Acusado de envolvimento em chacina que matou 7 pessoas em bar de Sinop (MT) é condenado a 136 anos

Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro executaram as vítimas após uma partida de sinuca, em fevereiro de 2023. Ezequias morreu um dia depois do crime, durante confronto com a Polícia Militar. A primeira a prestar depoimento foi a mãe e esposa das vítimas Larissa e Getúlio.
Edgar Ricardo de Oliveira, foi condenado a 136 anos, 3 meses e 20 dias de prisão em regime fechado, além de 32 dias-multa pela autoria da chacina que deixou sete mortos em um bar de Sinop, a 503 km de Cuiabá, em fevereiro de 2023. Ele foi a júri nesta terça-feira (15). Ele também foi condenado a indenizar as famílias das vítimas no valor de R$ 200 mil, divido igualmente.
Durante a leitura da sentença, a juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, da 1ª Vara Criminal da Comarca, mencionou as qualificadoras homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel que resultou perigo comum e recurso que dificultou defesa das vítimas por seis vezes, furto e roubo majorado com uso de arma de fogo como agravante.
A primeira pessoa a prestar depoimento foi a mãe e esposa das vítimas Larissa Frasão de Almeida, de 12 anos, e Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, que narrou a sequência dos fatos, no dia do crime.
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Ao relembrar o caso, a testemunha Raquel afirmou que pensava que também iria morrer e que imaginou, no calor do momento, que Larissa tinha se salvado, já que, durante o tiroteio, ela conseguiu correr do bar, mas morreu após ser atingida por um tiro nas costas.
“Ele [Edgar] disparou, mas a arma estava descarregada…eu só não morri porque a bala acabou”, relembra.
Por outro lado, Edgar alegou que, no dia da chacina, decidiu que iria à chácara levar ração para os peixes, mas ao parar em uma casa agropecuária, não encontrou o produto. No entanto, ele decidiu ir ao jogo com Ezequias Souza Ribeiro, que também participou da chacina. Ezequias morreu um dia depois do crime, durante confronto com a Polícia Militar.
Mas, ao ser questionado se foi ao jogo por causa de dinheiro, ele alegou que era empresário e tocava várias obras ao mesmo tempo, não precisando do dinheiro oriundo de disputas.
Durante o depoimento, ele argumentou que não é verdade a informação de que ele e Ezequias saíram matando as vítimas sem precedentes, declarando que “não é assim, ninguém morre de graça”.
Julgamento
Edgar Ricardo de Oliveira, um dos autores da chacina que matou sete pessoas em Sinop será julgado nesta terça-feira (15)
Reprodução/Rede social
O investigador da defesa civil, Wilson Candido de Souza, também prestou depoimento sobre as investigações. Ele conta que em 24 anos de profissão, nunca viu tanta frieza em um crime.
O investigador também reforçou que o motivo da execução foi “prejuízo material do jogo”. Interrogado pelo defensor na viatura, Edgar informalmente disse que não tinha intenção de matar a menina, o defensor consegue extrair da testemunha de que a menina teria sido atingida por “balins” pequenas esferas do cartucho de calibre 12 que se espalham.
Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro executaram as vítimas após uma partida de sinuca, em fevereiro de 2023. Ezequias morreu um dia depois do crime, durante confronto com a Polícia Militar.
A juíza chamou 25 jurados titulares convocados, e sete jurados julgam o caso.
Edgar foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e responde por sete homicídios qualificados, incluindo da adolescente, furto e roubo mediante ameaça grave. De acordo com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), ele participará do julgamento por videoconferência e não há previsão para a duração, podendo se estender até a madrugada desta quarta-feira (16).
O réu está preso preventivamente na Penitenciária Central de Mato Grosso (PCE), na capital, e conforme o TJMT, ele afirmou não ter interesse em participar de maneira presencial. Já a defesa, patrocinada pela Defensoria Pública Estadual, estará no plenário do júri. Edgar terá acesso à entrevista particular com o defensor, antes e durante o julgamento.
Esta é a terceira data marcada para o julgamento. A princípio, o júri havia sido definido pela primeira vez para o dia 18 de junho deste ano, mas a Justiça de Mato Grosso acatou o pedido da Defensoria Pública e remarcou para 5 de novembro, devido a saída do advogado Marcos Vinicius Borges do caso.
O promotor de Justiça, que atua no caso, informou ao juízo que estará de férias entre 29 de outubro à 22 de novembro. A juíza destacou a impossibilidade de designação de um promotor substituto e antecipou o julgamento para esta terça-feira.
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Relembre o caso
Vídeo mostra dupla matando seis pessoas em bar em MT
Um vídeo registrado por um câmera de segurança do bar mostra o momento em que Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma adolescente, após jogo de sinuca, no dia 21 de fevereiro de 2023 (assista acima).
De acordo com a Polícia Militar, os autores do crime perderam a partida, foram buscar mais dinheiro, voltaram ao bar e perderam novamente. Depois de serem alvo de piadas das pessoas que participavam do jogo, foram até o carro e pegaram duas armas.
Os atiradores pedem para que as algumas das vítimas fiquem de costas, viradas para a parede. Um deles pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e chega atirando. Algumas vítimas tentam correr, mas são atingidas já fora do bar por tiros de espingarda.
Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos e fogem em uma caminhonete que estava estacionada em frente do bar.
As vítimas foram identificadas como:
Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos;
Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos;
Elizeu Santos da Silva, de 47 anos;
Josué Ramos Tenório, de 48 anos;
Adriano Balbinote, de 46 anos;
Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos;
Larissa Frasão de Almeida, de apenas 12 anos, filha de Getúlio.
Vítimas foram mortas em um bar em Sinop por dois homens que não aceitaram perder um jogo de sinuca.
Reprodução
Dois dias após o crime, Edgar se entregou à polícia depois de saber da morte de Ezequias, durante um confronto, que aconteceu em uma área de mata, próxima ao aeroporto de Sinop.
O suspeito foi atingido e chegou a ser encaminhado ao Hospital Regional do município, mas não resistiu aos ferimentos.

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