Falta de testes de Covid-19 persiste em postos de saúde de Campinas a 37 dias para o inverno

Especialista diz que período mais frio do ano pode aumentar a circulação do vírus, por isso, é necessário estar com os estoques abastecidos. Teste de Covid-19
Christian Rizzi/PMFI
Moradores de Campinas (SP) com sintomas gripais seguem enfrentando a falta de testes rápidos para o diagnóstico de Covid-19 nos Centros de Saúde. Passados 70 dias que o g1 mostrou o problema, a escassez do exame persiste nas unidades básicas da metrópole.
Entre segunda-feira (13) e terça-feira (14), o g1 confirmou com postos de saúde de diferentes regiões da cidade que a falta dos testes rápidos vem acontecendo, ao menos, desde março deste ano.
Segundo os profissionais de saúde ouvidos pela reportagem, não há previsão para reabastecimento e, enquanto isso, a orientação é que os pacientes comprem o teste nas farmácias ou procurem os hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para confirmar o diagnóstico.
Procurada pelo g1, a Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, não deu um prazo para normalização os estoques das unidades de saúde, porém, afirmou distribuiu no mês de abril 2 mil testes para as unidades básicas.
A Saúde disse ainda que vem pedindo remessas ao estado desde fevereiro e deve abrir um procedimento licitatório para a compra de 50 mil testes rápidos. Veja posicionamento na íntegra abaixo.
Importância do diagnóstico
Para a médica infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, a falta dos testes rápidos é “muito preocupante” tendo em vista a aproximação do período mais frio do ano que, segundo ela, tem maior circulação do vírus da Covid-19.
“A confirmação de Covid é importante não só em função do isolamento e das orientações a respeito do uso de máscara, mas também é através da confirmação que nós podemos prescrever medicações para evitar formas graves da doença nas pessoas que estão contempladas para a medicação antiviral indicada pelo Ministério da Saúde , explicou Stucchi.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
Ao g1, a Secretaria Municipal de Saúde informou que vem pedindo testes rápidos “regularmente” à Secretaria Estadual de Saúde desde 25 de fevereiro e que está em andamento um processo de compra de mais 50 mil testes rápidos para o município. “No momento, essa aquisição está na fase de homologação e formalização”.
Em relação ao estoque de testes nas unidades geridas pela Rede Mário Gatti, que inclui os Hospitais Mário Gatti e Ouro Verde e as UPAs, a Prefeitura informou que 25 mil testes rápidos foram comprados e já estão sendo utilizados nas unidades.
É preciso ressaltar que a avaliação clínica é o fator mais importante para garantir a assistência em saúde adequada”, diz a nota da Secretaria de Saúde.
O que diz o Estado?
O g1 procurou a Secretaria Estadual de Saúde pedindo um posicionamento sobre a falta de envio de testes para Campinas, mas não teve retorno, até a publicação desta reportagem.
Reflexo nos testes
Segundo o último Boletim de Monitoramento de Síndromes Respiratórias, o número de testes realizados em Campinas caiu 69% entre o início de março e o final de abril, enquanto o número de atendimentos de sintomáticos respiratórios oscilou menos, cerca de 14,7%. Veja números:
Testes realizados:
Semana Epidemiológica 10 (Entre 03/03 e 09/03): 1.785 testes realizados
Semana epidemiológica 18 (Entre 28/04 e 04/05): 540 testes realizados (-69%)
Atendimentos de casos respiratórios na rede de saúde:
Semana Epidemiológica 10 (Entre 03/03 e 09/03): 2.992 sintomáticos respiratórios
Semana epidemiológica 18 (Entre 28/04 e 04/05): 2.551 sintomáticos respiratórios (-14,7%)
*sob a supervisão de João Alvarenga
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