Assustada, mulher gravou o momento em que o equipamento sobrevoou o imóvel em Santos, no litoral de São Paulo. Outros dois moradores da cidade relataram o sentimento de insegurança. Mulher denuncia drone ‘espião’ na janela de casa enquanto troca de roupa
Uma mulher, de 43 anos, alega ter sido ‘espionada’ por um drone enquanto estava seminua dentro de casa, em Santos, no litoral de São Paulo. Assustada, ela gravou o momento em que o equipamento sobrevoou o imóvel (assista acima). Ao g1, outros dois moradores da cidade relataram o sentimento de insegurança após também serem ‘espionados’.
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“Fiquei tão indignada, tão triste, e ao mesmo tempo me sentindo tão invadida, que a única reação na hora foi pegar o celular para filmar”, desabafou Camila Genaro, escritora e contadora de histórias.
Camila mora em um sobrado no bairro Vila Belmiro. Segundo ela, a ‘espionagem’ aconteceu durante a noite, enquanto estava distraída em casa. “Fui me trocar e a lua estava linda, bem na minha janela [do quarto]. Eu estava só de calcinha. Na hora que fui olhar a lua, vi um negócio piscando bem em cima do telhado”, lembrou .
Moradora de Santos (SP) alega ter sido espionada por drone dentro de casa
Arquivo Pessoal
A mulher acrescentou que, ao perceber a presença do drone, correu para vestir uma camiseta e filmar a situação com o celular. Ela ressaltou que normalmente não se preocupa com a privacidade dentro do quarto, já que não há outras residências na altura da janela ao redor.
“O meu quarto fica na parte de trás da casa. É um lugar onde não tenho vizinhos com janelas diretas, fico como se fosse realmente num caixote”, explicou ela.
Camila publicou o próprio relato nas redes sociais e se impressionou com a quantidade de pessoas que também contaram ter passado pela mesma situação.
“Mesmo com o calor não dormi de janela aberta. Fiquei com medo”. Ela acrescentou estar preocupada com a segurança do marido, dos filhos adolescentes e da nora, que frequenta a casa.
Situação recorrente
Ainda no domingo (12), quando Camila passou pela ‘espionagem’, a jornalista Cidinha Santos, de 67 anos, também viu um drone ‘espiando’ o prédio onde mora, no bairro Ponta da Praia. Segundo ela, a situação no local é recorrente e, inclusive, acontece em horários ‘pontuais’.
“Tive conhecimento desse drone [que sobrevoou a área dela] há uma semana. Moradores que são meus amigos do prédio me chamaram para contar o que tinha acontecido, que o drone ficava entre o quinto e o oitavo andar e parava muito próximo da janela. Por vezes, tentaram fotografá-lo, mas não conseguiram”, relatou ela. “Era intimidador porque ficava muito próximo da janela”.
Drones têm incomodado moradores de Santos (SP)
Alexsander Ferraz/Arquivo A Tribuna Santos
A jornalista explicou que o equipamento costuma se distanciar conforme os moradores percebem a ‘espionagem’ e tomam atitudes. “É sempre entre as 19h e 19h30, depois volta às 21h”, explicou Cidinha, que mora no 11º andar.
“Da minha janela eu via, mas de longe. Desci para observar melhor”, contou Cidinha, que reúne o relato de outros moradores para registrar um boletim de ocorrência em uma denúncia formal à Polícia Civil.
“É bastante complicado porque você não tem liberdade mais”, disse ela. “É muito estranho você se sentir vigiada sem saber a intenção. Por exemplo, não filmaram o meu andar, mas os moradores dos outros andares estão com medo de terem suas vidas publicadas em sites inadequados”.
Sobrevoando o quintal
Além de Camila e Cidinha, uma moradora do bairro Marapé, que preferiu não se identificar, afirmou ter passado pela mesma situação em março. O caso teria acontecido enquanto ela estava em casa acompanhada do marido e da filha.
“Era um final de semana e a gente estava no quintal, como sempre fazemos em um dia de calor. Começamos a ouvir um barulho, que a princípio parecia de bicho, de abelha ou essas coisas”, lembrou ela. “[O som] ficou mais alto e a gente reparou que tinha um drone”.
Segundo a mulher, o drone “deu uma saidinha e voltou”, quando pensou em jogar água ou até uma pedra no equipamento, mas passou a pesquisar medidas legais para este tipo de situação.
A família entrou em contato com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por mais informações sobre qual atitude tomar, mas não recebeu retorno.
“O primeiro pensamento que a gente teve foi de ser alguém que estava fazendo um vídeo da nossa casa para poder vir assaltar depois […]. Não fomos assaltados, pelo menos não até agora, e só depois que vi o post da Camila pensei que talvez pudesse ter sido o mesmo esquema”, finalizou.
O que fazer?
Em nota, a Anac informou que casos de invasão de privacidade são apurados exclusivamente pelas forças policiais e, por isso, podem ser denunciadas por meio dos canais das forças de segurança.
“No âmbito da Anac, as denúncias podem ser realizadas por meio do ‘Fale com a Anac’, no site da agência ou pelo telefone 163. As denúncias recebidas são encaminhadas para o setor de fiscalização, que instaura processo administrativo para apurar o caso quando há elementos que provem infração às normas de aviação civil”, explicou a agência.
Ainda de acordo com a Anac, dependendo da infração, uma denúncia pode ser encaminhada ao Ministério Público e à polícia para que sejam tomadas medidas no âmbito criminal. “Deve ser respeitada a área distante entre os drones e pessoas não anuentes [que não aprovam] a operação”, complementou a Anac.
A agência acrescentou que o espaço aéreo “é de competência do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica, o qual poderá estabelecer limites diferenciados mediante autorização prévia do órgão”.
Ao g1, a Polícia Civil afirmou que drones usados para fins criminais devem ser denunciados à autoridade policial para elaboração de boletim de ocorrência.
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