Caso ocorreu, no bairro Ribamar, em Peruíbe (SP). Extra informou que iniciou um processo de apuração interna sobre o caso e que segue em andamento. Rapper negro sofre racismo e é acusado de furtar chocolate em mercado no litoral de SP
Um estudante e rapper, de 17 anos, alegou ter sido vítima de racismo ao ser acusado de furtar um chocolate em um mercado em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ao g1, Kaique Oliveira Alves contou que foi ameaçado pelo segurança e funcionários do estabelecimento. Em nota, o mercado Extra informou que, assim que tomou conhecimento do caso, iniciou um processo de apuração interna, que segue em andamento (leia mais abaixo).
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Kaique estava no mercado para comprar salgadinho, suco e refrigerante com a namorada. Após passar pelo caixa, um segurança o ameaçou e disse que o viu colocando um chocolate na mochila. O caso ocorreu em um estabelecimento localizado na Avenida Padre Anchieta, no bairro Ribamar, no dia 8 de maio.
Ele negou o furto, mas o funcionário continuou acusando o jovem. Irritado com a situação, o adolescente abriu a mochila, que era da namorada, e jogou tudo no chão. O segurança chamou outros dois funcionários, que também o ameaçaram.
Ele recolheu os pertences do chão e foi até uma praça com a namorada para avisar os pais dele sobre a situação. Os responsáveis foram até o mercado e um dos funcionários chamou o pai dele, o professor Ricardo Alves, de 46 anos, em um canto afastado. O funcionário acusou o filho do homem de furto e disse que o jovem fazia isso frequentemente com amigos da escola.
Confusão no mercado
Após insistir, os funcionários do mercado deixaram que o pai visse as filmagens. Segundo ele, elas mostram o adolescente pegando um salgadinho, entregando para a namorada, abrindo o bolso menor da mochila e tirando o celular. Na sequência, eles caminham até o caixa.
Kaique disse que, depois dessa cena gravada pela câmera, ele pegou um chocolate na parte onde ficam produtos próximos ao vencimento, mas desistiu de levá-lo e deixou perto da água sanitária. Segundo o pai, quando a família provou que não houve furto, os funcionários começaram a falar que tinha um fundo falso na mochila.
“Houve discussões e tentativa de agressões por parte de funcionários do supermercado, que partiram para cima do meu filho e ele só não bateu porque minha esposa entrou na frente”, disse o professor.
Quando a família alegou que os funcionários estavam sendo racistas, eles negaram. A Polícia Militar foi acionada ao local. “Revoltante, inclusive por não ser a primeira vez que estou passando por uma coisa dessas, por ter amigos que já passaram pela mesma coisa”, afirmou o rapper.
Segundo o pai, entre os funcionários que acusaram o filho dele tinham pessoas negras cometendo o racismo. “Ele não teve um braço quebrado, não tomou um tiro nas costas, não aconteceu nada de mais grave como a gente vê tantas outras histórias que não deu tempo de [alguém] socorrer”.
A família ficou traumatizada. “Meu filho já tinha problema de depressão, de certa forma, isso agravou. Está desenvolvendo síndrome de pânico com medo de sair para a rua e nós não estamos seguros de deixá-lo sair porque a gente não sabe quem são essas pessoas que inclusive o ameaçaram”.
Ricardo afirmou que, com a PM no local, realizou uma notificação de ocorrência, mas que nenhum tipo de crime foi colocado no documento. Além disso, apenas o nome do gerente constava no registro, o que dificultou a geração de um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.
O caso foi registrado como preconceitos de raça ou de cor – injúria de forma online e também presencialmente na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo.
“Difícil. Me sinto revoltado, foi humilhante o que passei ali na frente, tanto para mim quanto para minha namorada”, disse Kaique.
O que diz o Mercado?
Funcionários de mercado, no bairro Ribamar, acusaram adolescente, de 17 anos, de furtar chocolate
Arquivo Pessoal
Em nota, o Mercado Extra informou que a rede repudia veementemente quaisquer atitudes discriminatórias e tem o respeito e a inclusão como valores e compromissos inegociáveis, em alinhamento com o Código de Ética e Política de Diversidade, Inclusão e Direitos Humanos, disseminados a todos os colaboradores.
Sobre o episódio relatado, informou que tenta contato com familiares do cliente para o apoio, transparência e esclarecimentos que forem necessários, bem como para que possam ser tomadas as decisões cabíveis.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo esclareceu que a conduta dos policiais militares não condiz com as diretrizes e protocolos das instituições, portanto eles serão prontamente reorientados. As equipes policiais são constantemente treinadas para prestar o atendimento necessário às vítimas, como previsto na legislação vigente, em qualquer ocorrência de crime ou de denúncias.
Segundo a pasta, o delegado do 1° Distrito Policial (DP) de Peruíbe determinou diligências visando ao total esclarecimento da ocorrência e que as Corregedorias das Instituições estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra seus agentes.
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