Desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a casa do ex-presidente é o único projeto que o criativo fez para a zona rural. Local é aberto a visitação. Fazendinha JK, em Goiás
O Popular / Diomício Gomes
Uma imersão na história. Assim pode ser definida a experiência de quem visita a fazenda que pertenceu ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, em Luziânia, no entorno do DF. Com biblioteca, obras de arte, piscina em forma de JK e mirante, o projeto da fazenda foi o único que o arquiteto Oscar Niemeyer fez para a zona rural.
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A propriedade é conhecida como Fazendinha JK. A historiadora e gestora do espaço, Rosava Servo, explicou que o nome foi mantido no diminutivo porque essa era a forma carinhosa com que o ex-presidente se referia à fazenda.
Rosana Servo informou que JK escolheu o território para testar a agricultura no solo goiano. “Naquela época, uma cerca valia mais que a propriedade. Todo mundo achava que terra no Centro-Oeste não valia nada”, ilustrou.
A historiadora contou que JK realizou uma viagem ao Egito, onde viu alimentos sendo produzidos na areia. Depois disso, ele passou a plantar diferentes culturas na propriedade para provar que o solo vermelho do Cerrado é produtivo.
“O agronegócio do nosso país começou na Fazendinha JK. Juscelino corrigiu o solo, calcariou e adubou. Ele produziu trigo, soja, café, arroz… Ele provou que o Cerrado era viável”, declarou.
Sede da Fazendinha JK, em Goiás
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Sede
De acordo com informações da Secretaria de Estado do Entorno do DF, a sede da Fazendinha JK foi pensada por Oscar Niemeyer a partir de memórias afetivas da infância de Juscelino. Em texto publicado na internet, a secretaria diz que a casa é mantida exatamente como foi deixada pelo político.
“Os móveis, as louças e os livros estão na mesma disposição, possibilitando ao visitante uma viagem no tempo”, diz texto da secretaria.
Obras de artistas reconhecidos também são encontradas na sede da Fazendinha. Pinturas de Chanina Luwisz Szejnbejn, artista polonês, e de Inimá de Paula, pintor de Minas Gerais, estão entre obras do acervo.
“Todas as obras têm dedicatória para JK no verso”, contou Rosana.
Biblioteca
Rosana Servo contou ao g1 que a biblioteca da Fazendinha possui 2,8 mil livros que foram lidos por Juscelino.
“As anotações e resumos que ele deixou nos livros provam que ele realmente leu tudo. São livros de estudo, de história, de geografia e até livro de estudo de inglês”, contou.
A historiadora contou ainda que há livros com dedicatórias para JK escritas por Clarisse Lispector, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, entre muitos outros escritores.
A biblioteca preserva ainda uma mesa de jantar onde o político realizou reuniões e recebeu autoridades.
Biblioteca da Fazendinha JK, em Goiás
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Espaços
Rosana Servo contou que a fazenda possui hoje 27 alqueires, onde o núcleo histórico ficou preservado. Além da sede, que tem na garagem uma Mercedes de 1984 que pertenceu a JK, a fazenda conta com piscina construída no formato das iniciais JK, três represas e um mirante, onde está uma capela também projetada por Niemeyer.
A historiadora contou que o local de construção do mirante foi escolhido por ser um lugar de onde se vê as luzes do aeroporto de Brasília, durante a noite.
“Como JK era proibidíssimo de entrar em Brasília [no período da ditadura militar], as luzes do aeroporto eram tudo que ele tinha”, contou Rosana.
Tombamento
De acordo com Rosana, apesar de os espaços e materiais contarem parte da história de JK, que a historiadora considera o maior estadista do século XX, a Fazendinha JK ainda não foi tombada como patrimônio histórico.
“Pedimos o tombamento porque aqui foi a última morada do ex-presidente, é um projeto único no mundo em propriedade rural de Oscar Niemayer, que tem paisagismo de Roberto Burle Marx. Nos foi negado três vezes sob a justificativa que não se vê apelo histórico, cívico e cultural na Fazendinha JK”, relatou.
O g1 solicitou informações sobre as avaliações feitas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o tombamento da Fazendinha, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
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Propriedade privada
A Fazendinha JK foi vendida à família Servo oito anos depois da morte de Juscelino. Lázaro Servo, que era admirador do político, fez questão de manter tudo intocado, exatamente como o estadista deixou.
Hoje, a propriedade é mantida e cuidada por Rosana e seu esposo, Antônio Servo, que é filho de Lázaro. Apesar de ser uma propriedade privada, a Fazendinha JK é aberta para visitação.
O passeio pode ser realizado em grupo ou individualmente. Em tour guiada pela sede da fazenda e por áreas ao ar livre, é possível passar a manhã ou a tarde na Fazendinha.
Ingressos individuais podem ser adquiridos por R$ 100 (visitação pela manhã ou pela tarde), R$ 130 (visitação pela manhã ou pela tarde, com café colonial) ou R$ 200 (visitação pelo dia todo, com almoço).
Capela, mirante e piscina da Fazendinha JK, em Goiás
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Juscelino Kubitschek
Também conhecido como JK, Juscelino Kubitschek foi um médico e político brasileiro que nasceu em Diamantina (MG) no dia 12 de setembro de 1902. Ele iniciou a carreita política na década de 1930 e foi nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940.
JK assumiu a Presidência da República em 1956 e foi o responsável pela construção de Brasília. Dentro do chamado Plano de Metas, Juscelino executou um projeto de desenvolvimento do país em que o lema era que o Brasil se cresceria “50 anos em 5”.
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