A maioria dos peritos criminais do Distrito Federal afirma já ter passado ou presenciado alguma situação de assédio moral no trabalho. De acordo com uma pesquisa feita a pedido da Associação Brasiliense de Peritos em Criminalística (ABPC), 34,9% dos entrevistados dizem que “sempre” presencia comentários desagradáveis ou depreciativos sobre um colega no ambiente de trabalho.
A pesquisa contou com a participação de 129 profissionais sobre as condições de trabalho no Instituto de Criminalística (IC). Também foram realizados dois grupos focais com participação de 10 peritos criminais em cada grupo.
Os resultados apontam que 30,2% dos entrevistados não se sentem seguros para denunciarem casos de comportamentos abusivos no ambiente de trabalho.
Os peritos também reclamaram de “interferências provenientes de interesses políticos divergentes aos procedimentos técnicos costumeiros e falta de clareza nos processos de decisão e poder da Direção, que geram ações arbitrárias sobre o trabalho” como pontos negativos da profissão.
Estresse
Cerca de 33,3% dos peritos ouvidos afirmaram que o estresse do trabalho afeta “a qualidade do ambiente familiar.” Além disso, os profissionais reconhecem que o estresse no trabalho pode afetar negativamente minha saúde mental, causando ansiedade, irritabilidade, tristeza, depressão e dificuldade de concentração. Cerca de 49% dos entrevistados concordaram com a afirmação.
Para Marcelo Nunes Gonçalves, presidente da ABPC, os problemas citados pela maioria dos servidores na pesquisa podem – e devem – ser combatidos. “O Departamento de Polícia Técnica (DPT) e a Delegacia-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal tem recebido a representação dos Peritos Criminais, ouvido as colocações da categoria e demonstrado sensibilidade aos problemas enfrentados”.
Segundo ele, a pesquisa resultou em uma “preocupação significativa” com a saúde mental dos peritos criminais. “Existem ferramentas gerenciais adequadas que podem ser utilizadas para melhorar a qualidade de vida dos servidores. O foco da gestão deveria ser, portanto, nesta qualidade de vida dos servidores e na excelência técnico-pericial, enfrentando os problemas na esfera profissional. Para isso, seria essencial adotar uma gestão mais humanizada, agregadora e aberta ao diálogo, como era praticado no Instituto há décadas”, completa.
Perito criminal usa várias profissões para ajudar a solucionar crimes
Pontos positivos
Questionados sobre os aspectos positivos do ambiente de trabalho, os peritos criminais destacam os seguintes pontos positivos: valorização do servidor público, autonomia nos processos de trabalho, postura empática e compreensiva das chefias diante da realidade de cada seção e transparência na distribuição da carga de trabalho para não haver sobrecarga.
Após a conclusão da pesquisa, os resultados foram apresentados ao diretor do Departamento de Polícia Técnica, perito criminal Raimundo Cleverlande; ao delegado-geral da PCDF, José Werick; e ao presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado Wellington Luiz (MDB).
“Estamos comprometidos em utilizar esses resultados para buscar a implementação de melhorias concretas que atendam às expectativas e necessidades de todos”, afirma Marcelo. Uma cópia da pesquisa também foi encaminhada à direção do IC. “Com a colaboração de todos poderemos promover um ambiente de trabalho mais justo e motivador para todos os peritos criminais”, avalia.