Review Dragon Age The Veilguard: competente, mas entrega menos que promete


Dragon Age: The Veilguard tem ambientação competente, combate dinâmico, mas enredo principal parece um amontoado de boas ideias pouco elaboradas e costuradas às pressas Dragon Age: The Veilguard chegou em 31 de outubro, após desenvolvimento conturbado, interrupções, recomeços, mudanças de escopo de equipe. A boa notícia para os fãs da série é que a alma de Dragon Age é bastante presente e reconhecível, com conflitos grandiosos com potencial para impactar todo o mundo de Thedas. O combate mais dinâmico, com ataques fracos e fortes mesclados com habilidades únicas para cada classe e aliados, reduz bastante o elemento tático tradicional da franquia, mas nem de longe é um problema, sendo, inclusive, um dos pontos fortes do jogo.
No entanto, apesar de também ser competente em outros aspectos, como exploração e ambientação envolventes, a narrativa, elemento mais icônico da franquia e dos jogos da Bioware, em geral, deixa muito a desejar. Mesmo com conceitos inicialmente excelentes, praticamente todas as ideias são pouco desenvolvidas, com conclusões aceleradas, dando ar de uma obra incompleta costurada às pressas para evitar novos adiamentos. A versão base de Dragon Age: The Veilguard está disponível por R$ 249 para PC na Steam, Epic Games Store, Microsoft Store e direto no app da EA Play, ou por R$ 349 para PlayStation 5 (PS5) e Xbox Series X e Xbox Series S.
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Dragon Age: The Veilguard oferece muita diversão, combate excelente, mas enredo poderia ter sido melhor trabalhado
Reprodução/Daniel Trefilio
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Sequência grandiosa com tons de autocrítica
Dragon Age: The Veilguard não nega suas origens e, inclusive, mergulha fundo na lore da franquia, trazendo referências diretas a personagens, lugares e eventos de jogos anteriores, principalmente de Dragon Age: Inquisition. Isso porque a história de The Veilguard, não apenas se passa 10 anos após o final de Inquisition, como começa como consequência direta das DLCs do jogo anterior. Solas, um dos aliados do Inquisidor, se revela parcialmente responsável por desencadear os eventos que quase resultaram na destruição de Thedas, ao tentar salvar o mundo de uma ameaça ainda maior.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Jogo dá continuidade aos eventos de Dragon Age Inquisition e suas expansões, aprofundando a história de Solas, O Lobo Temido
Reprodução/Daniel Trefilio
Esse mesmo tropo narrativo batido do “mal menor por um bem maior” – que já não fazia sentido em Inquisition, afinal destruição é destruição, e o plano de Solas apenas altera os agentes – é utilizado mais uma vez como ponto de partida em The Veilguard, mas com uma abordagem mais direta. A vantagem é que dessa vez, a(o) protagonista deixa isso claro logo de cara, escancarando que se trata de uma ideia rasa e inconsequente, e interfere no ritual do Lobo Temido (The Dread Wolf), aprisionando Solas no Véu, mas libertando duas entidades tão ou mais poderosas que ele.
O problema é que os deuses élficos libertados ficaram tanto tempo aprisionados no Véu com a Podridão (Blight), que se fortaleceram com seu poder e pretendem utilizá-la para espalhar destruição em Thedas e reinar com domínio absoluto sobre o que sobrar. Mesmo com a motivação dos vilões continuar sendo vazia e repetida à exaustão em obras de fantasia, apenas de exercer o poder pelo poder, o jogo reconhece as falhas de roteiro do anterior e caminha para consertá-las em um desfecho grandioso.
Jogo comete novos erros ao tentar corrigir falhas anteriores
O problema é que, nessa tentativa de reparar os furos do passado, Dragon Age: The Veilguard define diversos arcos narrativos com excelentes conceitos para explorar, mas entrega muito pouco do que se propõe a fazer. Isso é resultado nem tanto por falta de competência da equipe de roteiristas — muito pelo contrário —, mas como uma consequência aparente do desenvolvimento conturbado, que implicou no recomeço do projeto, troca de direção, mudança de escopo, e assim por diante.
