A farmacêutica Mundipharma, distribuidora de uma das empresas protagonistas da crise dos opioides nos Estados Unidos, pagou US$ 39 mil dólares, cerca de R$ 200 mil na cotação desta segunda-feira (16/9), para a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (Sbed), entre 2019 e 2023. O investimento, segundo a própria farmacêutica, foi para promover o uso de opioides no Brasil.
A informação foi revelada na série de reportagens Mundo da dor, uma colaboração do Metrópoles e mais dez veículos, entre eles o site americano The Examination e a revista alemã Der Spiegel. A investigação revela que a Mundipharma reproduz no Brasil, e ao redor do mundo, as mesmas táticas que levaram os Estados Unidos a uma das maiores crises de saúde pública de sua história, do uso abusivo de opioides.
A Purdue Pharma é fabricante do OxyContin, remédio que tem como princípio ativo a oxicodona, substância 150% mais forte do que a morfina e com alto poder de adicção. As táticas de venda e marketing do medicamento foram os causadores da crise dos opioides nos Estados Unidos. O drama na saúde pública americana causou a morte de mais de 500 mil pessoas, estimou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país.
Segundo a Mundipharma disse no dia 10 de setembro a esta investigação, o investimento na Sociedade Brasileira de Estudos de Dor foi para a realização de simpósios educacionais, programas médicos e presenças em congressos do grupo médico. A empresa, entretanto, ressaltou que o aporte financeiro “não foi limitado a essas atividades”.
Em 2018, a Mundipharma parou de promover opioides para médicos nos Estados Unidos, no esteio do processo judicial que corre na Justiça americana. Entretanto, no Brasil, o cenário não é o mesmo. Esses eventos são, na prática, uma forma de promover o uso de opioides.
Leia a reportagem: Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA
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