Paneleiras de Goiabeiras, responsáveis pelas famosas panelas de bairro, reclamam de falta de estrutura no galpão em Vitória. A atividade já era patrimônio nacional desde 2002 e apenas neste ano teve reconhecimento estadual. Paneleiras pedem ajuda para manter tradição viva no ES
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A tradição das paneleiras de Goiabeiras, em Vitória, é um Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 20 de dezembro de 2002. Neste ano, a Assembleia Legislativa do estado também declarou as paneleiras como patrimônio cultural imaterial do Espírito Santo. Mas quem trabalha com o ofício reclama que faltam melhorias para ajudar a manter a tradição.
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A lei estadual que trouxe esse reconhecimento (Lei 12.049/2024) foi publicada em fevereiro de 2024. Ela é de autoria do deputado estadual Coronel Weliton (PRD). Apesar disso, a realidade que as paneleiras enfrentam é outra e mostra que a atividade precisa mais do que leis no papel.
O g1 conversou com Berenícia Corrêa Nascimento, de 66 anos. Ela é presidente da Associação das Paneleiras de Goiabeiras e trabalha na fabricação das panelas há 53 anos. Ao longo do anos, ela viu no dia a dia muitas transformações e as dificuldades em continuar o trabalho que remete à culinária, tradição e cultura capixaba.
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Berenícia é presidente da Associação das Paneleiras de Goiabeiras em Vitória e faz panelas de barro há mais de 50 anos
Reprodução/TV Gazeta
Para ela e mais de 30 paneleiras que trabalham no galpão, falta valorização do trabalho.
“Minha bisavó fazia panela, minha avó, minha mãe, minhas tias… Aí eu criança, com 10 anos, já comecei a mexer no barro. Nós somos a cultura do estado, somos patrimônio imaterial e carregamos o nome do estado nas costas. Queríamos que a prefeitura e o governo do estado valorizassem mais essa cultura que nós temos, que não é de agora, existe há mais de 400 anos”, pontuou Berenícia.
Melhorias para o galpão
O primeiro ponto abordado por Berenícia e as paneleiras é a necessidade de reforma no galpão para trazer melhores condições até mesmo na hora de expor o trabalho pronto.
“O galpão que nós temos hoje tem mais de 10 anos, com armários caindo, quebrados. Além de problemas na energia. Nós falamos com a prefeitura e o diretor de obras veio aqui e chegou a fazer um projeto para colocar novas prateleiras também. Mas isso não aconteceu e já se passaram seis meses”, relatou a presidente da associação.
Paneleiras pedem melhorias para o galpão em Vitória, Espírito Santo, para poderem atrair mais turistas
Reprodução/TV Gazeta
Além disso, a presidente acredita que o trabalho das paneleiras poderia ser mais divulgado.
“Recebemos mais de 50 pessoas todos os dias no galpão, vários ônibus de turistas. A gente queria um espaço legal e bonito para receber os turistas, para eles tirarem fotos. Tanto do lado de fora como do lado de dentro, placas mais indicativas”, comentou.
O que dizem os órgãos
A Prefeitura de Vitória disse que realizou uma reforma no galpão e colocou nova comunicação visual nos vidros da entrada, no balcão de atendimento ao turista e nova placa informativa.
A administração municipal disse também que a Central de Serviços de Vitória realiza intervenções periódicas no local, com ações de melhorias e manutenção da infraestrutura.
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Paneleiras são patrimônio imaterial cultura do Brasil e do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Sobre a divulgação do trabalho, a prefeitura apontou que assegura a presença das paneleiras em estandes institucionais de importantes eventos realizados na cidade.
Já a Secretaria de Estado do Turismo (Setur) informou que apoia as paneleiras através de ações como a participação em feiras e eventos que acontecem dentro e fora do estado com a distribuição de postais, brindes como a panelinha de barro, exposição das panelas de barro e exposições fotográficas.
Disse ainda que, em 2024, realizou três chamamentos públicos para parcerias entre administração pública e organizações da Sociedade Civil que caberiam a participação das paneleiras, mas não houve adesão por parte da organização das paneleiras.
Sobre esses chamamentos, Berenícia disse que as paneleiras nunca foram oficialmente comunicadas.
Paneleiras de Goiabeiras em Vitória, Espírito Santo, pedem ajuda para serem reconhecidas
Reprodução/TV Gazeta
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