Enquanto centenas de crianças e adolescentes do Distrito Federal aguardam por uma oportunidade de ganhar um lar, histórias emocionantes mostram como o programa Família Acolhedora tem mudado vidas — tanto de crianças quanto de voluntários. Atualmente, cerca de 541 jovens estão afastados das famílias de origem, por violações de direitos básicos. Dessas, 27 estão inseridos em lares temporários, no modelo de acolhimento familiar.
O projeto, que oferece uma alternativa mais humanizada às crianças, busca ampliar a atuação por meio da campanha “Amor que cresce com você”. O objetivo é recrutar e capacitar novas famílias para que mais crianças possam viver em ambientes repletos de carinho e cuidado.
Bianca Iorio Queiroz faz parte de uma das famílias acolhedoras que abraçaram a causa. Mãe de dois meninos, Guilherme Queiroz e Daniel Queiroz, Bianca conta que desde 2020, ela e o marido, Fábio Jorge Santana, já acolheram, no total, três crianças. Ela compartilha que cada experiência trouxe aprendizado e a sensação de dever cumprido. “Meu marido descobriu o programa conversando com uma amiga. Fizemos o curso de capacitação, e logo começamos a acolher”, relembra.
Entre as histórias que marcaram a vida de Bianca está a de Larissa, uma menina de apenas 1 ano que ficou em sua casa por seis meses. Depois, veio Analu, acolhida ainda bebê, com apenas um mês de vida, e que permaneceu até os 18 meses. “Cada acolhimento é único, mas todos nos ensinaram muito sobre empatia, paciência e amor ao próximo”, diz.
Atualmente, Bianca acolhe Ana Emanuele, uma menina de 2 anos e meio, que já está com a família há cinco meses. “Saber que estamos ajudando no desenvolvimento dela é o que consola nosso coração. Vemos como ela cresce cercada de amor e cuidado, mesmo sabendo que um dia será reintegrada à família ou encaminhada para adoção”, conta.
Veja:
Como funciona o acolhimento familiar
O programa Família Acolhedora oferece apoio psicológico e social às famílias participantes, garantindo que estejam preparadas para receber temporariamente crianças em situação de vulnerabilidade. O tempo máximo de permanência no programa é de 18 meses, período durante o qual as famílias de origem das crianças recebe suporte para superar os desafios que motivaram o afastamento.
Julia Salvagni, psicóloga e coordenadora do serviço, explica a importância desse modelo. “O acolhimento familiar proporciona um ambiente individualizado, com rotina e vínculos afetivos, fundamentais para o desenvolvimento das crianças. É muito diferente de um ambiente coletivo, onde o cuidado acaba sendo compartilhado com várias outras crianças.”
Quem pode participar?
Para se tornar uma família acolhedora, é necessário atender a alguns critérios:
Ter mais de 18 anos e residir no DF;
Não estar inscrito no Cadastro Nacional de Adoção nem ter intenção de adotar;
Possuir condições emocionais, físicas e financeiras para oferecer cuidado;
Haver concordância de todos os membros da família em participar do projeto.
As famílias interessadas passam por um processo de capacitação e são acompanhadas por profissionais durante todo o acolhimento.
Uma oportunidade para transformar vidas
A campanha “Amor que cresce com você”, lançada em outubro, reforça a missão de ampliar o acolhimento no DF. Salvagni destaca que a falta de conhecimento sobre o programa ainda é um dos maiores desafios. “Queremos que mais pessoas entendam que essa é uma oportunidade de fazer a diferença na vida de uma criança, oferecendo um lar temporário cheio de amor e cuidado”, afirma.
Para Bianca, cada acolhimento é um ato de amor. “A gente sabe que não vai ficar para sempre com a criança, mas o impacto que deixamos na vida delas é eterno — e elas também nos transformam. É um aprendizado diário sobre empatia e solidariedade”, conclui.
Se você deseja ser parte dessa história, procure o programa Família Acolhedora e descubra como oferecer amor e acolhimento a quem mais precisa.