A justiça também considerou os outros 50 réus culpados de estupro, tentativa de estupro ou agressão sexual. O mais jovem está na casa dos 20 anos. O mais velho tem mais de 70. Justiça da França condena homem que submetia esposa a estupros coletivos
A Justiça da França condenou um homem que submetia a esposa a estupros coletivos.
Essa é uma daquelas histórias que ficam na cabeça. Dominique Pelicot confessou no julgamento que colocava sedativos na bebida e na comida da agora ex-mulher – para ela dormir por horas.
Segundo a investigação, depois, num site de encontros, ele convidava outros homens para estuprar a esposa desacordada. Dominique também a estuprava.
Ele pedia sempre que os homens não fumassem nem usassem perfume, pra não deixar cheiro no quarto e levantar suspeita. O marido filmava os estupros.
Os lapsos de memória fizeram a vítima, Gisele Pelicot, achar que estava com Alzheimer ou um tumor no cérebro. Dopada, ela não se lembrava de nada.
Só descobriu tudo em 2020, quando o então marido foi preso por importunação sexual contra outras mulheres. Na época, a polícia apreendeu um computador dele e encontrou 20 mil vídeos e fotos de Gisele sendo estuprada. Ao todo, ao longo de 10 anos, foram 92 estupros. 72 homens diferentes.
Nesta quinta-feira (19), os cinco juízes condenaram Dominique a 20 anos de prisão. Era a pena máxima que os promotores vinham pedindo.
Justiça da França condena homem que submetia a esposa a estupros coletivos
Reprodução/TV Globo
A Justiça também considerou os outros 50 réus culpados de estupro, tentativa de estupro ou agressão sexual. O mais jovem está na casa dos 20 anos. O mais velho tem mais de 70. Instituições de direitos das mulheres criticaram as sentenças de alguns dos abusadores.
As organizações, assim como a promotoria, queriam que eles ficassem mais tempo na cadeia. Mas o sentimento geral é de que as condenações do maior julgamento por estupro na França foram históricas.
E essa história teve um aspecto que chamou muita atenção – destaque no mundo inteiro. Gisele renunciou ao direito ao anonimato, garantido em lei para proteger a vítima. Ela escolheu ter nome e sobrenome divulgados. Escolheu mostrar o rosto. Disse que queria que a vergonha trocasse de lado – da vítima para os estupradores. Virou símbolo da luta de mulheres vítimas de violência. Nesta quinta-feira (19), na porta do tribunal, agradeceu pelo enorme apoio nos últimos meses.
“É com profunda emoção que me expresso diante de vocês. Esse julgamento foi uma provação muito difícil e nesse momento meus primeiros pensamentos estão com meus três filhos David, Caroline e Florian. Estou pensando também nos meus netos porque eles são o futuro — e foi também por eles que eu travei esta batalha. Também estou pensando nas muitas vítimas de violência e nas histórias delas, que muitas vezes permanecem nas sombras”, diz Gisele.
Gisele explicou que decidiu vir a público porque acredita numa transformação coletiva.
“Queria que a sociedade pudesse participar do debate. Nunca me arrependi. Tenho confiança na nossa capacidade de alcançar coletivamente um futuro no qual todos — mulheres e homens — possam viver em harmonia, com respeito e compreensão mútuos.”
Gisele Pelicot
Reprodução/TV Globo
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