Na palma da mão e na porta de casa: mercados em condomínios facilitam compras e apostam na honestidade dos clientes

Empresas têm como foco a venda de alimentos e bebidas para pequenos públicos e empreendedores tentam expandir para mais residenciais da capital. Sebrae oferta orientação para quem quer investir neste tipo de negócio, chamado de startups. Empreendedor Bruno Vima em uma das unidades da rede de mercadinhos em condomínios
Djavan Barbosa/Jornal do Tocantins
A ideia de ter comércios mais perto das casas para agilizar os afazeres do dia a dia parece um sonho. Com foco nessa busca pela comodidade, empreendedores de Palmas resolveram investir em um tipo de negócio promissor: minimercados instalados dentro de condomínios fechados. Assim, não é preciso ultrapassar os muros para conseguir comprar produtos alimentícios e bebidas.
A facilidade de praticamente não precisar sair de casa tem como aliada a tecnologia. Isso porque o consumidor pode optar por comprar por aplicativos e ainda fazer um autoatendimento, sem depender de filas para conseguir pegar o que precisa.
Na rede de mercadinhos autônomos do empreendedor e servidor público Bruno Vima, de 40 anos, é assim. Dentro da loja não existem caixas ou atendentes. O morador tem à disposição um aplicativo que, ao ser baixado no celular, vai abrir a porta do estabelecimento e indicar os produtos disponíveis.
Ele teve a ideia do negócio baseado em atender as necessidades desse público. Por não ter funcionários, o atendimento leva em consideração a confiança depositada no cliente.
Ao todo, cinco unidades estão espalhadas por condomínios de quadras da região central de Palmas. O melhor é que os mercadinhos ficam abertos 24 horas, sete dias por semana.
Bruno explica que os clientes escolhem os produtos e pagam sozinhos
Djavan Barbosa/Jornal do Tocantins
“Somos uma startup 100% tocantinense, aberta em março de 2022. Iniciamos com uma unidade teste por três meses em uma empresa de tecnologia oferecendo bebidas e lanches aos funcionários. Logo em seguida abrimos nossa primeira unidade em um condomínio residencial”, disse Bruno.
O modelo de negócio teve como base outros empreendimentos similares que deram certo em cidades da região sul e sudeste do Brasil.
No Tocatins, o Sebrae trabalha em um levantamento sobre as startups. Segundo a plataforma Tocantins Digital (TODI), são mais de 90 ativas atualmente no estado. As empresas podem oferecer serviços em vários segmentos. A rede de mercadinhos de Bruno, por exemplo, se enquadra na categoria de varejo.
A aposta tecnológica também foi um diferencial na hora de bater o martelo e botar as ideias em prática.
“O que chamou atenção neste modelo de negócio é a tecnologia embarcada, de modo que oferece muita comodidade e segurança aos clientes. O controle por ser todo remoto por meio dos sistemas de telemetria e acompanhamento pelas câmeras de segurança. Permitindo assim uma flexibilidade de tempo para ter outras atividades profissionais”, explicou.
Erros e acertos
Bruno diz que o gosto pelo empreendedorismo vem de berço, pois o pai e avô foram comerciantes por muitos anos. Mas na nova empreitada, para chegar até o formato desejado, a preparação envolveu muita pesquisa e testes. O primeiro aplicativo escolhido não funcionou como era previsto. Depois, ele optou por mudar para um totem de autoatendimento dentro das estruturas.
Os testes tinham sempre o objetivo de melhorar o atendimento, diferenciado por não ter um ‘atendente’ de fato, e entender as demandas dos clientes.
“Como no totem são vendas anônimas, voltamos a utilizar aplicativo. Com ele podemos ter acesso aos hábitos e perfil de nossos clientes, de modo a auxiliar nas estratégias de vendas da empresa. É com o aplicativo também, que libera o acesso a porta do mercadinho”, explicou.
Vantagens para as todas as partes
A ideia foi oferecida à Aline Loureiro, síndica de um condomínio na região norte de Palmas, que topou ofertar esse serviço aos moradores. Ela contou que estava de olho em mercadinhos para o local, mas esperava a hora certa para escolher a empresa que oferecesse melhores vantagens.
“Depois o próprio Bruno veio conversar comigo. Ele é proprietário aqui no condomínio e falou que tinha esse modelo de mercado e que previa o pagamento de cashback de 4% das vendas brutas para o condomínio e faria o reembolso do valor gasto com a conta de luz. Diante disso achei que compensava muito para o condomínio trazer essa benfeitoria”, explicou a síndica, afirmando que a ideia foi aprovada em assembleia com os moradores.
Bruno mostra para a síndica Aline Loureiro o aplicativo do mercado
Djavan Barbosa/Jornal do Tocantins
Com tudo pronto e instalado, as operações começaram em abril deste ano e em pouco mais de um mês atendendo, o retorno por parte dos moradores está sendo positivo, garantiu Aline.
“Porque tem uma gama bastante diversificada de produtos e tem essa questão de cashback e dá essa comodidade para todo mundo que mora aqui. Os feedbacks são positivos, acham bem cômodo poder comprar os itens dentro do próprio condomínio”, comemorou.
Segurança
Para garantir a segurança dos produtos e das dependências dos mercadinhos, Bruno explicou que o público é restrito somente aos morados e frequentadores dos condomínios. Essa medida facilita na identificação, em caso de furtos.