Analisando a história de The Veilguard por um escopo macro, ela é, de fato, grandiosa e épica – bem mais que do jogo anterior, inclusive -, mas para dar conta de encerrar tudo que ela começa nas missões principais, a narrativa não se desenvolve muito. No fim das contas, isso acaba configurando vários momentos épicos decisivos, e que impactam no final e no relacionamento com seus aliados, preenchidos por longas horas vazias, apenas com interações superficiais com os personagens. Isso faz com que as escolhas obrigatórias pontuais pareçam apenas jogadas de qualquer jeito para forçar a história a andar, causando um misto de frustração e confusão, já que muitas vezes não fica claro como os eventos chegaram àquele ponto.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Missão principal é grandiosa, mas acaba quase sempre ofuscada por side-quests muito mais interessantes
Reprodução/Daniel Trefilio
Tal efeito é ainda mais devastador quando consideramos que as missões secundárias de cada região e dos personagens trazem tramas muito mais interessantes e intrigantes que, se bem desenvolvidas, teriam enorme potencial para amarrar o todo de maneira mais eficiente e compensatória. De forma alguma, isso significa que Dragon Age: The Veilguard tenha uma história ruim, mas deixa a sensação de que a narrativa foi acelerada e recortada ao máximo para atender uma janela de lançamento que já havia sido adiada algumas vezes.
Recursos familiares até demais
Times de desenvolvimento e diretores criativos, de maneira geral, tem assinaturas próprias e geralmente bem fáceis de reconhecer entre suas produções, só que Veilguard eleva essa familiaridade a um patamar que chega a destoar do conjunto. A trilha sonora, por exemplo, sempre marcante nos jogos da Bioware, é muito similar a de outros títulos, com trechos específicos em momentos de exploração parecendo tiradas diretamente de Mass Effect, o que não chega a ser um problema para jogadores novos que nunca exploraram os outros universos do estúdio.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Verticalidade e quebra-cabeças interessantes tomam mais tempo de jogo que combates vazios contra inimigos fracos, equilibrando lutas com exploração
Reprodução/Daniel Trefilio
Já para quem está acostumado com as diferentes linguagens utilizadas pela desenvolvedora para comunicar sensações em seus títulos, é impossível não traçar paralelos e esperar um Geth saltar de algum escombro, algo que quebra um pouco da imersão no cenário de fantasia de Dragon Age. Ainda assim, salvo por esses poucos momentos de estranheza, a ambientação de The Veilguard é, geralmente, bastante rica e competente, com bons elementos de exploração, diversos quebra-cabeças muito divertidos, e quase sempre com recompensas valiosas.
Dragon Age: The Veilguard – Itemização simplificada favorece diferentes estilos de jogo
Reprodução/Daniel Trefilio
Um recurso que lembra mecânicas de outros games, mas que foi extremamente bem-vindo em The Veilguard é a itemização simplificada. No lugar de milhares de itens aleatórios com efeitos RNG, Dragon Age tem uma tabela de itens até que bem curta, e adquirir cópias de um mesmo item melhora sua “raridade”, liberando atributos adicionais. Isso permite criar vários builds diferentes ao longo do jogo conforme o jogador realiza esses upgrades, mas não limita o combate a um único metajogo específico, como ocorre em RPGs de ação convencionais, como Diablo IV e Path of Exile.
Quase um Metroidvania combinado a um RPG ocidental
Praticamente todos os espaços que parecem ter algo escondido, de fato, tem. Indo ainda além, se não há uma barreira clara identificando que essa área será acessível no futuro – ou que você precisa de uma habilidade específica -, isto apenas quer dizer que você está procurando a passagem no lugar errado, então continue explorando, pois vale a pena. Por um lado, isso força o jogador a investir mais tempo em missões secundárias, essenciais para obter o “final perfeito”, que envolve evoluir ao máximo os relacionamentos com aliados e atingir um bom ranking com os grupos de cada uma das regiões disponíveis.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Revisitar áreas já exploradas é essencial para desvendar missões secundárias excelentes e garantir final “perfeito”
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Dessa forma, diferente de Mass Effect 3 ou do próprio Dragon Age: Inquisition, obter os melhores finais é relativamente fácil, já que liberar os pré-requisitos obrigatórios não se torna uma tarefa tediosa ou repetitiva, muito pelo contrário, é a parte mais divertida do jogo. Por outro lado, isso também implica em ter que voltar várias vezes para um mesmo mapa e desbloquear seus segredos, encontrar tesouros únicos, estátuas de pontos de habilidade, criando um backtracking bem incomum em RPGs do gênero.
