Basta. Os líderes evangélicos mais influentes do país, milionários donos de igrejas, não aguentam mais permanecer tanto tempo distantes do governo federal – e o que é pior: por decisão deles mesmos, não do governo que lhes trancou a porta de entrada.
Portanto, que Bolsonaro os compreenda e perdoe, mas esse período de abstinência forçada já deu para eles. É mais do que chegada a hora de se reaproximar do governo, não importa qual seja. E os governos do PT, no passado, nunca lhes fizeram mal.
Este, o do Lula 3, também não lhes faz mal. Nada lhes cobra, nenhum sacrifício, nenhuma concessão para além do razoável, a não ser a capacidade para o diálogo. E a Bíblia está repleta de citações favoráveis ao entendimento entre os contrários.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9). “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (João. 14.27). “Vinde a mim, todos os que estais cansados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28-30).
Os pastores estão cansados de tanta briga. E temem perder o controle que exercem sobre o seu rebanho. De resto, igrejas são como grandes empresas: se não forem bem administradas, poderão falir. Não vivem apenas do dízimo pago pelos fiéis.
Bolsonaro está inelegível. Bolsonaro, daqui a semanas, deverá ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por ter atentado contra a democracia e surrupiado joias presenteadas ao Estado brasileiro. O passo seguinte será a condenação. Não haverá anistia.
Em reservado, certamente, os pastores pedirão a Deus que o salve da condenação. Acontece, porém, que para isso, e aos olhos de Deus, Bolsonaro deveria confessar seus pecados e se arrepender deles. Salvo um milagre, Bolsonaro jamais confessará.
Até outro dia, seria impensável ouvir um pastor criticar Bolsonaro em público e com acidez. O primeiro a fazê-lo foi Silas Malafaia, o mais ligado a ele. Malafaia chamou-o de “covarde e omisso” e revelou que ele chorou por cinco minutos com medo de ser preso.
O mais recente pastor a criticar Bolsonaro foi o deputado Toni de Paula (PL-RJ), que representou a bancada evangélica em evento no Palácio do Planalto em que Lula sancionou a lei que cria o Dia da Música Gospel. Otoni retratou Bolsonaro como um fraco:
– A saída do presidente Bolsonaro do Brasil sem dar uma satisfação aos patriotas beira a covardia. Amanhã vou ter que ouvir de um petista que o presidente deles tem mais coragem que o meu. Porque quando foram prender Lula, disseram: ‘Foge, vá para onde você quiser’. Ele respondeu: ‘Eu fico’. E foi preso. Depois, quando lhe ofereceram usar tornozeleira eletrônica, ele recusou: ‘Só saio daqui com a minha honra’, e assim o fez.
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