que fazem bem à saúde.
“O principal é a vitamina E é o princípio antioxidativo dela. Além de fazer muito bem ao ser humano, à pele, também ajuda como um conservante natural para o próprio azeite de abacate. E a luteína é um outro principio maravilhoso para o corpo, principalmente para os olhos”, afirma Hugo.
O azeite de abacate lembra a cor e a textura do azeite de oliva. A diferença, obviamente, está no sabor, que é considerado mais suave, e na tolerância à exposição a altas temperaturas, suportando até 271ºC. Esse fator facilita o uso em diversos processos na cozinha.
Sabonete feito à base de óleo de abacate Cajuru, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Crescimento sustentável
O mercado para este tipo de produto está crescendo, focado na saúde e na sustentabilidade, o que faz a família dar passos ainda maiores.
“Nós já fizemos algumas remessas para o Japão, para a Coreia, estamos indo agora para o Paraguai, Estados Unidos, e vocês vão torcendo por nós”, diz Junia Maria Pimenta Magalhães Gonçalves, gerente de desenvolvimento de produtos.
De volta ao assunto sustentabilidade, a casca e o caroço que não foram aproveitados no processo viram adubo. O material retorna à lavoura para nutrir a terra e os pés de café e do próprio abacate.
“O solo é pura matéria orgânica, então dentro do conceito que nós temos de fazer uma agricultura sustentável, nós estamos procurando fazer uma agricultura de carbono neutro. Queremos zerar a produção de carbono para mitigar o aquecimento global. É a nossa filosofia de trabalho”, afirma José Carlos.
Abacates produzidos em Cajuru, SP, ganham novo destino na indústria
Jefferson Severiano Neves/EPTV
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