Nessa quarta-feira (26/6), uma missão de resgate trouxe esperança para animais vítimas das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio. Às 18h35, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou da Base Aérea de Canoas (Baco), transportando 20 pets, sendo 18 cães e dois gatos.
Os animais, vindos de áreas afetadas pelas enchentes, embarcaram na aeronave em busca de um recomeço após a tragédia no estado gaúcho.
O primeiro destino foi a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, onde dois dos pets desembarcaram. O segundo pouso ocorreu na Base Aérea de Brasília, às 23h30, onde os outros 18 animais foram recebidos.
Os animais deverão ser direcionados para adoção.
Veja o desembarque dos pets:
Traumas após enchentes
Em meio às enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, mais de 15 mil animais foram resgatados, segundo a Defesa Civil. Mesmo com suas vidas salvas, os animais têm apresentado comportamentos que podem ser ligados a traumas. A médica veterinária comportamentalista Fernanda Rossi explicou que “é possível reabilitar os animais vítimas das enchentes a partir de um manejo gentil e respeitoso”.
Ao longo desse último mês de tragédia no estado gaúcho, imagens dolorosas de cachorros se jogando na água para chegarem ao barco de resgate e de gatos miando em cima de telhados pedindo socorro foram vistas diariamente.
Também há muitos bichos que, mesmo estando em um local seguro, após o resgate permanecem com comportamentos repetitivos ligados ao trauma. Continuam subindo em cima das casinhas já nos abrigos e movimentando as patinhas como se estivessem nadando em terra firme.
Segundo Fernanda Rossi, isso pode ter relação com o fato de os animais “terem passado um longo período expressando aquele comportamento e ainda seguir com o reflexo, mesmo que já não expostos à água”.
A médica veterinária comportamentalista também explicou que, apesar de não ter nenhum estudo específico sobre comportamentos traumáticos gerados em animais após enchentes, com o devido tratamento, eles podem ser recuperados.
Manejo gentil
“É possível reabilitar os animais vítimas das enchentes a partir de um manejo gentil e respeitoso. Começando com um lar definitivo ou temporário para aquele animal estar em local mais tranquilo e controlado. Neste novo lar, possibilitar que o animal descanse e relaxe em um cômodo afastado e longe de humanos e animais que ali vivem”, afirma.
“Quando ele já estiver se sentindo confortável, inicia-se uma aproximação gradual, utilizando reforço positivo (como brinquedos, comida, petiscos, sachês) para causar uma boa impressão ao cão daquela situação”, conclui a médica veterinária.
Fernanda Rossi ainda informou que “o acompanhamento com uma veterinária comportamentalista é muito importante, para avaliar a saúde clínica e o estado emocional atual, além de elaborar o melhor tratamento para cada indivíduo, podendo incluir manejo ambiental, modificação comportamental, uso de psicofármacos e/ou feromonioterapia”, diz.
“É fundamental respeitar tempo e espaço de animais que passaram por situações tão estressoras.”
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