Principal desafeto dos bolsonaristas no STF, o ministro Alexandre de Moraes se tornou o relator da investigação que apura o suposto desvio da cota parlamentar pelo deputado Gustavo Gayer (PL-GO) por já comandar o inquérito do 8 de Janeiro.
Na decisão em que autorizou a operação de busca e apreensão da Polícia Federal contra o parlamentar bolsonarista nesta sexta-feira (25/10), Moraes afirma que a investigação contra Gayer é um desdobramento do inquérito do 8 de Janeiro.
Como noticiou a coluna, as investigações contra o deputado do PL tiveram origem no material que constava no celular do dono de um site de notícias de Goiás. Trata-se do empresário João Paulo de Souza Cavalcante, dono do portal “Goiás Online”.
O celular de João Paulo foi apreendido pela PF no âmbito do inquérito que investiga as invasões golpistas do 8 de Janeiro de 2023. O empresário é suspeito de ter financiado, incitado e participado das invasões às sedes dos Três Poderes.
Após ter acesso ao celular do empresário com base em outro inquérito, a Polícia Federal diz ter colhido elementos que levaram à investigação sobre desvios de recursos do gabinete de Gayer, o que gerou a operação desta sexta-feira (25/10).
Após analisar os dados do celular de João Paulo, a PF enviou uma representação sobre o caso ao STF. Nela, a Policia Federal narra a prática de quatro condutas criminosas praticadas por associação criminosa, cuja figura central seria Gustavo Gayer. São elas:
Peculato desvio, supostamente configurado na contratação do assessor João Paulo de Sousa Cavalcante, por intermédio da empresa “Goiás Online” (art. 312, caput, do Código Penal);
Peculato desvio, supostamente configurado através do uso de verba pública para remuneração de empresa particular (art. 312, caput, do Código Penal);
Falsificação de documento particular, supostamente configurado na aquisição de OSCIP mediante falsificação de documento particular (art. 298 do Código Penal); e
Associação criminosa (art. 288 do Código Penal).
Na representação, a PF menciona que Gayer tentou contratar João Paulo como seu assessor na Câmara, mas não conseguiu, porque ele tinha condenações na Justiça. O deputado, então, contratou João Paulo por meio da empresa Goiás Online.
A operação contra Gustavo Gayer e assessores de seu gabinete na Câmara foi deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira (25/10). Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes.
A investigação apura uma suposta associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos da cota parlamentar e falsificação de documentos para criação de Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
A operação da PF envolveu cerca de 60 policiais federais, que cumpriram 19 mandados de busca e apreensão em cinco cidades diferentes: Brasília (DF), Cidade Ocidental (GO), Valparaíso de Goiás (GO), Aparecida de Goiânia (GO) e Goiânia (GO).
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