Além de afastar alguns jogadores, esse elemento tem potencial para frustrar quem não teve paciência e perdeu itens ou NPCs importantes porque avançou demais na história principal e teve regiões bloqueadas por escolhas decisivas.
Escolhas obrigatórias mais frustrantes que impactantes
Falando em escolhas decisivas, elas são poucas, acontecem quase sempre entre capítulos principais, mas não existe um crescente sugerindo que o jogador esteja próximo delas. A primeira, inclusive, ocorre em um cutscene logo após voltar de uma missão grande, e imediatamente nos coloca na posição de escolher uma cidade para “sacrificar”, e consequentemente um aliado para dificultar a evolução de relacionamento. Para piorar, um dos personagens é muito mais carismático, sua cidade é muito mais intrigante, com missões mais envolventes, mas estrategicamente, faz mais sentido salvar a outra opção por sua “influência” política na trama do mundo.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Escolhas obrigatórias têm consequências relevantes, mas avanços são truncados, praticamente sem desenvolvimento narrativo para alguns desses momentos
Reprodução/Daniel Trefilio
Ao todo são sete grandes escolhas realmente impactantes, e todas com consequências que teriam mais peso se houvesse um desenvolvimento melhor até lá. Ainda assim, elas vão bloquear elementos-chave, limitar ou até bloquear completamente o uso de alguns aliados por períodos bem longos, e, em alguns casos, até resultar na perda daquele aliado para eventos catastróficos, seguindo sempre a máxima do “menor dos males”. Apesar de criar a sensação de que as escolhas importam em The Veilguard, elas acabam construídas para ser o que são só “porque sim”, e não porque a história evoluiu para aquele ponto.
Localização e acessibilidade
Em termos de acessibilidade, Dragon Age: The Veilguard traz uma série de recursos importantes, como efeitos sonoros para localização e outros tipos de indicadores, permitindo que jogadores com baixa visibilidade também consigam se aventurar pelo mundo de Thedas. Nesse aspecto, um efeito muito interessante o Glint Ping, que emite alertas sonoros ao segurar para cima no D-pad, identificando a distância e direção de objetos importantes, como baús e marcadores de missão. Não por menos o jogo foi indicado e premiado na categoria Acessibilidade do The Game Awards.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Bioware investiu pesado em recursos de acessibilidade para jogadores com baixa visão e outros tipos de dificuldades.
Reprodução/Daniel Trefilio
Já no quesito localização, o game faz o básico, com menus e legendas em português brasileiro, mas sem dublagem. A boa notícia é que a equipe da Bioware foi bastante competente neste aspecto, e localizou, de fato, muitas expressões idiomáticas e referências, e não apenas as traduziu literalmente, pratica ainda bastante comum na indústria.
Combate e movimentação excelentes, mas menos estratégia
Os fãs de Dragon Age, principalmente dos dois primeiros jogos, podem estranhar um pouco as mecânicas de combate de The Veilguard, já que ele evolui ainda mais o combate de Inquisition, já bem dinâmico, transformando o novo game em praticamente um RPG de ação. As lutas são focadas em ataques rápidos, fortes, à distância, mesclados com habilidades especiais liberadas por meio da progressão de níveis.
