E o fundo repleto de borboletas multicoloridas, como os peixes e outros seres. Tudo em meio ao azul. A visão, invertida, é linda, real, prazerosamente fixada na memória!
Loucura? Não; é a experiência de submergir 20/30 metros num mar de água clara e que ainda tem multidões de peixes variados.
Sentir-se peixe/pássaro, pairar no ar/água/mar, sentir gravidade zero! Ser/estar frágil num ambiente que é outro, diverso e de outros.
Situação que revela a importância e a delícia de experimentar outros pontos de vista, de se colocar no lugar do outro, de tentar sentir como o outro, aproximar-se, aprender, ampliar o conjunto de noções compartilhadas e, pois, as chances de construir a paz e uma cultura de paz!
Construção urgente hoje, quando voltaram a soar forte os tambores de guerra e a explodir guerras tão reais quanto absurdas, conduzidas por loucos buscando supremacia mediante o fim de tantos outros, criminosa e arrogantemente ignorando a conhecida verdade: conquistada pela força, a superioridade é sempre falsa e fugaz!
Como um peixe, planando ao lado do penhasco, se vê, à esquerda ou à direita, para cima e para baixo, imenso jardim vertical, cheio de variada vida-alimento para peixes, pássaros, mamíferos e outros; à direita ou à esquerda, a depender do rumo da corrente marinha que nos envolve, para baixo, para cima e para longe, o azul infinito do mar/céu, tão pródigo quanto ameaçado.
Colocado em risco por certo mamífero que se crê o ápice entre as espécies e sonha ter mais poder inclusive sobre seus semelhantes.
Todos: céu, mar, peixes, pássaros, plantas, cetáceos, micróbios, supostos sapiens…. Grandes e pequenos, todos fonte e sumidouro de vida, com tanto em comum, inclusive o destino da biosfera, ameaçada pela ganância e pelos obscuros negócios que conduzem às brutais e estúpidas guerras!
Voar como peixes, mergulhar como borboletas, subir aos mares e descer aos céus, flutuar, caminhar sobre e sob o solo , como formigas e minhocas.
Ver como o outro, sentir como o outro, compreender o outro e compartilhar o universo, substituir a competição pela cooperação. Isso, como meio para alcançar objetivo que deve ser geral: abandonar o impossível desafio de crescer infinitamente num espaço finito, e substitui-lo pelo processo de construir a coexistência pacífica e a prevalência de uma cultura de paz, cooperação, simplicidade e saciedade.
Para todos, não só para alguns.
Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados