O tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo afirmou à Polícia Federal em depoimento que comemorava o aniversário dele em Goiânia no dia em que mensagens do suposto plano para matar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foram trocadas, em 15 de dezembro de 2022. Um número de celular habilitado por Azevedo em nome de terceiros foi rastreado pela PF em locais onde estariam as autoridades naquela data. O militar afirmou que o telefone usado não foi ligado por ele até meados do dia 20 de dezembro daquele ano.
O suposto plano para assassinar Lula e Moraes no dia 15 de dezembro de 2022 foi alvo da Operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro deste ano pela Polícia Federal (PF). Conforme as investigações, foi identificada uma organização criminosa que teria planejado golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do então presidente eleito e atacar o STF. Azevedo foi uma das pessoas presas suspeitas de envolvimento no planejamento criminoso.
No depoimento à PF, Azevedo afirmou que estava em casa no dia da execução do plano assassino. “Tava em casa, tava em casa, eu tenho inclusive testemunhas, era dia do meu aniversário, meu aniversário é dia 15 de dezembro”, afirmou Azevedo ao delegado Fábio Shor no depoimento prestado na última quarta-feira (27/11).
O delegado da PF perguntou se Azevedo tem algo que comprove a presença dele na própria casa no dia 15. Ele responde citando estar na presença de um parente e amigos. Questionado se possui algum registro fotográfico do encontro, responde que não sabe.
Além de Lula e Moraes, o plano assassino, denominado “Punhal Verde e Amarelo” também tinha como alvo o vice-presidente Geraldo Ackmin. A Operação Contragolpe foi autorizada por Moraes e cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas.
O que aconteceu no dia 15 de dezembro
Em 15 de dezembro de 2022, conforme o relatório de investigação da PF, integrantes da missão chamada de “Copa 2022” saíram de Goiânia (GO), onde fica o Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército, com destino a Brasília O objetivo seria colocar o plano em prática. Todo o trajeto na estrada e a movimentação na capital federal, de veículos e celulares vinculados aos envolvidos, foram identificados pelos investigadores da PF. Imagens do pedágio da rodovia e os registros de locação de veículos foram utilizados para o monitoramento.
Os suspeitos ficaram em locais estratégicos, como as proximidades do STF e também do endereço residencial de Moraes, na Asa Sul. Os integrantes da “missão” esperavam pela autorização superior, que, segundo a PF, seria: “cumprir a ordem que seria emanada para prisão/execução (do ministro do STF), caso o decreto de golpe de Estado fosse assinado pelo então presidente da república Jair Bolsonaro no dia 15/12/2022”.
Às 20h59, no entanto, o plano foi frustrado. Os envolvidos na missão utilizaram codinomes de países para não serem identificados (Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Japão e Gana). Nesse horário, “Alemanha” enviou a ordem pelo grupo no aplicativo de mensagens Signal: “Abortar”. A PF aponta, no relatório, que a falta de adesão do Alto Comando do Exército ao intento golpista evitou o prosseguimento da missão.