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Pesquisadores descobrem que árvores tropicais têm poder de remover CH4, um dos gases mais poluentes da atmosfera

Estudo feito por brasileiros mostrou que as árvores tropicais convertem metano em gás carbônico, diminuindo o potencial de efeito estufa. Descoberta foi publicada na revista científica Nature. Pesquisa mostrou que troncos de árvores tropicais removem CH4, um dos gases mais poluentes de efeito estufa, da atmosfera
Alex Enrich Prast
Pesquisadores do Instituto do Mar (IMar), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), descobriram que troncos de árvores tropicais removem o metano (CH4), um dos gases mais poluentes do efeito estufa, da atmosfera. Segundo o pesquisador Alex Enrich Prast, a novidade científica reforça a necessidade da preservação de áreas florestadas por parte das políticas públicas.
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O objetivo da pesquisa, desenvolvida no do campus da Baixada Santista, no litoral paulista, foi apurar o papel das árvores em relação ao metano atmosférico. A hipótese inicial era que os troncos das árvores poderiam ter um papel significativo na absorção de metano, o que ocorre em solos tropicais, conhecidos por serem sumidouros de metano.
O pesquisador Alex Enrich Prast considera o resultado surpreendente. “Muita gente falava que não tinha o que fazer para combater o aumento do metano na atmosfera e, hoje em dia, gente sabe que [a solução] é manter as florestas, aumentar a área florestada porque as florestas têm essa capacidade”.
A informação, até então, era desconhecida no meio científico. “A gente descobriu isso e ficou impactado. É uma coisa muito relevante para a ciência. Para as políticas públicas é mais um ponto a favor de preservação de áreas que estão florestadas”, disse Prast, sobre o estudo publicado na revista científica Nature.
A descoberta, segundo ele, abriu um leque de novas questões a serem solucionadas pela ciência:
Pesquisar quais são os micro-organismos que estão dentro das árvores;
Se a árvore velha assimila mais ou menos metano que as novas;
Se as árvores estão sofrendo efeitos das mudanças climáticas;
Se as árvores vão perder ou maximizar essa capacidade;
Se o Cerrado tem essa capacidade e se é maior ou menor que a Amazônica;
Se existe alguma espécie que tenha capacidade maior ou menor.
“Você descobre um novo mundo. Foi o que a gente fez”, destacou Prast.
A pesquisa 🪵
Pesquisador do IMar da Unifesp, Alex Enrich Prast
Arquivo Pessoal
Prast contou que a pesquisa é construída há 10 anos, sendo que duas expedições foram realizadas à Amazônia. Os resultados iniciais foram publicados na Nature, em 2017, e mostravam que as árvores são emissoras do metano.
“Depois, quando a gente foi além, começou a pesquisar com mais profundidade, a gente percebeu que as árvores também assimilavam. Esse é um trabalho inédito que a gente mostra pela 1ª vez que as árvores amazônicas assimilam metano da atmosfera, principalmente as tropicais”, disse.
Além do processo de fotossíntese em que as plantas pegam CO2 da atmosfera, a pesquisa mostra que os troncos transformam o metano atmosférico em CO2, ou seja, convertem CH4 em CO2, diminuindo o potencial de efeito estufa do átomo de carbono.
“O CO2 é um gás causador de efeito estufa, ou seja, absorve radiação infravermelha e faz a terra ficar mais quente. Metano é um gás que a concentração é mais baixa que CO2, mas tem uma capacidade de causar efeito estufa em torno de 23 vezes mais poderosa”, disse.
Ele ressaltou a importância de aumentar os recursos para a ciência no país. “Esse tipo de descoberta só é possível quando tem estrutura e investimento em conhecimento. Tem que aumentar esse investimento para que os brasileiros possam fazer mais essas descobertas”.
O estudo foi desenvolvido pelo IMar da Unifesp, em parceria com os pesquisadores Vincent Gauci e David Bastviken das Universidades de Birmingham (Reino Unido) e de Linkoping (Suécia), respectivamente.
Medições🌳
Estudo analisou amostras de troncos de árvores de diversas espécies e regiões geográficas, com a medição da concentração de metano na superfície da casca e no entorno
Alex Enrich Prast
O estudo analisou amostras de troncos de árvores de diversas espécies e regiões geográficas, com a medição da concentração de metano na superfície da casca e no entorno, além do uso de técnicas de espectrometria de massa para quantificar a absorção do gás.
As medições indicaram que, em certas espécies de árvores, os troncos podem ser responsáveis pela remoção de até 30% do metano que passa por elas, sendo relevante às florestas tropicais, onde a densidade e a diversidade de árvores são maiores.
“[O resultado] ajuda a justificar mais e mais a preservação de florestas em pé e não cortadas. É uma satisfação múltipla, a gente fica muito contente. A gente tinha dados que não faziam muito sentido e quando começou a explorá-los, chegou e confirmou o que tinha de indícios”, finalizou.
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