Após 50 dias de buscas, foragidos foram recapturados nesta quinta-feira (4) em Marabá, no Pará, a 1,6 mil quilômetros do presídio de Mossoró. Comboio que auxiliava na fuga tinha três carros. Polícia apreendeu armas e celulares. Fugitivos de Mossoró são presos no Pará
Os dois fugitivos da prisão de segurança máxima de Mossoró (RN) foram presos nesta quinta-feira (4) em Marabá, no Pará, a 1,6 mil quilômetros do local da fuga. A prisão ocorreu na ponte que atravessa o rio Tocantins, na BR-222.
Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, fugiram do presídio no dia 14 de fevereiro – foram 50 dias até a recaptura. Foi a primeira fuga registrada no sistema desde sua criação, em 2006.
Os dois homens são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que estava preso na unidade federal de Mossoró e foi transferido para Catanduvas, no Paraná.
Agora recapturados, eles vão retornar para o presídio de Mossoró, que teve a segurança reforçada, segundo o Ministério da Justiça.
Nesta quinta, além dos dois fugitivos, outras quatro pessoas que auxiliavam na fuga foram presas. Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewadowski, Rogério e Deibson “foram ajudados por criminosos externos e tiveram auxilio de seus comparsas e organizações criminosas”.
Nesta reportagem você vai ver:
Quem foi preso?
Onde eles foram presos?
O que a polícia apreendeu com eles?
Para onde eles estavam tentando fugir?
O que acontece agora?
Quem foi preso?
Rogério Mendonça (à esquerda) e Deibson Nascimento são os fugitivos de Mossoró que foram recapturados pela PF e pela PRF
Divulgação/PF
Ao todo, seis pessoas foram presas. Além dos fugitivos da prisão federal, Rogério Mendonça da Silva e Deibson Cabral Nascimento, a PF e a PRF prendeu outras quatro pessoas na operação. A recaptura ocorreu por volta das 13h30 desta quinta-feira.
Os outros quatro presos ainda não tiveram suas identidades reveladas pela polícia. Eles faziam parte do comboio que fazia uma espécie de escolta para a dupla foragida de Mossoró.
A operação contou com 26 homens da PF e da PRF, sendo que a PF prendeu Rogério e a PRF prendeu Deibson.
A operação de recaptura em Marabá envolveu o monitoramento de três veículos que, segundo as investigações, davam cobertura à fuga. A PF do Rio Grande do Norte também monitorava três celulares que estavam com o grupo e que foram apreendidos.
Para efetuar a prisão do grupo, a polícia fechou os dois lados da ponte sobre o rio Tocantins, na BR-222. Assim, conseguiu efetuar a abordagem nos veículos monitorados. A polícia afirma que agiu neste local para evitar uma possível fuga pelo rio.
Ao longo dos 50 dias de buscas, outras sete pessoas foram presas:
Integrante do Comando Vermelho que teria viajado ao Ceará e voltado ao Rio Grande do Norte em um carro para dar apoio aos fugitivos, em 22 de fevereiro;
Duas pessoas presas em flagrante em abordagem da PF durante a apuração da fuga. Os investigadores encontraram armas ilegais e drogas, em 22 de fevereiro;
Johnney Weyd Nascimento da Silva, de 40 anos, foi detido pela Polícia Federal no Acre em 23 de fevereiro. Ele é irmão de Deibson;
Um mecânico, 38 anos, preso por ter escondido os fugitivos em troca de R$ 5 mil, no dia 26 de fevereiro;
Suspeito de 31 anos preso em Fortaleza no dia 8 de março;
Suspeito de ajudar os fugitivos, preso em uma pousada na Praia do Futuro, em Fortaleza em 1º de abril.
Onde eles foram presos?
Distância entre Mossoró e Marabá
Arte/g1
Eles foram presos em uma ponte que atravessa o rio Tocantins, em Marabá, no Pará, a 1,6 mil quilômetros de distância do presídio de Mossoró.
Imagens do momento da abordagem mostram que Rogério foi preso na ponte, enquanto Deibson foi preso na alça de acesso ao local, na BR-222.
Rogério estava em um Jeep e Deibson em um Classic, segundo informações da PRF. Em outro carro, um Polo, estavam os demais criminosos que auxiliavam na fuga.
O que a polícia apreendeu com eles?
Celulares, dinheiro e arma encontrado com fugitivos de Mossoró no Pará
Reprodução/PRF
Com os fugitivos e o grupo que auxiliava na fuga, a polícia apreendeu:
três carros: um Classic, um Polo e um Jeep;
um fuzil com dois carregadores;
oito celulares, sendo que três dos aparelhos estavam sendo monitorados pela PF do Rio Grande do Norte;
um cartão de crédito e uma carteira com dinheiro em espécie.
Para onde eles estavam tentando fugir?
Segundo o ministro da Justiça, Rogério e Deibson estavam tentando fugir para o exterior. Lewadowski não informou para onde a dupla estava indo e qual seria a rota que tinham a intenção fazer até a fronteira do país.
As investigações apontam que, após fugirem do presídio de Mossoró Rogério e Deibson ficaram em uma área próxima nos primeiros dias, local onde os mais de 600 homens da força-tarefa, incluindo da Força Nacional, concentraram as buscas. A intenção dos dois naquele momento era sair do Rio Grande do Norte.
Inicialmente, a polícia fez buscas nas áreas rurais das cidades de Mossoró e de Baraúna, que são ligadas pela estrada RN-015, onde fica o presídio, e que ficam próximas à divisa com o Ceará. Durante a fuga, os fugitivos invadiram três casas e fizeram uma família refém.
Segundo informações da investigação da PF, uma facção criminosa teria ajudado os fugitivos a pagar R$ 5 mil ao dono de uma fazenda que auxiliou na fuga, permitindo que se escondessem em sua propriedade. A última vez que os dois foram vistos na região foi em 3 de março.
Na fuga, os dois ainda fizeram um trajeto durante seis dias em um barco pesqueiro entre o Ceará e o Pará. Eles teriam partido no dia 18 de março em uma embarcação de Icapuí, a 201 quilômetros de Fortaleza, em direção à Ilha de Mosqueiro, na capital Belém.
Ainda de acordo com a polícia, a dupla chegou a Belém em 24 de março. O trajeto foi realizado por via marítima, junto à região costeira.
O que acontece agora?
Rogério e Deibson vão voltar para o presídio federal de Mossoró. Após a fuga, segundo o ministro Lewandowski, o local teve a segurança reforçada. A direção do local também foi trocada.
No dia 14 de fevereiro, o ministro afastou a direção do presídio e escalou um interventor para comandar a unidade. Ele nomeou o policial penal federal Carlos Luis Vieira Pires como diretor interino da prisão.
Lewandowski também determinou revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.
Em 20 de fevereiro, a corregedora do sistema prisional afastou quatro diretores responsáveis pelas áreas de segurança, inteligência e administração da Penitenciária Federal de Mossoró.
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