Um instabilidade no UNA, aplicativo de mensagens utilizado pelo Exército, foi crucial para a Polícia Federal chegar a assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro que monitoraram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Com o app indisponível por conta do bug, eles recorreram ao WhatsApp e, dessa forma, os diálogos caíram nas mãos de investigadores que descobriram um plano para matar o magistrado, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Segundo a investigação, militares sob o comando do ex-ajudante de ordens da Presidência major Mauro Cid iniciaram o monitoramento de Moraes após a eleição presidencial. A operação clandestina foi deflagrada em dezembro e recebeu o nome de “Copa 2022”. Os seis participantes adotaram nomes de países para não mencionarem seus nomes verdadeiros. A comunicação foi concentrada no Una e no aplicativo Signal, para evitar que os dados caíssem nas mãos da polícia.
No dia 15/11 de 2022, ainda na fase preparatória da operação, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira encaminhou a Mauro Cid no WhatsApp um documento protegido por senha, intitulado Copa 2022. “Pelo teor do diálogo, seria uma estimativa de gastos para possivelmente viabilizar as ações”, diz a investigação. Rafael foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (19/11), junto com general Mario Fernandes, que foi ministro interino da Secretaria Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro. Eis o diálogo:
Rafael Oliveira: “Estou com as necessidades iniciais. O UNA está bugado! Depois apaga”.
Mauro Cid: “Manda uma estimativa do valor total”.
Rafael Oliveira: “Aquele valor de 100 se encaixa na estimativa”.
Mauro Cid: “Preciso urgente”
Rafael Oliveira: “Incluso vou transformar o material em dinheiro. Além da acomodação”.
“Pelo que se obteve, o evento Copa 2022 contou com a participação de pelo menos seis pessoas, possivelmente militares de Forças Especiais, registrando, no contexto, a relevante atuação de Rafael Martins de Oliveira”, diz um trecho da investigação.