Articuladores políticos do governo ouvidos pelo blog já admitem que o “preço” para a aprovação do pacote fiscal aumentou muito nos últimos dias. E não se restringe mais à liberação de emendas.
Há um reconhecimento de que, além da pressão para que o governo atue no Supremo para a flexibilização da decisão do ministro Flávio Dino – que coloca novas condições de transparência para as emendas –, vários partidos começam a cobrar espaços no governo dentro de uma reforma ministerial.
A demora para a votação da urgência dos projetos do pacote de cortes de gastos, na semana passada, e a indefinição dos relatores desses textos acrescentaram ainda um novo ingrediente: ao ficar na chuva, o pacote começa a ser alvo de críticas da oposição e do próprio PT, que questiona as regras mais rígidas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O governo recebeu recados da cúpula da Câmara dizendo que o relator só será indicado quando o STF resolver o imbróglio das emendas.
O governo já colocou a Advocacia-Geral da União (AGU) em campo para lidar com o tema. O órgão enviou um pedido de reconsideração a Dino para tentar alterar parte das novas regras definidas na decisão, já chancelada por unanimidade pelo STF.
“Um pacote que já chegou desidratado ao Congresso corre o risco de desidratar ainda mais diante dos ataques da oposição e da defensiva do governo”, reconhece um ministro que acompanha as negociações.
O temor é de que essa indefinição acabe pressionando a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne nesta semana e deve aumentar, mais uma vez, a taxa básica de juros do país.
Câmara avança com primeiros projetos do pacote de gastos
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