Vale tudo no sexo? Para a maioria das pessoas, a resposta é “sim”. Contudo, ainda há quem torça o nariz ao ouvir falar de uma prática sexual ou fetiche que fuja do convencional. No âmbito sexual, é conhecido como kinky o estilo de vida de quem se propões a viver a sexualidade “fora da curva”.
Mas fica o questionamento: de forma prática, o que é considerado uma prática kinky? Em uma sociedade cheia de tabus, principalmente no que diz respeito a sexo, a lista é longa. Ou seja, a probabilidade de você ter uma pitada diferentona sem nem saber é grande.
O estilo inclui coisas como o swing (troca de casais), pompoarismo (exercícios pélvicos), dupla penetração, exibicionismo e até mesmo o bom e velho sexting (sexo por mensagens de texto) – melhor amigo de muita gente durante a quarentena.
No hall de práticas mais exóticas, existem o king out, que proíbe a penetração e só permite beijos, carícias e lambidas, e o kokigami, prática japonesa em que se embrulha o pênis. “A ideia é oferecer à parceria seu presente mais apreciado”, explica a sexóloga Érika Leite.
Como tudo que se propõe a ser diferente, as práticas kinkys ainda são vistas, muitas vezes, com maus olhos. A expert argumenta que o principal motivo para que coisas diferentes causem incômodo e preconceito é que as pessoas confundem aceitação com identificação. “Tememos aceitar as preferências alheias por medo de estarmos assinando um atestado de que nos identificamos com elas. E uma coisa não não a ver com a outra”, ensina.
Fetiche – Metrópoles
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O preconceito com práticas kinky fica explícito, inclusive, nas definições de alguns destes fetiches no Google – que tem seus resultados com base no dicionário Oxford. Ao buscar por voyeurismo, por exemplo, é possível encontrar a seguinte definição: “Psicopatologia. desordem sexual que consiste na observação de uma pessoa no ato de se despir, nua ou realizando atos sexuais e que não se sabe observada.”
Ao buscar outros fetiches, também é possível encontrar termos como “mórbido”, “desordem” e “psicopatologia”. De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, esse preconceito vem sendo construído ao longo de muitos anos, desde que se criou uma “norma” para o sexo.
“Desde muito tempo, começaram a ser criadas regras sobre o que é certo ou errado no comportamento sexual. Com isso, pessoas que saem daquele padrão de ‘normalidade’ passam a ser consideradas não saudáveis, aberrações, pessoas que precisam de tratamento”, explica.
Vale lembrar que essa está longe de ser a realidade. O psicólogo reforça que todo e qualquer comportamento sexual que tenha consentimento, não faça mal a ninguém e não coloque o bem-estar de nenhum dos envolvidos em risco é um comportamento normal e saudável. “São simplesmente pessoas que aproveitam seu prazer de uma forma que sai do que foi convencionado”, afirma.
Sexo
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André aponta que ter definições pejorativas para fetiches pode atrapalhar o processo de aceitação de fetichistas. Com a internet e a disseminação de informações, fetichistas puderam identificar outras pessoas com os mesmos gostos e se organizar.
“Esses movimentos sociais de aceitação e colocação social fazem com que as pessoas tenham cada vez mais visibilidade e aceitação. Claro, é um processo longo, ainda tem muito preconceito. Mas, com o tempo, a gente vai conseguir um maior espaço para todos”, diz.