Estação 14 Bis-Saracura, da futura Linha 6-Laranja do Metrô, pode não sair do papel por atraso expressivo nas obras, diz governo de SP

Obra está com apenas 10% de conclusão. Gestão Tarcísio diz que pedido de autorização para continuação das escavações em áreas com achados arqueológicos, feito em março, não foi respondido até agora pelo Iphan, que nega a informação. Estação 14-Bis pode não sair do papel
O governo do estado de São Paulo informou que a Estação 14 Bis-Saracura, da futura Linha 6-Laranja do Metrô, pode não sair do papel. Isso porque a obra está com apenas 10% de conclusão. O documento que contém a informação, ao qual o SP2 teve acesso, foi enviado no fim de junho para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
No texto, o governo destaca que, desde que achados arqueológicos foram encontrados durante escavações no local das obras no Bixiga, região central da capital, já se passaram 800 dias;
E que, se não forem adotadas medidas de urgência para a aprovação das próximas etapas desse trabalho, as consequências para o futuro da obra podem ser graves, incluindo a interrupção;
O poder público afirma que um pedido de autorização para continuação das escavações em quatro áreas, feito em março, não foi respondido até agora: “São aproximadamente três meses sem um posicionamento do instituto”, diz o documento;
Já o superintendente do Iphan em São Paulo, Danilo Nunes, diz que não há registro desse documento.
“O [documento] de março, que é colocado, não localizamos nas buscas. A gente não encontrou nada, até porque já foram [enviados] pareceres depois disso”, apontou Danilo.
No entanto, o superintendente admitiu que atrasos podem acontecer: “O que você tem é uma sobrecarga de processos de licenciamento, principalmente em São Paulo; 70% dos licenciamentos do Brasil estão aqui, e a gente vem procurando atender no prazo mais rápido possível, nos prazos mais corretos possíveis”.
Situação das obras
Na quarta (17), o SP2 mostrou que todas as estações da futura Linha 6 estão com quase metade das obras prontas, com exceção da 14 Bis, que é a mais atrasada e não tem nem 10% de conclusão. Para efeito de comparação, as estações que ficam ao lado dela estão mais de 40% concluídas.
Para construir a linha que vai ligar a Brasilândia ao Centro da capital, dois tatuzões estão em operação — um deles, no sentido Zona Norte, está entre as estações Itaberaba e Maristela. O tatuzão que segue para o Sul já perfurou o caminho de seis estações e segue para Higienópolis-Mackenzie. Depois dela, fica a 14 Bis.
O tatuzão deve chegar ao Bixiga, na região central, no início de 2025. Para isso, a estação precisa estar escavada. Caso contrário, o governo diz que ele vai passar direto para a próxima parada.
O documento do governo destaca:
“Caso o resgate não se concretize nesse prazo […], o resultado prático dessa situação (ainda hipotética, mas cada vez mais próxima) será a inviabilidade de implantação da estação 14 Bis-Saracura […], o que prejudicaria milhares de passageiros, além dos altos custos envolvidos na eventual necessidade de destruição da estrutura do túnel de via se a estação fosse construída depois”.
O movimento ‘Mobiliza Saracura Vai-Vai’ acompanha os desdobramentos das tratativas entre o governo do estado e o Iphan, do governo federal. Na última visita ao sítio arqueológico, eles fizeram fotos dos vestígios encontrados no local onde ficaria o Quilombo Saracura. Para o movimento, um estudo do local antes da obra poderia evitar a preocupação atual com os prazos.
Rafael Funari, membro do movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai, afirmou: “Em 2018, o Iphan dispensa esses estudos a pedido da concessionária sob o argumento de que seria um espaço consolidado e que não teria interesse arqueológico. Isso é um equívoco. Se tivessem realizado, teriam incorporado no cronograma os trabalhos arqueológicos e não teria esse atraso que estão alegando hoje”.
O que dizem governo, Iphan e concessionária
O SP2 perguntou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por que os estudos arqueológicos foram dispensados, mas não obteve resposta.
O governo do estado reforçou que foram realizadas diversas tratativas entre a concessionária responsável pela Linha 6-Laranja, a empresa de arqueologia e o Iphan, mas essa negociação se estende por mais de 800 dias. Afirmou, ainda, que, conforme cronograma atual, o trecho entre Brasilândia-Perdizes será entregue em 2026; já o trecho Perdizes-São Joaquim, em 2027.
A LinhaUni, concessionária responsável pelas obras, informou que vem cumprindo os prazos e as solicitações estabelecidos pelo Iphan e que todas as atividades de engenharia possíveis de serem executadas, em paralelo ao trabalho de resgate arqueológico, já terminaram.
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