São mais de 20 mil noticiários distribuídos em 8, 44 mil latas de filmes de 35 milímetros. Cinemateca Brasileira retoma projeto de reativação do Canal 100
O Jornal Nacional desta quinta-feira (19) trouxe uma notícia ótima para quem guarda na memória a beleza do futebol que os brasileiros costumam encontrar nas telas gigantescas dos cinemas. A cinemateca brasileira vai restaurar imagens e sons do saudoso canal 100.
Ferramentas e equipamentos que resgatam memórias. A inconfundível música de abertura do Canal 100 anunciava o jornal que passava nos cinemas como se fosse um trailer – antes dos filmes estrangeiros, entre 1957 e 1986.
Um marco na cobertura esportiva e cultural do país. Criado pelo cineasta Carlos Niemeyer, o programa revolucionou a forma de mostrar o futebol com técnicas inovadoras de filmagem.
“Você tinha close dos jogadores, pé dos jogadores, ele transformou o futebol num fragmento de expressões, isso era muito importante, era muito inovador. O Canal 100 mostrou o futebol brasileiro no seu auge. Quem viu aquilo viu, quem não viu não vai ver mais”, diz o cineasta Ugo Giorgetti.
Projeto da Cinemateca Brasileira restaura filmagens do Canal 100
Jornal Nacional
Agora vai poder ver. A Cinemateca Brasileira lançou o projeto de recuperação, catalogação e digitalização do acervo do Canal 100. São mais de 20 mil noticiários distribuídos em 8, 44 mil latas de filmes de 35 milímetros.
“Tem filmes que a gente consegue fazer a duplicação fotoquímica, que eles passam na máquina, e tem filmes que já não conseguem passar nestes equipamentos e aí a gente faz a preservação digital”, diz Julia Quadros, técnica de restauração.
O projeto de restauração começou em 2011, em São Paulo, mas precisou ser interrompido dois anos depois por falta de recursos. Agora, um investimento de R$ 22 milhões dos governos federal e estadual, em parceria com empresas privadas, possibilitou a retomada, com o objetivo de disponibilizar, até 2026, 30 horas de conteúdos gratuitos no site da Cinemateca.
“O Canal 100 é um acervo extremamente rico, justamente por ter essa amplitude é que ele é fundamental, porque nos conta um período da história deste país”, destaca Maria Dora Mourão, diretora da Cinemateca Brasileira.
A volta do Canal 100 passa por um processo de recuperação de materiais delicados, por isso o uso de luvas e equipamentos de proteção para lidar com rolos de filmes antigos e roteiros originais da época.
Há 55 anos, através de uma linguagem informal, foi assim que milhões de brasileiros acompanharam o milésimo gol de Pelé:
“Completavam-se as mil alegrias de um rei, anotado em todo o mundo como um dos fatos esportivos mais importantes da década de 60.”
E você sabe o que o Canal 100 e o Jornal Nacional têm em comum? Compartilharam a voz do narrador e apresentador Cid Moreira, locutor oficial do Canal 100.
“O Cid Moreira era exclusivo do Canal 100, aquela voz inconfundível, e o Jornal Nacional contratou o Cid Moreira! E tiveram que dividir o Cid Moreira durante uns 10 anos”, resgata Alexandre Niemeyer, produtor de cinema.
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