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Projeto que criminaliza assédio moral tramita há 23 anos no Congresso

O Congresso analisa há 23 anos um projeto de lei que define o assédio moral como crime. A demora faz com que o Brasil siga num limbo jurídico sobre o tema. A proposta foi aprovada pela Câmara há quatro anos e, desde então, está travada no Senado.

O projeto de lei foi apresentado em maio de 2001 pelo então deputado Marcos de Jesus, do PL de Pernambuco, que estava em seu primeiro mandato.

Leia todas as reportagens da série especial “Uma acusação de assédio abala o governo Lula”

Naquele ano, o presidente foi Fernando Henrique Cardoso; a Câmara foi comandada por Michel Temer e Aécio Neves; George W. Bush assumiu a presidência dos Estados Unidos; as Torres Gêmeas em Nova York foram atacadas; a cédula de R$ 2 foi lançada; Cássia Eller morreu; e a Globo estreou “A grande família” e “O clone”.

Um fato, contudo, não mudou: o país segue sem uma lei de âmbito nacional que trate assédio moral como crime. Há punições previstas na Justiça Trabalhista e em âmbito administrativo no serviço público, mas não na seara penal. A exemplo de comparação, o Congresso incluiu o assédio sexual no Código Penal naquele mesmo ano, em 2001.

“Conduta nociva e perigosa que urge coibir”, escreveu o deputado Marcos de Jesus na justificativa do projeto de lei. E definiu o assédio moral como a “violência consubstanciada no comportamento abusivo que atinge o psicológico e emocional do cidadão”, acrescentando: “É a prática reiterada que é temperada o mais das vezes pela ironia, mordacidade e capricho, com evidente desvio de poder”.

O parlamentar sugeriu uma pena de três meses a um ano de prisão e multa a quem cometesse assédio moral, ou “desqualificar reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a auto-estima, a segurança ou a imagem” do empregado.

O deputado, que foi auxiliar de enfermagem e apresentador de TV, deixou a Casa em 2007, seis anos depois de apresentar o projeto, que ainda dormitaria por muitos anos. Seria apenas em 2019, no início do governo Bolsonaro, que o texto receberia o aval do plenário da Câmara.

Os deputados consideraram assédio moral como “ofender reiteradamente a dignidade de outro, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental no exercício de emprego, cargo ou função”, com pena de um a dois anos e multa. Em março daquele ano, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enviou a proposta ao Senado, então presidido por Davi Alcolumbre.

No Senado, o texto pouco avançou. Segue desde então na Comissão de Constituição e Justiça e teve o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, como relator. Nenhum relatório foi apresentado e a matéria continua no colegiado. Há mais de um ano, o projeto de lei aguarda um novo relator.

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