O milionário esquema que despejava centenas de quilos de cocaína nas regiões administrativas da capital da República, e que foi desmantelado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), era comandado por um casal morador de uma confortável casa em um condomínio na Ponte Alta do Gama. Claudecir Cardoso e Selma Rodrigues (foto em destaque) foram presos nas primeiras horas desta quinta-feira (19/12).
As investigações da Operação Oleandro — espécie de planta tóxica que pode levar à parada cardíaca e à morte caso seja ingerida — mapearam a ação de um grupo estruturado e com funções bem definidas que transportava grandes quantidade de cocaína em meio a carregamentos de flores colhidas na cidade paulista de Holambra.
Em apenas dois anos, a organização criminosa alvo da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) movimentou R$ 200 milhões com a venda de pó e skunk.
Apesar de movimentar milhões com o tráfico, Claudecir não tem profissão formal e se apresenta como agiota. Já Selma é a operadora financeira da quadrilha.
O casal usava quatro empresas de fachada para lavar o dinheiro de origem ilícita, sendo três em São Paulo e uma no DF.
Com a participação de cerca de 200 policiais, a ação cumpre 23 mandados de prisão temporária e 46 de busca e apreensão, sendo 12 em Ceilândia, seis em Samambaia, um no Guará, dois em Águas Claras, quatro em Taguatinga, três no Gama, 10 em São Paulo, cinco em Foz do Iguaçu (PR), dois em Valparaiso (GO) e um em Goiânia (GO).
Além das prisões temporárias e mandados de busca e apreensão, os policiais pediram o bloqueio de 20 contas bancárias até o limite de R$ 10 milhões. Com relação às pessoas jurídicas usadas para lavar o dinheiro, o valor a ser bloqueado terá como limite o montante de R$ 100 milhões.
Pó no pólen
Um motorista, funcionário de uma floricultura do DF — a empresa não tem nenhuma ligação com o tráfico de drogas — aproveitava as viagens até São Paulo para buscar flores e misturava os carregamentos de drogas entre os ramos de plantas para despistar a fiscalização nas rodovias.
Quando chegava ao DF, a droga era rapidamente pulverizada entre uma série de pequenos traficantes que se encarregavam de vender a cocaína e a maconha no varejo.
O condutor costumava receber R$ 1 mil quando buscava a carga na cidade paulista e recebia outros R$ 3 mil quando chegava com sucesso ao destino, no DF.