Cada classe tem três especializações com uma árvore de habilidades ricas, mas apenas uma especialização pode ser ativada por vez, sendo preciso desalocar os pontos para testar outros builds. Para facilitar a vida dos jogadores, o processo é livre e sem custo, sendo perfeitamente possível desbloquear uma árvore inteira, testá-la, e depois trocar para experimentar outras formas de jogar com a mesma classe, sem precisar criar um ponto de salvamento diferente.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Ausência de momentos exageradamente táticos abre margem para enfrentar desafios mais difíceis contando mais com habilidade que grind por níveis
Reprodução/Daniel Trefilio
O elemento tático até existe em Dragon Age: The Veilguard, mas de forma muito sútil, apenas com uma pausa leve ao pressionar R1 (ou RB para quem estiver jogando no Xbox ou PC). Diferente das rodas de habilidade tradicionais, o submenu de combate dá acesso às habilidades especiais dos companheiros que, se combinadas adequadamente com as do protagonista, geram efeitos de “Detonação” causando dano massivo ao alvo principal e aos inimigos ao seu redor. Companheiros diferentes finalizam efeitos diferentes para gerar combos conforme os efeitos e, com as evoluções máximas, podem criar até efeitos em cadeia.
Uma mecânica extremamente útil é a de finalização, que ativa após completar a barra de atordoamento dos inimigos. Na maioria dos casos, esses ataques eliminam inimigos menores, mas em chefes é preciso avaliar se é mais útil acionar a finalização de cara, ou aproveitar ao máximo o tempo de atordoamento, e utilizar o ataque poderoso apenas no último instante. O formato repaginado de combate é crucial para o ritmo acelerado do jogo, e orna muito bem com a dinâmica de exploração mais livre, com boa verticalidade e quebra-cabeças que usam e abusam de poderes específicos dos aliados, servindo quase como upgrades de metroidvanias para acessar novas áreas.
Dragon Age: The Veilguard em Review – Combate é um dos pontos altos do jogo
Reprodução/Daniel Trefilio
Isso faz com que, mesmo sendo bem menos tático que o restante da franquia, Dragon Age: The Veilguard tenha um dos sistemas de combate e exploração mais divertidos da série, fazendo com que as lutas dependam mais habilidade e destreza que de grind por níveis. Ou seja, apesar de perder completamente o caráter de RPG com combates táticos, o sistema atualizado faz com que os jogadores consigam enfrentar inimigos com níveis muito mais elevados, exigindo apenas um pouco mais de paciência, reflexos e gerenciamento de recursos, quase como um Soulslike.
Dragon Age: The Veilguard vale a pena?
Dragon Age: The Veilguard é, indiscutivelmente, um ótimo jogo em um balanço geral, com uma boa história, apesar dos tropeços no desenvolvimento, boa jogabilidade, personagens carismáticos e conflitos épicos. O game traz muito da marca registrada da Bioware clássica que criou a franquia, antes do desenvolvimento de jogos virar uma corrida para bater indicadores de vendas e sobrecarregar jogos com monetização excessivamente complexa e trunca de microtransações, que, ainda bem, não estão no jogo.
No entanto, foi preciso todo um movimento extremamente negativo dos anúncios originais, combinado ao fracasso retumbante de outros jogos como serviço da EA e o sucesso surpreendente de títulos single player para que The Veilguard existisse como ele é hoje. Isso prolongou excessivamente o ciclo de desenvolvimento por criar janelas de reestruturação que, fatalmente, impactaram o resultado final.
Dragon Age: The Veilguard não é o Dragon Age que queríamos, mas é, sem dúvidas, o Dragon Age que precisávamos
Reprodução/Daniel Trefilio
Novamente, ainda estamos falando de um game muito bom e competente, e mesmo não sendo o melhor Dragon Age, acaba sendo meu segundo favorito, atrás apenas de Dragon Age Origins, seguido pelo segundo e terceiro games, respectivamente. Isto posto, mesmo que o game tivesse chegado meses antes, ele ainda não teria muito espaço para concorrer nas categorias principais do TGA de 2024. Contudo, ao menos ele teria uma visibilidade maior para receber carinho e atenção do público sem acabar ofuscado pelo fantasma de premiação, já que, definitivamente, é um título obrigatório para os fãs da série e do gênero como um todo.
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