Maior comedor de paçoca ganhará R$ 1 mil em concurso alucinado em SP

São Paulo — O mundo terá os olhos voltados para a Olimpíada de Paris no próximo fim de semana, mas a população de uma pequena cidade do interior paulista estará vidrada em outra competição. A 380 km de São Paulo, Borborema sedia um concurso que vai apontar no dia 28 quem é o maior comedor de paçoca. O campeão leva R$ 1.000 e um prêmio surpresa para casa.

A disputa vai para sua quinta edição, tem um homem a ser batido e é o ponto alto da Feira do Amendoim, que celebra a leguminosa de todas as maneiras possível, seja em pizza, cuscuz, mousse, brigadeiro ou até cerveja, e reúne até 8.000 pessoas em cada uma das três noites. A cidade de Borborema é a segunda maior exportadora de amendoim do Brasil, atrás apenas de Tupã, também no interior paulista.

O que faz o borboremense delirar, entretanto, é o concurso de quem manda mais paçoca para dentro, que teve início em 2018 e foi interrompido, juntamente com a feira, durante a pandemia de Covid.

Competidores surgem de todos os cantos para disputar o título e são divididos em grupos nas eliminatórias. Neste ano, haverá um limite de 30 inscritos — apenas maiores de 18 anos podem participar e assumem as consequências da própria voracidade por conta e risco. Só cinco avançam para a grande final, disputada no mesmo dia.

As regras são claras. Na eliminatória, cada concorrente tem 10 paçocas diante de si — e uma garrafa de água de 510 ml para dar uma forcinha. Ganha quem comer todas primeiro ou o maior número em cinco minutos. A conquista só vale se o comilão levantar as mãos sobre a cabeça após a última unidade, abrir a boca e ficar comprovado que não escondeu nada. Tem que engolir tudo. A regra se repete na finalíssima.

Os participantes se esforçam para seguir o regulamento. No ano passado, o já lendário Dantiel de Lima Gil, 25 anos, teve a mais árdua de suas batalhas. Ganhador das três edições anteriores, ele foi tetra em uma disputa decidida somente no “VAR”, com a checagem criteriosa de quem ainda tinha paçoca na boca. Ele defende a invencibilidade neste ano e garante que não vai deixar escapar o penta.

Além dos R$ 1.000 (e da surpresa) para o vencedor, o concurso de maior comedor de paçoca premiará também do segundo ao quinto colocado.

Meio-quilo e pronto

O turismólogo Hélio Domingues Júnior, 58 anos, é um entusiasta da Feira do Amendoim e um dos organizadores do concurso de maior comedor de paçoca de Borborema. Ele conta que a proposta de criar a competição surgiu em 2018 e não foi fácil definir as regras que norteariam a disputa.

“Os tamanhos das paçocas foram variando para a gente achar algo próximo dos cinco minutos de tempo máximo. No ano passado, achamos que ficou fora do tamanho”, disse.

De fato, a primeira competição contava com paçocas de rolha, que desmancham mais facilmente na boca. Na ocasião, Dantiel levou o título ao vencer a finalíssima com 19 unidades devoradas em 1min05 — já tinha conseguido engolir 10 em incríveis 44 segundos na eliminatória.

No ano passado, as paçocas foram mais parrudas e compactas. O ganhador estima ter engolido mais de 1 kg entre eliminatória e final. Na decisão, por exemplo, levou 3min18 para consumir as 10 paçocas (estimadas por ele em 500 g no total).

“É mais o entretenimento. A gente não força a comer muita paçoca”, diz Hélio.

Tanto que, no dia 28, a previsão é a de que o vencedor consuma algo em torno de meio-quilo no total, entre eliminatória e final, com o ajuste no tamanho dos doces. Vai valer a agilidade.

Mas existe um porte físico ideal para se empaçocar rapidamente e levar o título? Hélio diz que não, citando a variedade de perfis. “O Dantiel não é um cara muito exagerado, é de um porte razoável, mas não muito pesado. Tem que chegue com porte maior e a gente fala ‘ah, o Dantiel achou o dele hoje, hein’. Mas não ganha dele”, afirma Hélio.

O fato é que Borborema está criando tradição em um tipo de concurso que faz a alegria de muita gente interior afora. Em Bastos, também no interior de São Paulo, por exemplo, há competição para saber quem come mais ovos em determinado tempo. “É um negócio que é mais para divertir”, diz o turismólogo.