São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) recebeu mais três denúncias contra o professor Carlos Veiga Filho, suspeito de estuprar alunos de um colégio particular de Serra Negra, no interior paulista.
Em entrevista à EPTV, o promotor Gustavo Pozzebon afirmou que as denúncias são semelhantes às anteriores.
“Ele manipulava os alunos, ganhava a confiança deles, fazia com que eles sentissem que ele era um verdadeiro pai. Ganhava a confiança e fazia com que fossem no apartamento dele, e lá praticava os rituais de purificação de chacras, que dizia que faria. Pedia que eles ficassem nus e apalpava os garotos”, afirma o promotor.
Veiga Filho está preso desde 11 de junho, quando policiais que atendiam a uma briga em condomínio em Hortolândia descobriram que ele tinha um mandado de prisão em aberto por suspeita de estupro de vulnerável. Segundo os relatos, o professor teria mantido relações sexuais dentro do seu apartamento e nas dependências de um colégio com três adolescentes menores de 14 anos.
O advogado do suspeito, Jhonatan Wilke, afirmou, à época, que o cliente negava os abusos. “Nunca cometeu nenhum crime durante sua carreira de mais de 30 anos como professor. Apenas prestou assistência aos estudantes que estavam enfrentando um momento difícil na família. Dessa forma, se declara inocente de todas as acusações”, disse Wilke à Folha de S. Paulo.
Ainda de acordo com o advogado, Veiga Filho teria realizado a limpeza dos chacras dos adolescentes, sem conotação sexual. “Sendo assim, houve uma aproximação da mão dele nas costas e peitoral (sem toque) das vítimas”.
Nesse domingo (4/8), o programa Fantástico, da TV Globo, revelou que recebeu denúncias de outros 22 ex-alunos do professor, que afirmam ter sido vítimas dele nos anos 1990, época em que ele lecionava no Colégio Rio Branco, escola de elite de São Paulo. Ele deixou a instituição de ensino em 2003.
Em nota enviada ao Metrópoles, o Colégio Rio Branco, mantido pela Fundação de Rotarianos de São Paulo, afirmou ter tomado conhecimento pela imprensa, em julho de 2024, sobre o processo envolvendo o ex-professor, referente ao período em que atuava em um colégio de Serra Negra. “Recebemos com consternação e indignação o teor dos relatos de ex-alunos trazidos pelas reportagens, uma vez que repudiamos, veementemente, esse tipo de atitude”, diz o texto.
A Fundação afirma que “há anos” tem um canal seguro de Ouvidoria para receber denúncias, sugestões e reclamações, sem que, ao longo desse período, tenha havido qualquer menção aos relatos citados. “Além disso, passados mais de 20 anos, lamentavelmente, não localizamos registros de denúncias ou apurações que possam ter sido feitas à época, nem de medidas que possam ter sido tomadas pela direção anterior”, relata a instituição.
O Colégio Rio Branco afirma que, diante dos relatos, criou, sem seu site, um canal exclusivo e anônimo para eventuais denúncias, disponível (clique aqui).
“Compartilhamos do sentimento coletivo de repulsa por toda e qualquer conduta desta natureza e reafirmamos o nosso compromisso com a formação, o desenvolvimento e a integridade de toda a nossa comunidade”, completa.
Carlos Veiga Filho foi desligado do colégio em 2003 em uma reestruturação interna em que 196 profissionais de diferentes áreas foram dispensados.
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa de Veiga Filho. O espaço segue aberto para manifestação.
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