São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) trata como “traidores” os vereadores que concorreram na última eleição em partidos de sua coligação, mas que optaram por fazer campanha para o adversário Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno. Em entrevista ao Metrópoles, o emedebista afirma querer “distância” deles.
“Eu mando um projeto bom lá [para a Câmara Municipal]. Se eles não votarem, eu conto para todo mundo que eles não votaram. Mas, de traidor, eu quero distância”, diz o prefeito reeleito no último domingo (27/10).
São dois os parlamentares a quem Nunes se refere como traidores. O recém-eleito Sargento Nantes (PP), ex-policial militar da Rota, tropa de elite da PM conhecida pela letalidade, e Rubinho Nunes (União), vereador reeleito que, no primeiro mandato, ficou conhecido por tentar emplacar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica, e pelo projeto de lei que propunha multa a pessoas que ajudavam moradores de rua com comida — ele chegou a ser cotado para presidir a Câmara Municipal.
Na entrevista, o prefeito avalia que a aposentadoria do vereador Milton Leite (União), atual presidente da Câmara e que estava no sétimo mandato consecutivo, pode dar espaço para o surgimento de novas lideranças no Legislativo — Nunes foi vereador por dois mandatos.
“Na Câmara, sempre surgem novas lideranças. No passado, tivemos nomes como Brasil Vita, Antônio Carlos Rodrigues e Milton, cada um sucessivamente melhor que o anterior. Agora, novas lideranças surgirão, o que é natural e positivo para a renovação”, afirma o prefeito.
Nunes citou uma série de vereadores que têm condições, em sua avaliação, de presidir a Câmara em 2025. “Existem muitos experientes. Sidney Cruz (MDB) relatou o orçamento várias vezes e tem boa capacidade de diálogo. Fabio Riva (MDB), que já foi líder do governo, e Ricardo Teixeira (União), muito respeitado e articulado. João Jorge (União) e Sandra Tadeu (PL), também com bagagem significativa”, diz.
Tarcísio presidente
Na entrevista, o prefeito destaca o papel do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua reeleição e diz apoiar uma eventual candidatura do governador à Presidência da República, em 2026, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneça inelegível. No entanto, afirma que não pretende deixar a Prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo nesse cenário e promete cumprir o mandato até o fim, em 2028.
O prefeito diz, ainda, que o valor do IPTU dos imóveis paulistanos será corrigido pela inflação a partir de janeiro — que o mercado projeta ficar em 4,55% — mas que ele não tem definição, ainda, sobre um eventual reajuste no valor da passagem de ônibus.
Confira aqui entrevista completa com o prefeito.