São Paulo – Três policiais militares do 1º Batalhão, da zona sul paulistana, agrediram com socos, chutes e tapas uma autônoma de 23 anos, quando ela estava caída no chão e, após isso, imobilizada com um mata-leão. A violência dos PMs foi registrada em vídeo por uma testemunha (assista abaixo) e ocorreu logo após a meia-noite, do dia 1º, no Jardim São Luís.
Os agentes apresentaram o caso no 11º DP (Santo Amaro), afirmando terem sido vítimas da autônoma, que consta nos registros policiais como indiciada por agressão, desacato, resistência e desobediência.
A violência policial ocorreu um dia antes em que um soldado arremessou um entregador de uma ponte, durante uma abordagem, também na zona sul.
Agredida por PMs
Em depoimento à Polícia Civil, obtido pelo Metrópoles, a autônoma afirmou que estava com parentes e amigos, na Rua Fausto de Gounod, quando os PMs chegaram e se aproximaram “de forma bastante agressiva” do irmão dela.
“Todos já estavam na posição para serem abordados, todavia, uma policial feminina [a soldado Camila Taís Tomaz de Aquino, de 30 anos] se dirigiu em sua direção [da autônoma] e passou a agredir”.
A autônoma segue afirmando que foi espancada por três policiais, como as imagens referendam, entre eles a soldado Camila.
“Enquanto estava no chão, segurava a policial feminina pelo cabelo, ocasião em que um policial chutou suas costas e o outro desferiu socos em seu rosto”, diz ainda o depoimento.
No relato, a autônoma acrescenta que foi “apertada na garganta” com um mata-leão. Durante a violência, algumas testemunhas afirmam que a ação é uma “covardia” e questionam a necessidade da truculência.
Vídeo
Além das agressões contra a autônoma, é possível, no vídeo, ver um PM chamando um rapaz para a briga. A confusão é apartada por algumas testemunhas.
A autônoma e a PM feminina foram encaminhadas a um hospital da região, do qual rumaram, após serem atendidas, para a delegacia.
Versão da PM
A soldado Camila Aquino afirmou, também em depoimento, que foi atender a uma ocorrência de perturbação do sossego, acompanhada de colegas de farda.
Chegando ao local, os PMs visualizaram algumas pessoas bebendo na rua e iniciaram a abordagem — durante a qual o soldado Carlos Henrique Custódio teria sido empurrado pela autônoma, quando o PM se aproximou de um homem.
A PM feminina segue o depoimento afirmando que se aproximou da autônoma, para abordá-la. Segundo a soldado, a mulher teria “ofendido sua honra” chamando-a de “puta, vagabunda e biscate”. A autônoma, ainda segundo a soldado Camila, debatia os braços “no intuito de resistir à abordagem”.
Quando supostamente teria tentando conter a autônoma, a soldado afirmou que foi ferida com um soco na boca. “Na sequência [a autônoma] puxou o cabelo da policial e a derrubou ao chão, ocasião em que se entrelaçaram em luta corporal”, acrescentou a PM.
A suposta luta acabou após outros PMs intervirem, acrescentou a soldado, sem mencionar os socos e chutes dados pelos colegas de farda.
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O que diz a Polícia Militar
Em nota encaminhada ao Metrópoles, a PM afirma que todos os policiais envolvidos na ocorrência estavam com câmeras corporais, cujas imagens, acrescenta, serão analisadas. “A PM possui protocolos de abordagem e os excessos serão investigados e os agentes devidamente punidos”.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que a Polícia Civil também analisa as imagens e investiga “todas as circunstâncias dos fatos”.