Um estudo publicado nessa segunda-feira (20/5) na revista científica JAMA Internal Medicine, sugere que focar no tempo que você passa se exercitando em vez de no número de passos pode ser igualmente eficaz para a perda de peso, longevidade e redução do risco de doenças cardíacas.
Pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, analisaram dados de quase 15 mil mulheres com mais de 62 anos por quatro anos, e descobriram que aquelas que davam de 8 mil a 8,5 mil passos por dia reduziram o risco de doenças cardíacas em 40%, em comparação com quem dava cerca de 3 mil passos diários.
Os cientistas também descobriram que a mesma redução de risco acontecia com aquelas que se exercitavam 75 minutos por dia, sugerindo que medir os passos durante uma caminhada pode ser desnecessário.
Não existe número “mágico” de passos
O estudo é um dos vários relatórios recentes que desmistificam a regra dos 10 mil passos, já que alguns especialistas afirmam que não existe um número “mágico” para o exercício.
Em entrevista ao Daily Mail, o principal autor do estudo e pesquisador Rikuta Hamaya explica que cada atividade física age de forma diferente dependendo do praticante e que quase todas as formas de movimento são benéficas para a nossa saúde.
“Para alguns, especialmente para indivíduos mais jovens, o exercício pode envolver atividades como tênis, futebol, caminhada ou corrida — todas podem ser facilmente rastreadas com passos. Para outros, pode consistir em passeios de bicicleta ou natação, onde o monitoramento da duração do exercício é mais simples. Por isso, é importante que as diretrizes de atividade física ofereçam múltiplas maneiras de atingir metas”, afirma o pesquisador.
Monitoramento
Entre 2011 e 2015, o estudo acompanhou 14.399 mulheres com mais de 62 anos e saudáveis, ou seja, não tinham doenças cardíacas ou câncer. A idade média das participantes era de 72 anos. Foi solicitado que cada mulher usasse um monitor de condicionamento no quadril o tempo todo para medir os níveis de atividade, inclusive enquanto dormiam ou tomavam banho.
Todos os anos, os pesquisadores aplicaram questionários sobre hábitos de saúde, como fumar e beber, o peso, menopausa e histórico médico pessoal e familiar. Tudo foi usado para determinar o risco das participantes de doença cardíaca e morte.
Em média, as mulheres que praticaram 62 minutos de exercícios moderados a intensos por semana totalizaram 5.183 passos por dia. Em 2022, 9% dos participantes tinham morrido e 4% desenvolveram doenças cardíacas. As mulheres foram divididas com base em quantos minutos de exercício ou no número de passos dados.
A pesquisa revelou que aquelas que passavam mais tempo, cerca de 200 minutos, se exercitando ou davam mais passos (de 8 mil a 8,5 mil) reduziram o risco de doenças cardíacas e morte em até 40% em comparação com aquelas de percentual mais baixo (9%) que faziam 12 minutos de exercício ou de 2,8 mil a 3 mil passos.
“As descobertas sugerem que os pacientes podem escolher entre passos ou uma meta cronometrada para reduzir o risco de morte ou doença cardiovascular. Esses dados apoiam a inclusão de diretrizes baseadas em tempo e passos em futuras recomendações de atividade física, permitindo aos indivíduos a flexibilidade de escolher e monitorar sua métrica de exercício preferido”, escreveram os pesquisadores no artigo.
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