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G20: posição de Milei pode significar quebra de alinhamento histórico

A quebra de alinhamento entre Brasil e Argentina pode estar prestes a atingir um momento histórico, após Javier Milei ser o único a recusar assinatura em dois documentos prévios do G20, que será presidido no Rio Janeiro na próxima semana. Os textos abordam igualdade de gênero e desenvolvimento sustentável.

Apesar de ser comum que algum país-membro do G20 não queira assinar uma declaração final no contexto do grupo, a atitude do presidente da Argentina demonstra que não há um afinamento e uma visão única sobre os temas que são debatidos dentro do bloco, o que pode ser ainda pior no ponto de vista Argentina e Brasil.

“O fato de a Argentina não aceitar assinar uma declaração final do G20 no Brasil, de certa maneira, é uma ofensa diplomática ao Brasil e pode trazer rusgas relacionadas aos dois países […] Isso mostra, no meu ponto de vista, uma quebra de um alinhamento histórico”, explica o doutor em relações internacionais Igor Lucena.

De acordo com o especialista, o posicionamento de Javier Milei ainda mostra um alinhamento com as visões americanas e um distanciamento das brasileiras. “Pode diminuir soft power [poder e prestígio sem o uso da força] brasileiro, e até mesmo fazer com que a visão do G20 liderado pelo Brasil seja prejudicada, tornando o Brasil, infelizmente, em um patamar menor do que ele poderia ser”, analisa.

Lucena também comenta a oposição de Milei em relação à taxação de super-ricos, uma das principais agenda do Brasil no G20. “Mesmo que Joe Biden queira avançar com a taxação de super-ricos, o governo dele está acabando”, afirma. “Acredito que Milei apenas proporciona ideias mais à direita que vão entrar no mainstream com os Estados Unidos a partir do ano que vem.”

O especialista também alerta que o governo brasileiro “entrou radicalmente na campanha de massa contra Milei”. “Os efeitos do que o governo Milei está fazendo ‘contra’ o G20 do Brasil são, claro, uma afronta, mas também uma resposta diplomática pelo fato de o Brasil ter interferido radicalmente na campanha argentina.”

COP29

A delegação argentina deixou as sessões da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, no Azerbaijão, após ordens do presidente Javier Milei, na última quarta-feira (13/11).

Conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas, Milei defende que as ações de mitigação promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) fazem parte de uma agenda que interfere na soberania dos países. Essa posição levou o líder argentino a orientar a retirada dos técnicos argentinos que participavam da conferência.

A retirada surpreendeu outras delegações, especialmente de países europeus que costumavam alinhar posições com a Argentina em edições anteriores da COP. Segundo fontes diplomáticas, a Argentina já havia sinalizado por escrito uma posição contrária ao consenso previsto em documentos da conferência, de forma similar ao ocorrido com o G20.

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