Ela e o marido foram indiciados pelos crimes de estelionato, lesão corporal, exercício irregular da Medicina, fraude processual e uso de documento falso. Defesa afirma que casal é inocente. Suspeita de se passar por biomédica é presa
A Polícia Civil do Paraná prendeu na quinta-feira (1º) uma mulher de 61 anos, dona de uma clínica de estética de Toledo, no oeste do Paraná.
Ela era investigada por fazer procedimentos médicos sem autorização e prometer resolver doenças que ainda não têm cura.
O marido dela, de 59 anos, se apresentou à polícia como secretário da clínica e também foi preso.
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Segundo a polícia, os dois estavam escondidos em uma chácara de Espigão Alto do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Conforme a corporação, os dois foram indiciados pelos crimes de estelionato, lesão corporal, exercício irregular da medicina, fraude processual e uso de documento falso.
De acordo com o delegado Rodrigo Baptista, as investigações indicam que parte dos documentos e todos os diplomas apresentados pelos suspeitos na investigação eram falsos, e que o casal não possui nenhuma formação superior ou técnica para realizar os procedimentos.
“O diploma não tem nem mesmo o nome do curso. Teria sido feito em uma faculdade de São Paulo, no estado do Mato Grosso, e no final dele cita a Secretaria de Educação do Ceará. Então, quando a gente olhou, o diploma a gente constatou de pronto que se tratava de uma falsificação”, afirmou.
A defesa do casal afirmou, em nota, que eles são inocentes de todas as acusações e que as provas apresentadas são frágeis e possuem irregularidades.
Outras irregularidades
Conforme Baptista, a polícia identificou também que a mulher é alvo de processos judiciais envolvendo exercício ilegal de profissões há quase 20 anos em outras cidades do Paraná e no Mato Grosso.
“Ela foi condenada no estado do Mato Grosso a se abster de fazer qualquer citação de propaganda relacionada às práticas que ela fazia na clínica que ela tinha. Então ela fechou a clínica e veio aqui pra nossa região”, explicou.
Além disso, a transação da compra da clínica também é motivo de questionamento, porque a antiga proprietária afirma que a mulher não realizou o pagamento combinado.
Promessas de cura e pacientes feridos
Vítima teve a barriga queimada após procedimento na clínica
Polícia Civil do Paraná
As investigações revelam que a mulher chegava a cobrar de R$ 20 mil a R$ 36 mil pelos serviços.
No início de julho a clínica na qual eles atuavam foi fechada. Os investigadores apreenderam medicamentos, carimbos falsos de receitas médicas e um jaleco, usado pela suspeita para se passar por médica.
Segundo a polícia, o local era procurado por idosos com dores na coluna e com mobilidade reduzida. Isso porque a proprietária fazia promessas de cura de doenças para os pacientes.
Em um áudio encaminhado a uma paciente, a mulher a orienta a não levar em consideração o que os médicos dizem e afirma que já curou pessoas com Doença de Parkinson – distúrbio do sistema nervoso central que afeta o movimento, muitas vezes incluindo tremores, que não tem cura.
“Os médicos falam que Parkinson não tem cura, mas eu já tirei tanta gente que hoje está trabalhando. Estão boas até hoje, 10, 15 anos que eu fiz [o tratamento]. Não dá bola, esses médicos não sabem curar, isso porque eles só sabem dar químico para dor, entendeu?”, afirma no áudio.
Na fachada da clínica há a propaganda de alguns dos serviços ofertados, entre eles tratamentos corporais e de rejuvenescimento facial.
Carimbos, medicamentos e um jaleco foram apreendidos na clínica, em Toledo
RPC
Porém, de acordo com o delegado Rodrigo Baptista, a mulher não tem formação nas áreas de saúde e beleza e se apresentava como terapeuta holística.
Ao menos seis vítimas de Toledo procuraram as autoridades para registrar denúncias. Uma delas teve a barriga queimada depois de contratar um serviço de estética na clínica, em 2022.
Segundo o delegado Rodrigo Baptista, ela recebeu entre 80 e 100 injeções de um medicamento não identificado.
“Todas as vítimas afirmaram que não sabiam o que era aplicado nelas”, diz Baptista.
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