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Veja os Powerpoints do desvio de joias do clã Bolsonaro

O relatório da Polícia Federal sobre o caso das joias de Jair Bolsonaro (PL) usa Powerpoints para ilustrar as relações entre pessoas e itens apropriados. Ao todo, o ex-presidente teria lucrado R$ 25,2 milhões com a venda ilícita de bens. Um trecho do documento chega a citar o que chama de “enriquecimento inadmissível pelo Presidente da República, pelo simples fato de exercer uma função pública”.

O documento da PF traz detalhes sobre o “uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens”, com “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito”, como traz textualmente a investigação. A Polícia Federal ilustrou desta forma a apuração:

Barco e árvore

Dois dos itens apropriados por Bolsonaro foram nomeados de “barco e árvore dourados”. A suspeita indica que Mauro Cesar Lourena Cid, o pai de Mauro Cid, teria guardado em sua casa na cidade de Miami ambos os objetos, que “possivelmente foram dados como presentes oficiais de autoridades estrangeiras” a Bolsonaro em viagens internacionais.

“Em seguida, Mauro Cesar Lourena Cid e seu filho Mauro Cesar Barbosa Cid encaminharam os objetos desviados, pertencentes ao acervo público brasileiro, para estabelecimentos comerciais especializados, para serem avaliados e alienados (diretamente e/ou por leilão)”, aponta o relatório.

Além disso, Mauro Cesar Lourena Cid recebeu, em nome e em benefício de Jair Bolsonaro, pelo menos US$ 25 mil, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente. Segundo a PF, isso visou, de forma deliberada, “não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal”.

“Os dados ainda indicam a utilização de uma conta bancária, provavelmente vinculada a Lourena Cid, para movimentação de valores, que podem ser oriundos da venda de outros itens ainda não identificados, recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e desviados do acervo público brasileiro, pelos investigados.”

Para ilustrar isso, a Polícia Federal elaborou o diagrama abaixo:

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Kit ouro branco

Outra ilustração foi feita para explicar a movimentação do “kit ouro branco”, que tinha um anel, abotoaduras, um rosário islâmico e um relógio da marca Rolex, de ouro branco. O kit foi entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro na visita oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019.

Veja o “diagrama de vínculos” que a PF elaborou com as principais informações do evento:

 

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Relógios

O relatório também indica que Mauro Cid, em 13 de junho de 2023, viajou para a cidade de Willow Grove, no estado Pensilvânia (EUA), e se deslocou até a sede da loja Precision Watches, concretizando a venda de um relógio Rolex e de um relógio da marca Patek Phillipe Calatrava, por US$ 68 mil.

O valor, que, convertido soma mais de R$ 372 mil, foi depositado na conta bancária do pai de Mauro Cid no mesmo dia. “Diante do exposto, há fortes indícios de que o relógio Patek Phillipe, objetos das imagens identificadas, teria sido presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em novembro de 2021, por autoridades do Reino do Bahrein e posteriormente vendido para empresa Precision Watches na data de 13 de junho de 2022.”

Os eventos dessa data foram ilustrados dessa forma:

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A reportagem tenta contato com a defesa dos nomes citados. O espaço segue aberto para manifestações.

Sigilo derrubado

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou, nesta segunda-feira (8/7), o sigilo do caso das joias. Moraes considerou que, com o relatório final do caso apresentado pela Polícia Federal na semana passada, não há razão para manter o processo sob discrição.

Agora, a Procuradoria-Geral da União terá o prazo de 15 dias para pedir mais provas, arquivar o caso ou apresentar denúncia.

O relatório da PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 11 pessoas no caso em que é apurada a venda ilegal no exterior de joias recebidas durante o mandato presidencial. A PF concluiu que houve crime de peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia criminosa.

Veja quem são os indiciados:

Jair Bolsonaro: ex-presidente da República, acusado de fazer parte do esquema de venda de bens entregues por autoridades estrangeiras. O valor arrecadado com a venda dos itens teria a finalidade de ser incorporado ao patrimônio dele;
Bento Albuquerque: então ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro. Foi indiciado por peculato e associação criminosa;
José Roberto Bueno Jr.: oficial da Marinha do Brasil. Foi indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Júlio Cesar Vieira Gomes: auditor que chefiou a Receita Federal no governo Bolsonaro. Foi indiciado por peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa;
Marcelo da Silva Vieira: então chefe do gabinete de documentação histórica da Presidência da República. Foi indiciado por peculato e associação criminosa;
Marcos Soeiro: ex-assessor de Albuquerque, que carregou a mochila com as joias. Indiciado por peculato e associação criminosa;
Mauro Cesar Cid: ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foi indiciado por peculato, ato de apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Além de associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Fabio Wajngarten e Frederick Wassef: advogados da família Bolsonaro. Wassef entrou em ação após o caso do desvio de um kit contendo um relógio da marca Rolex. Ele chegou a ir aos Estados Unidos recuperar o item, que foi entregue a Cid. Ambos foram indiciados pela PF por lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Mauro Cesar Lourena Cid: pai do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Cid, ocupou cargo no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami. Segundo a PF, ele teria negociado a venda dos itens nos Estados Unidos. Foi indiciado por lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Osmar Crivelatti: então assessor de Bolsonaro. Indiciado por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Inquérito

A Polícia Federal abriu inquérito, em 2023, para investigar as tentativas do governo Bolsonaro (PL) de entrar ilegalmente com joias da Arábia Saudita no Brasil. Os objetos foram avaliados em R$ 5 milhões.

O estojo de joias – com anel, colar, relógio e brincos de diamante, oriundos da Arábia Saudita – estava retido na Receita Federal, em São Paulo, e foi entregue à PF, em 5 de abril.

O estojo foi apreendido no Aeroporto de Guarulhos, ainda em 2021, quando as peças chegaram ao Brasil na mochila do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Depois, descobriu-se que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou outros dois presentes da Arábia: o primeiro, o próprio mandátario recebeu em 2019; o segundo presente veio com o estojo apreendido, mas passou incólume pela fiscalização da Receita.

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