Human Rights Watch classifica privação de água por Israel em Gaza como ato de genocídio

Governo israelense negou acusação da organização de defesa dos direitos humanos e informou que tem o direito de se defender do ataque do Hamas, que aconteceu em 2023. Criança palestina enche copo com água durante conflito na Faixa de Gaza
Hatem Ali/AP Photo
A Human Rights Watch (HRW), organização de defesa dos direitos humanos, afirmou nesta quinta-feira (19) em um relatório que Israel matou milhares de palestinos na Faixa de Gaza ao privar o acesso a água potável. Segundo a organização, a privação se configura legalmente como atos de genocídio e extermínio, informou a agência de notícias Reuters.
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“Essa política, imposta como parte de um massacre de civis palestinos em Gaza, significa que as autoridades israelenses cometeram crime de extermínio contra a humanidade, que continua em andamento. Essa política também configura um ‘ato de genocídio’ sob a Convenção sobre Genocídio de 1948”, afirmou o HRW em seu relatório.
Israel negou a acusação de genocídio, dizendo que respeitou a legislação internacional e que tem o direito de se defender após o ataque do grupo terrorista Hamas, que aconteceu em 7 de outubro de 2023, e que deu início aos constantes ataques no território palestino.
Segundo a agência, o relatório cita declarações de alguns altos funcionários israelenses que, segundo o HRW, sugerem que eles “desejam destruir os palestinos”, o que significa que a privação de água “pode configurar o crime de genocídio”.
“O que encontramos é que o governo israelense está matando intencionalmente palestinos em Gaza ao negar-lhes a água necessária para sobreviver”, disse Lama Fakih, diretora do HRW para o Oriente Médio, durante uma coletiva de imprensa.
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O Human Rights Watch é o segundo grande grupo de direitos humanos em um mês a usar a palavra genocídio para descrever as ações de Israel em Gaza. Antes, o Amnesty International publicou um relatório concluindo que Israel está cometendo genocídio no território palestino.
Ambos os relatórios foram divulgados semanas após o Tribunal Penal Internacional ter emitido mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-chefe de defesa por supostos crimes de guerra e contra a humanidade. Eles negam as acusações.
A Convenção sobre Genocídio de 1948, promulgada após o massacre de judeus no Holocausto nazista, define o crime de genocídio como “atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.
Palestinos com carroças puxadas por animais coletam água de uma usina de dessalinização, em meio à escassez de água, no centro da Faixa de Gaza
REUTERS/Mohammed Fayq Abu Mostafa
O relatório de 184 páginas do Human Rights Watch afirmou que o governo israelense parou de bombear água para Gaza, cortou a eletricidade e restringiu o combustível, o que impediu o uso das próprias instalações de água e saneamento do território.
Como resultado, os palestinos em Gaza passaram a ter acesso a apenas alguns litros de água por dia em muitas áreas, bem abaixo do limite de 15 litros necessários para a sobrevivência, afirmou a organização.
A campanha de Israel no território palestino matou mais de 45 mil pessoas, deslocou a maior parte da população de 2,3 milhões de pessoas em Gaza e reduziu grande parte do local a escombros. A ofensiva começou após o Hamas matar 1,2 mil pessoas e levar mais de 250 reféns em 2023.

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