Números recentes dos principais conglomerados de moda de luxo evidenciam uma queda geral do mercado. Os grupos franceses LVMH e Kering, os maiores da indústria, divulgaram dados alarmantes. Em um momento de controle de gastos entre os consumidores com bolsas e roupas de grifes, os valores das empresas do setor em todo o mundo foram afetados. Outro fato é o declínio nas vendas, principalmente para o público chinês.
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Dono de grifes como Louis Vuitton e Dior, o LVMH enfrenta queda de ações, vendas e lucros
Nos anos pós-pandemia, com o fim do isolamento social, o mercado de luxo teve uma alta surpreendente, até 2023. No entanto, o cenário atual é de diminuição da demanda por moda, relógios, artigos de couro, perfumes e cosméticos, assim como vinhos e destilados.
As ações do LVMH, grupo francês dono de grifes como Louis Vuitton, Fendi e Dior, caíram quase 5%, no total. Nos principais mercados asiáticos, menos no Japão, caíram 14% no último trimestre, até junho. Ao todo, os lucros da holding com operações recorrentes desceram 8%, para 10,7 bilhões de euros, no primeiro semestre deste ano.
Bernard Arnault, presidente e diretor executivo do LVMH, justificou, em comunicado: “Os resultados do primeiro semestre do ano refletem a notável resiliência do LVMH, apoiada pela força de suas maisons e pela capacidade de resposta de suas equipes em um clima de incerteza econômica e geopolítica.” A companhia sofreu com o “impacto negativo substancial das flutuações das taxas de câmbio”, constatou o executivo.
Segundo relatório referente ao primeiro semestre deste ano, as ações do Kering desceram mais de 4%, já que as receitas do grupo diminuíram 11% no primeiro semestre, para 9 bilhões de euros, dominadas por uma queda de 18% na Gucci. O lucro operacional subjacente do grupo despencou 42%, para 1,6 bilhão de euros, com Gucci, Bottega Veneta e Saint Laurent em declínio significativo.
A empresa de luxo alertou que os lucros podem cair 30% no segundo semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado, em meio a “incertezas que pesam sobre a evolução da demanda dos consumidores de luxo nos próximos meses”.
François-Henri Pinault, presidente e diretor executivo do Kering, disse estar otimista, apesar da realidade preocupante. “Em um ambiente de mercado desafiador, que aumenta a pressão sobre nossa receita e lucro, estamos trabalhando assiduamente para criar as condições para um retorno ao crescimento”, destacou. “Embora o contexto atual possa ter impacto no ritmo da nossa execução, a nossa determinação e a confiança está mais forte do que nunca”, completou, em nota.
O Kering, que controla grifes como Gucci, Bottega Veneta, Saint Laurent e Balenciaga, também constatou que os lucros despencaram
A receita da Gucci diminuiu 18% no primeiro trimestre deste ano comparando com o mesmo período de 2023
O mercado de luxo está em um momento alarmante e pessimista
Outras labels relevantes do mercado de moda, como Hermès e Burberry, assim como os grupos Tapestry e Richemont, também enfrentam quedas nas bolsas de valores, além da baixa contínua nas vendas de artigos de luxo. Vale destacar que as taxas de juros mais altas globalmente têm aumentado o custo de vida para compradores das classes médias.
Na semana passada, a Chanel captou 700 milhões de euros por meio de um financiamento privado. De acordo com a Bloomberg, a oferta, organizada pelo Goldman Sachs Group e Société Générale, tem vencimento em até 12 anos e permite que a empresa acesse diretamente investidores institucionais, com o objetivo de evitar a volatilidade dos mercados públicos de crédito.
Contudo, a maison é uma das poucas com métricas comerciais recentes positivas. Em maio deste ano, a grife divulgou que, em 2023, as receitas totalizaram US$ 19,7 milhões, o que representa um aumento de 16%. Além disso, o lucro operacional aumentou 10,9%, para US$ 6,4 bilhões. A etiqueta planeja aumentar as despesas de capital em pelo menos 50% ainda em 2024.
Na contramão, a Chanel alcançou recordes de vendas e de receita recentemente
As grifes Miu Miu e Prada também resistem à negatividade geral
Uma empresa resistente ao cenário pessimista é o Grupo Prada, que se mantém firme e forte. De acordo com relatório revelado nesta terça-feira (30/7), as receitas líquidas do primeiro semestre aumentaram 17%, para 2,55 bilhões de euros.
Integrante da companhia, a Miu Miu teve um aumento de 93% nas vendas do varejo por ano, o que acelerou um crescimento de 89% no primeiro trimestre. As vendas subiram 6% para a marca principal, Prada.
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