A ação não foi confirmada imediatamente pelo governo, mas repercutiu na mídia israelense e foi alvo de críticas de setores mais conservadores da sociedade, como o ministro radical Itamar Ben Gvir. Palestinos dizem que detidos foram torturados nas prisões israelenses. Mohammed Abu Salmiya, diretor do hospital Al Shifa, de Cidade de Gaza e detido por Israel desde novembro, é recebido por sua família após sua libertação, em 1º de julho de 2024
Bashar Taleb / AFP
Israel libertou dezenas de presos palestinos nesta segunda-feira (1º), segundo informações de jornais palestinos. A ação não foi confirmada imediatamente pelo governo, mas repercutiu na mídia israelense e foi alvo de críticas de setores mais conservadores da sociedade, incluindo do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.
Entre os cerca de 50 palestinos libertados está Mohammed Abu Salmiya, diretor do hospital Al Shifa, o maior do território palestino, que havia sido detido em novembro. O grupo teria sido transferido para centros médicos em Gaza.
O hospital foi alvo de uma ação militar israelense no fim de março, sob a alegação de que ele abrigava células terroristas do Hamas.
Israel “libertou dezenas de detentos da Faixa de Gaza, incluindo o doutor Mohamed Abu Salmiya”, através de uma passagem de fronteira ao leste de Khan Yunis, segundo uma pessoa que trabalha em um hospital na cidade de Deir el Balah, no centro do território, e que não teve a identidade revelada.
Cinco palestinos liberados foram internados neste centro médico e os demais foram transferidos para hospitais de Khan Yunis, segundo a mesma fonte.
Ben Gvir criticou a medida nas redes sociais. O Exército afirmou que estava “verificando as informações”.
Denúncias de torturas
Após a libertação, Salmiya afirmou que foi submetido a “graves torturas” durante sua detenção e que sofreu uma fratura em um polegar.
“Os prisioneiros são submetidos a todo tipo de tortura”, declarou o médico em uma entrevista coletiva. “Muitos presos morreram em centros de interrogatório e foram privados de alimentos e remédios”.
“Durante dois meses, os detentos só comeram um pedaço de pão por dia”, disse, antes de mencionar que eles foram submetidos a “humilhações físicas e psicológicas”.
O médico, preso em outubro, afirmou que foi detido “sem ter sido acusado”.
Israel acusa o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, de utilizar os hospitais com fins militares, o que o grupo nega.
O hospital europeu de Khan Yunis anunciou que o diretor do departamento ortopédico, o doutor Basam Miqdad, também foi liberado nesta segunda-feira, “após sua detenção há vários meses”.
Um correspondente da AFP observou vários homens abraçando seus parentes no Hospital dos Mártires de Al Aqsa.
“A libertação do diretor do centro médico Shifa em Gaza, com dezenas de outros terroristas, é uma renúncia à segurança”, escreveu Ben Gvir na rede social X.
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