Após perder audição por conta de câncer na cabeça, mulher em Barretos ganha aparelho e comemora: ‘Poder ouvir é bom’

Elaine Cristina da Silva Santos ficou 5 anos sem ouvir, como sequela da doença. Há 20 dias, paciente recebeu dispositivo do Hospital de Amor para complementar tratamento. Elaine Cristina da Silva Santos, de Barretos (SP), teve perda auditiva por conta de câncer na cabeça
Divulgação/Hospital de Amor
Por cinco anos, a costureira Elaine Cristina da Silva Santos, de 45 anos, não entendia boa parte das conversas que aconteciam ao redor dela. Um tumor na cabeça a deixou surda de um ouvido e com apenas 40% da audição no outro e fez com que a vida dela mudasse completamente.
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Há 20 dias, no entanto, ela ganhou do Hospital de Amor de Barretos (SP) a oportunidade de ouvir novamente. Elaine foi uma das pacientes selecionadas pelo Centro de Reabilitação para receber um aparelho auditivo.
“Antigamente eu não conseguia ouvir direito, todo mundo precisava ficar gritando comigo e não por mal, era pra eu poder entender, poder ouvir. Agora estou me adaptando. Ouvir de novo é bom demais”.
Depois de tanto tempo no silêncio, o barulho, diz a costureira, incomoda um pouco. Mas Elaine garante que é só uma fase que deve passar logo.
“Não estou acostumada com o tanto de barulho que vem, mas já está bem melhor. Não quero tirar [o aparelho] de jeito nenhum”.
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Filha de Elaine, Deise Cristina da Silva Santos não contém a alegria ao ver a mãe feliz novamente.
“Vê-la sentada assistindo um programa que ela gosta, tranquila, isso para mim é muito gratificante. Antes a gente precisava falar gritando pra realmente ela conseguir compreender aquilo que a gente falava. E hoje não é mais assim. Às vezes, a gente está conversando entre nós na mesa e ela está na pia [mais longe], e consegue participar, sabe que a gente está em casa”.
Elaine da Silva Santos com a família em Barretos (SP): alegria ao ouvir de novo após tumor na cabeça
Arquivo pessoal
Além de Deise, Elaine é mãe de Giovana e avó de Olívia. Filhas, neta e o marido Adenilton foram o ponto de apoio que a costureira teve durante todo o tratamento.
A família esteve com ela desde o momento que a doença foi descoberta, após uma crise convulsiva levá-la às pressas para o hospital.
“Foi assim que descobri o câncer. Até então, não sabia que tinha isso e aí tive essa condição e fui para o hospital. Fizeram o exame e deu que eu estava com um tumor na cabeça”, lembra a paciente.
Hoje curada, Elaine foi diagnosticada com meningioma em 2019. Geralmente benigno, o tumor atinge as meninges, que são membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
No caso da costureira, não só o tumor comprometeu a audição como também o tratamento, como conta Rafael Baston, otorrinolaringologista do Hospital de Amor que acompanhou o caso de Elaine desde o início.
“O câncer pode pegar essas estruturas auditivas, mas tratamentos, tanto cirúrgicos, a quimio ou radioterapia, a depender da modalidade que for optada, podem cursar com a perda da audição. Ela tinha um tumor que realmente comprometia a audição e o tratamento também acabou agravando essa perda auditiva”.
Elaine Cristina da Silva Santos, de 45 anos, foi selecionada pelo Hospital de Amor de Barretos (SP) para receber aparelho auditivo
Divulgação/Hospital de Amor
Drogas, quimio e rádio
Além da quimioterapia e da radioterapia, algumas drogas utilizadas no tratamento de um câncer podem implicar no processo de perda de audição de um paciente. Não é raro e nem frequente, mas acontece.
Um estudo publicado em 2016 no Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, por exemplo, apontou que 25,9% dos 116 pacientes acompanhados apresentaram perda auditiva associada a um destes fatores.
No Hospital de Amor, o paciente é monitorado para que, caso esse tipo de sequela ocorra, possa ser revertido de alguma maneira.
“Tem alguns quimioterápicos que podem agredir algumas células do ouvido, então, a depender do tipo de quimioterapia, infelizmente é uma complicação que a gente espera. Por isso a gente até tem o trabalho de monitorização desses pacientes, o acompanhamento, para poder ver se vai ter algum tipo de sequela ou não em relação a isso. Na maioria dos casos, a gente consegue oferecer algum tipo de tratamento e reverter essa perda”, diz Baston.
Fase de adaptação
Ao reverter um quadro de perda auditiva, o hospital passa a acompanhar o processo de adaptação do paciente. É exatamente nesta fase que Elaine está.
Como, no caso dela, havia perda de audição bilateral, o Hospital de Amor entregou para a paciente dois dispositivos, um para cada orelha.
A voz da neta era a que ela mais sentia vontade de ouvir.
“Eu descobri que estava grávida quando ela fez a cirurgia. Eu falo que ela é a minha rede de apoio, porque desde quando descobri que estava grávida, foi um dos motivos que fez ela querer se recuperar muito rápido. Ela cuida da minha menina desde quando a minha menina nasceu. Criamos um hábito, então a gente acabou conseguindo se comunicar por hábito mesmo. Mas como ela não perdeu totalmente [a audição], dava para dar um jeitinho, ‘não entendi’, ‘fala mais alto'”, diz Deise.
Fonoaudióloga do Hospital de Amor, Sarah Carvalhos também acompanha Elaine e explica que o processo de adaptação depende de paciente para paciente, mas é preciso dedicação e paciência.
Isso porque, como, em muitos casos, o paciente acostumado a não ouvir pode se estressar com qualquer barulho.
“O paciente adapta. Aí, vamos supor, faz dez anos que não ouve, no primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto dia, vai achar totalmente estranho, ele está escutando um barulho e não escutava antes. Garfo no prato, passo, máquina de lavar. Não é que esses barulhos não existiam antes, é que ele não ouvia. E aí, às vezes, se o paciente não está disposto a saber que isso faz parte do processo que ele precisa passar, esse processo de adaptação de cérebro, precisa acostumar com todos esses estímulos de novo”.
Segundo Sarah, a perda auditiva pode ser leve a moderada, moderadamente severa, severa e profunda.
Além de Elaine, outros 13 pacientes em tratamento oncológico no Hospital de Amor de Barretos já receberam aparelhos auditivos e passam por adaptação.
O programa, que começou há dois anos e atende exclusivamente via Sistema Único de Saúde (SUS), deve ser estendido até o fim do ano e alcançar também pacientes não oncológicos.
“É um projeto que a gente fica muito feliz em poder estar iniciando em Barretos, para a população que vai ser abrangida pela nossa regional. A gente começou com esses pacientes oncológicos, foram nossa primeira linha, e agora a gente espera que esse projeto cresça. A ideia que a gente aumente essa demanda”, diz Baston.
Para Sarah, poder acompanhar a alegria dos pacientes é o que faz do projeto algo tão único e especial.
“Os pacientes estão muito felizes. Acho que é uma qualidade de vida que a gente dá para esses pacientes, essa reabilitação auditiva que a gente consegue fornecer para eles”.
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