A analista técnica de políticas sociais Caroline Dias dos Reis foi nomeada nesta sexta-feira (22/12) secretária-executiva adjunta do Ministério dos Direitos Humanos. A nomeação marca a volta da servidora de carreira a uma posição estratégica na pasta, após ter sido exonerada por Damares Alves em 2019 da função de coordenadora do Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Caroline havia sido escolhida pelos integrantes do conselho, conforme estabelece a legislação brasileira e o Protocolo de Paris. Ainda assim, foi exonerada um dia após o conselho recomendar que o Senado rejeitasse a reforma da Previdência.
A exoneração não teve o conhecimento nem o consentimento do colegiado, como, segundo o Ministério dos Direitos Humanos, determinam as normas legais nacionais e internacionais.
Na época, a saída de Caroline gerou repercussão. Os conselheiros se manifestaram contrariamente à exoneração, defendendo a independência e autonomia do colegiado. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e entidades da sociedade civil consideraram que a atitude do ministério de Damares foi uma intervenção na independência do conselho.
Como resposta na época, Damares decidiu medir forças e passou a reprimir mais ainda a servidora.
“Fiquei assustada com o isolamento e as perseguições. Ouvia que a própria ministra não gostava de mim, pediu para pessoas apagarem fotos que eventualmente tivessem comigo. Decidi sair do ministério e até de Brasília, porque fiquei realmente assustada com a situação”, contou Caroline, que se mudou para o Rio de Janeiro, onde ficou trabalhando até 2022 no Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, com entrevistas de refugiados e políticas públicas voltadas para esse público.
Caroline voltou a Brasília para trabalhar no governo de transição e, na atual gestão do Ministério dos Direitos Humanos, assumiu a Coordenação Geral de Processos e Gestão Estratégica, cargo que ocupou até esta semana, quando foi para a Secretaria-executiva Adjunta. O cargo, na prática, é o terceiro mais importante do ministério, após o do ministro e do secretário-executivo.