São Paulo – Frustrada com as poucas aparições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado de Guilherme Boulos (PSol), a campanha do psolista à Prefeitura da capital paulista não elaborou um plano B para lidar com as ausências do petista e tentar crescer entre os eleitores da periferia da cidade.
Inicialmente, a campanha previa ao menos cinco agendas de Boulos junto do presidente no primeiro turno: duas em agosto, duas em setembro e mais uma no dia 5 de outubro, um dia antes da votação.
As duas agendas de agosto de fato ocorreram, no dia 24, com comícios no Campo Limpo, na zona sul, e em São Mateus, na zona leste paulistana. As outras duas agendas previstas para este mês, que seriam no sábado (28/9), foram canceladas pela viagem de Lula ao México para participar da posse da presidente Claudia Sheinbaum.
O cancelamento do petista a menos de uma semana preocupou o núcleo duro da campanha, que vê em Lula a possibilidade de alavancar Boulos entre a população de baixa renda, na qual um terço do eleitorado da cidade se concentra e onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) lidera em intenções de votos.
Publicamente, Boulos nega qualquer problema com a ausência do presidente e celebra o fato de ser o único candidato com quem Lula participou de uma agenda de campanha até o momento, tendo tratado a eleição em São Paulo como uma de suas prioridades.
Transferência de votos para Boulos
Já aliados do psolista se preocupam com o fato de não terem visto, ao menos nas pesquisas, a transferência de votos esperada do presidente para Boulos na cidade. No segundo turno de 2022, Lula recebeu 53,54% dos votos dos paulistanos, contra 46,46% de Jair Bolsonaro (PL).
Outra questão que alarma integrantes da campanha é que o uso da imagem de Lula, seja em propagandas no rádio e na TV, ou em publicações nas redes, parece ter se esgotado. A presença física do petista nas agendas de rua, na avaliação do entorno de Boulos, forneceria novo material e reforçaria o apoio do presidente, levando novo fôlego à campanha.
A equipe de Boulos tem mantido as apostas de virar votos com a agenda prevista com Lula para o dia 5 de outubro, um sábado, chamada de “caminhada da vitória”, onde os dois devem promover um ato na região central da capital.
Alguns integrantes da coligação tem questionado se a campanha não deveria elaborar um plano B, já que Lula não tem sido presença constante fisicamente. Uma opção tem sido a de investir mais em agendas da vice de Boulos, Marta Suplicy (PT), nos bairros de periferia. Marta, no entanto, tem feito poucas aparições públicas.