Para entrar nos mercadinhos, Bruno explica que é preciso ter um aplicativo no celular
Djavan Barbosa/Jornal do Tocantins
Para o futuro, o empreendedor tem planos de abrir mais unidades em outros condomínios de Palmas. “E também a criação de modelos adequados conforme o tamanho do condomínio. Hoje nosso modelo somente é viável para condomínio de no mínimo 80 apartamentos”, explicou Bruno.
Incentivo às ideias inovadoras
Na teoria, uma startup é uma empresa que ainda está em sua fase ‘embrionária’ e por trás existem ideias inovadoras que incluem o uso de tecnologias. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além da inovação, as startups ainda têm como característica possuir certo risco envolvido no negócio.
A ideia de negócio de Bruno veio acompanhada de possíveis riscos e um deles é a ‘confiança’ nos clientes/condôminos. Mas deu tão certo que está fazendo sucesso e se expandindo na capital.
Para ajudar mais pessoas com ideias inovadoras como a do empreendedor, o Sebrae possui programas de consultorias e acesso a créditos às micro e pequenas empresas.
Adelice Thomaz, analista do Sebrae Tocantins, explicou que os interessados em ter mais conhecimento para tocar o negócio podem ter um atendimento customizado por meio do SebraeTec, que oferece apoio envolvendo tecnologia e o foco na melhoria dos processos dentro da empresa.
Outros programas também dão a oportunidade para os empreendedores participarem de eventos nacionais. “O Sebrae Nacional oferece editais como o Inova Amazônia, de ideação e tração, para empresas com projetos voltados para a Bioeconomia”, disse.
A analista também explicou que atualmente, o Sebrae trabalha em um levantamento sobre as startups do Tocantins. Segundo a plataforma Tocantins Digital (TODI), alimentada pela entidade, o estado possui mais de 90 startups ativas atualmente.
As empresas inovadoras então dentro de vários segmentos. A rede de mercadinhos de Bruno, por exemplo, se enquadra na categoria de varejo, junto com outras cinco empresas com modelos de negócios similares.
Confira os segmentos com startups ativas no Tocantins:
Dentro da plataforma de monitoramento das startups ativas também é possível ver em qual estágio de desenvolvimento as empresas se encontram. Conforme o TODI, 26% do total está em fase de ideação e a maioria, 61%, segue em operação. Na fase de tração estão 10% das startups tocantinenses, ou seja, atingiu ‘maturidade’ e negócio segue com consistência. No último estágio, o scale-up, ou expansão, estão apenas 3% das empresas.
Além disso, 65% das empresas estão formalizadas, ou seja, possui CNPJ. Os negócios desse modelo envolvem 223 empreendedores tocantinenses, segundo os dados do Sebrae.
Para quem tem uma ideia inovadora e quer tirar do papel, veja as orientações de Adelice Thomaz:
Tem uma boa ideia de negócio? Veja dicas de como colocar em prática uma startup
Negócio ativo desde a pandemia
A família do empreendedor Alexandre Oliveira teve contato com pequenos mercados dentro de condomínios durante uma viagem ao exterior. A ideia girava em torno da facilidade, comodidade e segurança de ter o que se precisa sem praticamente sair casa. Foi assim que família Vieira de Oliveira resolveu investir nesse modelo de negócio em Palmas, há quase quatro anos. Esse é o tempo médio de idade que possuem as startups tocantineses, conforme o Sebrae.
Na época que a primeira unidade foi inaugurada, o mundo enfrentava o auge da pandemia de Covid-19. Além da necessidade de se manter em isolamento social, havia incerteza se seria válido ter essa ‘confiança’ no cliente. Mesmo assim, Alexandre, a mãe Rosa, e outros parentes resolveram arriscar.
Mercadinhos geridos pela família de Alexandre Oliveira ofertam muitos produtos aos condôminos
Divulgação/Instagram @pmwmercado
“Após aprofundar nossos estudos em cases de sucesso em outros estados, adotar a tecnologia adequada para o autosserviço, definir um padrão de identidade visual e selecionar produtos para nossos mercados, e, impulsionados pela pandemia, que fez com que as pessoas não pudessem ou não quisessem sair de casa, lançamos nosso primeiro mercadinho, em julho de 2020”, contou.
O negócio deu tão certo que passados quase quatro anos, há outras unidades espalhadas por condomínios da região central de Palmas. O empreendedor explicou que como não possui nenhum atendente, o cliente faz o próprio atendimento de forma simples.
“O cliente escolhe os produtos, passa no leitor de código de barras, confere os itens e quantidades no terminal e efetua o pagamento em diversas modalidades: cartão, Pix, vale-alimentação e aplicativos. Esse modelo de mercado é totalmente baseado na honestidade das pessoas, já que não há funcionários nos mercadinhos”.
Daiana Carvalho, síndica de um dos condomínios com unidade do mercadinho de Alexandre, relembrou a época de dificuldades por causa da necessidade de isolamento social e contou que a novidade na época ajudou muito.
“A necessidade bateu na porta e um morador descobriu que o Alexandre estava fazendo esse serviço aqui em Palmas e colocou que seria interessante para a gente pela inviabilidade de sair de casa. E depois da pandemia nunca mais saiu”, explicou Daiana, garantindo que o empreendimento faz sucesso entre os moradores do residencial que gerencia.
Alexandre também comemora o sucesso da ideia pioneira na capital. “Temos clientes fidelizados e sempre baseados no nosso pilar: comodidade, produtos de qualidade superior e atenção ao cliente. Nossos planos para o futuro incluem expandir sem perder a qualidade e o foco que é a satisfação do cliente”, completou.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

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